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Probióticos: um universo em expansão

A família de produtos para a microbiota intestinal cresce com uma lista de prefixos e funções, que vão de modular a imunidade a preservar a saúde mental

Por Maurício Brum
Atualizado em 21 out 2021, 18h36 - Publicado em 21 out 2021, 18h36
o que é probiótico
Probióticos, simbióticos, posbióticos, psicobióticos... Entenda o que oferece cada categoria.  (Ilustração: Leonardo Yorka/ Fotos: Dercílio e Getty Images/SAÚDE é Vital)
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Cuidar da comunidade de micro-organismos que moram em nosso aparelho digestivo já não é mais como antigamente. Pudera: a ciência vem desvendando que aquilo que acontece por ali tem implicações no corpo inteiro — da pele ao coração, do sistema imune ao nervoso.

Só para ter ideia, 70% das nossas células de defesa se encontram no trato gastrointestinal, e até 90% da serotonina, neurotransmissor essencial ao nosso estado de bem-estar, é produzida nessas redondezas. Manter esse habitat em harmonia, portanto, faz diferença para o ecossistema do organismo todo. Então como cuidar dele?

Alimentando e cultivando os moradores bem-vindos, recrutando novos aliados e evitando que malfeitores apareçam e as coisas desandem por lá. Foi para isso que nasceram os probióticos, produtos à base de bactérias estudadas por suas vantagens ao corpo humano.

Quanto mais avança o conhecimento nesse campo, mais aparecem alimentos e suplementos destinados a zelar pela microbiota. Só que, aí, os probióticos já não estão sozinhos. O universo dos “bióticos” se expandiu tanto que conta agora com uma sucessão de prefixos: pre, sim, para, pos e psicobióticos (mais abaixo, destrinchamos cada uma dessas categorias).

Em comum, todos esses produtos buscam aprimorar ou preservar algum aspecto daquela comunidade de olho em benefícios para nós, os hospedeiros. “A microbiota é peça-chave em nosso estado de saúde. Ela se desenvolve desde antes de o bebê nascer e pode sofrer mudanças ao longo dos anos. Tipo de parto, amamentação, estilo de vida… Tudo isso a influencia”, explica a bióloga Katia Sivieri, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara.

Uma criança que vem ao mundo de parto normal tem um perfil de bactérias intestinais diferente de uma que nasce de cesárea. O mesmo acontece em função do aleitamento materno. E pesquisas indicam que, tanto no primeiro caso (parto normal) como no segundo (leite da mãe), o pequeno ficaria mais protegido de obesidade e doenças crônicas.

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Depois, crianças que brincam fora de casa e convivem com animais, por exemplo, também tendem a angariar um conjunto de micro-organismos mais diversificado, o que ajuda a modular o sistema imune e a torná-lo menos reativo — um pontapé para alergias. Por outro lado, sabe-se que o uso indiscriminado de antibióticos na infância pode destruir tanto as bactérias “do mal” quanto as “do bem”, bagunçando geral.

Em resumo, muita coisa afeta essa comunidade. “Mas não é preciso entrar em pânico. Se não dá para nascer de parto normal ou não se pode amamentar, temos cada vez mais alternativas para suprir as necessidades de uma microbiota equilibrada”, diz Katia. E aqui entram tanto o padrão alimentar quanto produtos criados para melhorar a vizinhança.

Do laboratório à indústria

Cientistas ainda buscam entender em detalhes como os micro-organismos do sistema digestivo interferem nas condições de saúde — existem indícios de uma relação com o excesso de peso, o diabetes, a depressão e o autismo, a título de exemplo —, e o que estaria ao nosso alcance para interferir ali, como desenvolver e tomar bebidas lácteas e suplementos probióticos.

“Sabemos que uma alimentação variada e balanceada influencia a microbiota, e isso se reflete em saúde. O papel dos probióticos seria auxiliar uma espécie de volta às origens, dando ao corpo micro-organismos considerados mais saudáveis”, resume a bioquímica Susana Saad, da Universidade de São Paulo (USP).

Em linhas gerais, os probióticos são as bactérias previamente estudadas e cultivadas que ingerimos vivas, em forma de comida (leite fermentado, iogurte…) ou suplementos (cápsula, comprimido, sachê…). Elas precisam chegar íntegras e ativas ao intestino para receber essa classificação. É por isso, aliás, que nem todo iogurte é probiótico. Boa parte das bactérias usadas na fermentação do leite morre normalmente no caminho.

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Assim, a gente tem que ficar atenta ao rótulo, que especifica a presença dos probióticos — os mais comuns são os lactobacilos e as bifidobactérias. Uma vez no trato intestinal, eles procuram seu espaço e disputam a área com outras espécies, incluindo as perigosas. Para fazer qualquer efeito, porém, precisam ser recrutados com regularidade.

Ainda mais porque nem sempre as pessoas mantêm um estilo de vida propício aos micro-organismos amigáveis. Márcia Schontag, diretora médica da Danone, empresa que pesquisa e tem em seu porfólio probióticos, explica que indivíduos que não consomem fibras, um substrato natural para a proliferação de bactérias bacanas, e já têm o intestino lento estão mais sujeitos aos reveses de bactérias patogênicas que produzem substâncias nocivas, algumas delas carcinogênicas.

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A ideia dos probióticos é fazer frente a esse tipo de ameaça, melhorando o perfil da microbiota, o trânsito intestinal… “Cada probiótico tem uma ação específica, e é importante que o consumidor pesquise quais benefícios cada um pode oferecer para que escolha a cepa que atenda às suas necessidades”, orienta Helena Sanae Kajikawa, gerente do Departamento de Ciências e Pesquisas da Yakult do Brasil.

“Como, em geral, os probióticos não colonizam o intestino, é importante administrá-los no dia a dia, conforme a recomendação do fabricante ou de um profissional da saúde”, completa.

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Capítulo aberto

O universo dos probióticos disponíveis no supermercado e na farmácia se diversifica para atender públicos e demandas. Dele fazem parte desde bebidas lácteas para regular o intestino e modular a imunidade até suplementos voltados a perfis específicos como gestantes e crianças.

Alguns desses produtos visam ajudar a obter bactérias benéficas desde a infância, caso da tradicional Enterogermina, que dispensa uma matriz láctea (o que pode gerar restrição entre intolerantes e alérgicos) ou o formato de cápsula.

“Cada frasco contém apenas esporos de Bacillus clausii e água, sem ingredientes adicionados, e, assim, também pode ser usado por pessoas com diabetes ou doença celíaca”, descreve Milana Dan, gerente de saúde digestiva da Sanofi, fabricante da fórmula.

No mundo dos “bióticos”, tem coisa que a natureza já até entrega pronta, caso de prebióticos, os “alimentos” das bactérias boas. Banana, cebola e cereais integrais possuem componentes com essa característica.

E se a gente casasse os pre e os probióticos num lugar só? Opa, isso já existe: são os simbióticos, desenvolvidos pela indústria para ter uma ação sinérgica nos suplementos.

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Um novo nome no pedaço é o dos paraprobióticos: aqui se utilizam apenas as partes mortas das bactérias, mas ainda assim capazes de entregar benefícios, com a vantagem de virem junto a alimentos que não exigem refrigeração, como macarrão.

Outro ramo é o dos posbióticos, baseados em substâncias específicas liberadas pelos micro-organismos desejados. A ideia é pular uma etapa e já entregar diretamente o composto que seria produzido pela bactéria no intestino.

Por falar em expansão, quem fez barulho recente no mercado brasileiro foram os primeiros psicobióticos, que, como o nome indica, são projetados para atuar na saúde mental. Não substituem remédios nem a terapia, mas chegam à praça com a meta de auxiliar a contornar estresse, ansiedade e companhia.

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A família dos “bióticos” deve seguir evoluindo e crescendo. Um caminho que envolverá muita pesquisa, até para separar o joio do trigo e entender potenciais e limitações, e tem no horizonte aplicações mais precisas. “Sabemos, por exemplo, que a bactéria Akkermansia é deficitária em pessoas com diabetes, então poderíamos pensar em formas de estimular esse micro-organismo nelas”, exemplifica Katia.

“Quando conseguirmos identificar esses nichos, quem são os micro-organismos responsáveis por cada coisa e desenvolvermos métodos para cultivá-los e estimulá-los, teremos terapias ainda mais eficientes”, prevê a professora.

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Quem são os probióticos?

São os alimentos e suplementos com micro-organismos benéficos que chegam vivinhos ao intestino, prontos para equilibrar a microbiota ou prestar favores específicos ali. Por ser a classe mais famosa e abrangente, também é a que tem a maior variedade de produtos. Aqui, convém ver quais são suas necessidades, já que é possível conciliar o probiótico com o sabor ou os ganhos nutricionais oferecidos pelas alternativas encontradas no mercado.

“Com o Activia, por exemplo, o consumidor pode se beneficiar também de nutrientes como o cálcio e proteínas de alto valor biológico”, diz Márcia Schontag, da Danone. A conveniência também é um atrativo na hora de escolher o que levar, uma vez que alimentos como iogurtes e leites fermentados são fáceis de incorporar no dia a dia.

Só não se esqueça: essas são culturas de bactérias que precisam chegar ao intestino na íntegra, então o modo correto de conservação e refrigeração é fundamental para que elas não percam sua função pelo caminho (confira no rótulo as instruções).

Entre os itens com apelo mais natural, também fornecem probióticos o kefir e o kombucha — preparos caseiros, porém, pedem cuidados com contaminação.

Para quem tem restrições com lácteos ou prefere uma via de ingestão fora da comida, existem suplementos em formato de frasco com líquido, sachês, cápsulas… E com mix de bactérias e aplicações específicas. Na dúvida entre tantas marcas, o ideal é contar com a orientação de um médico ou nutricionista.

Quem são os prebióticos?

Eles funcionam como o alimento das bactérias bem-vindas, fazendo com que se reproduzam e conquistem seu espaço. Na maioria das vezes, são fibras que não são quebradas pelo aparelho digestivo antes de chegarem aos micro-organismos do trato intestinal. São eles que se encarregam de se banquetear com esses compostos, produzindo, como recompensa, substâncias que resguardam nosso intestino e outras áreas do corpo.

Por estarem intimamente ligados à ação das bactérias parceiras, muitos dos benefícios dos prebióticos se confundem com os dos probióticos: em resumo, eles criam condições para o equilíbrio da microbiota, ajudam no trânsito intestinal e na absorção de nutrientes e afastam bactérias patogênicas.

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Os prebióticos mais fáceis de encontrar são os fruto-oligossacarídeos (FOS), presentes naturalmente em vegetais como cebola, banana, tomate e cereais integrais, e a inulina (não confunda com insulina!), encontrada na raiz da chicória, no alho, no aspargo e na alcachofra.

Outros integrantes da classe são as ligninas, presentes na linhaça, na amêndoa e na soja, e as pectinas, que ficam na casca das frutas. Quem ingere um bom volume de alimentos de origem vegetal no cotidiano costuma estar em dia com os prebióticos.

Mas dá para encontrar suplementos à base deles também, em especial com o FOS, geralmente em pó. Nesse campo, porém, o mais comum é que os prebióticos entrem na formulação de misturas que também levam probióticos, gerando, aí, o próximo ramo da família dos “bióticos”…

Quem são os simbióticos?

Como sugere o nome, promovem uma simbiose entre pro e prebióticos, na linha de um produto 2 em 1. Você até pode promover essa união por conta própria, agregando, na mesma refeição, um iogurte probiótico com um mix de cereais e sementes com ingredientes prebióticos.

Mas já tem na prateleira do mercado ou da drogaria laticínios e comprimidos que mesclam bifidobactérias com fibras especiais, por exemplo. E com um detalhe: a simbiose não será necessariamente entre os dois componentes que estão sendo mandados goela abaixo naquele momento.

“Dependendo do caso, o prebiótico pode estimular o probiótico que vem no mesmo produto, mas ele também pode estimular bactérias que já estavam no organismo da pessoa”, explica Susana Saad, professora da USP.

Em outras palavras, nem sempre a combinação escolhida para um simbiótico está turbinando a ação da bactéria que vem no combo. Às vezes, é a microbiota nativa que vai se aproveitar do prebiótico da fórmula. Independentemente dos dois cenários, especialistas veem vantagens na classe.

“De qualquer forma, é um produto desenhado para agir seletivamente, estimulando bactérias que fazem bem, e não as patogênicas”, pontua Susana. Com o aumento na oferta de marcas e rótulos no mercado físico e digital, a recomendação é sempre procurar conversar com um especialista para saber o que seria o mais indicado caso a caso.

Quem são os paraprobióticos?

Pense em um probiótico “zumbi”: aqui, em vez de falarmos de um micro-organismo vivo capaz de trazer os conhecidos benefícios para o corpo, o centro das atenções é justamente uma parte dele que foge a essa clássica definição. Ou seja, os ingredientes são frações mortas das bactérias, também chamadas de “não viáveis”.

Apesar da denominação, elas seriam capazes de despertar um efeito na microbiota e na nossa saúde — estudos recentes se debruçam sobre propriedades anti-inflamatórias e de estímulo à absorção de nutrientes.

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Um dos trunfos dos paraprobióticos é a estabilidade para conservação, abrindo um leque de possibilidades para alimentos que não precisariam mais depender de refrigeração (o que quase sempre acontece com os probióticos).

Eles podem ser até uma alternativa a pessoas com restrições para a ingestão de culturas vivas, como imunossuprimidos. Como nesse caso não é preciso tomar os mesmos cuidados para manter a bactéria intacta até que ela chegue ao intestino, os paraprobióticos têm tudo para ser incorporados a produtos com longa vida de prateleira e sem dependência de geladeira.

A Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) está desenvolvendo um tipo de macarrão grano duro que inclui paraprobióticos em sua composição, uma novidade promissora e que depende agora de parcerias com a indústria para ser levada ao mercado.

Quem são os posbióticos?

A exemplo dos paraprobióticos, os posbióticos também exigem menos cuidados para conservação e transporte e conseguem ter aplicações mais ecléticas do que aquelas que utilizam culturas vivas de bactérias. Sua origem, porém, é distinta. Neles, em vez das frações celulares dos próprios probióticos, quem faz o serviço em nosso corpo são as substâncias resultantes do metabolismo dessas bactérias.

Naturalmente, as moléculas posbióticas surgem após micro-organismos aliados consumirem sua dose de fibras. Mas a indústria encontrou um jeito de simular isso e entregar, por meio de suplementos, esses compostos ativos que só viriam ao final do processo.

Um desses produtos manufaturados por bactérias e aproveitados pelo nosso organismo é o butirato, um ácido graxo de cadeia curta com efeitos antimicrobianos e anti-inflamatórios. Uma das aplicações investigadas nos últimos anos é seu potencial de aliviar, como coadjuvante, condições como a doença de Crohn, uma inflamação crônica no trato gastrointestinal e marcada por alterações no ritmo de idas ao banheiro, dores abdominais, entre outros perrengues.

Já há suplementos no mercado baseados nesse princípio, caso do Corebiome, da Infinity Pharma, que se vale de cápsulas de butirato. Embora a maioria das linhas de pesquisa com posbióticos seja incipiente, especialistas avaliam a possibilidade de sintetizar moléculas originalmente feitas por bactérias para ajudar a tratar situações como colesterol alto no futuro.

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Quem são os psicobióticos?

Não é de hoje que experimentos mostram perfis distintos de bactérias presentes no intestino de pessoas com ou sem ansiedade e depressão. Há anos também se apura a conexão direta entre o cérebro e o aparelho digestivo. O que acontece dentro da barriga respinga lá na cabeça, e o inverso pode ocorrer também. Daí a promessa dos psicobióticos, que são probióticos mobilizados para ter uma atuação sobre o sistema nervoso.

Entre as possíveis aplicações, a mais próxima da realidade é a utilização contra a ansiedade. A Anvisa aprovou e já está à venda no Brasil o primeiro psicobiótico de uso diário com essa finalidade, o Probians, da farmacêutica Apsen. Ele dispõe de duas bactérias, o Lactobacillus helveticus R0052 e a Bifidobacterium longum R0175.

Há vários estudos pelo mundo testando tipos e efeitos de psicobióticos, todos com a ideia de modular o chamado eixo microbiota-intestino-cérebro para aliviar ou controlar sintomas de quadros neuropsiquiátricos. “No Brasil, ainda precisamos de mais estudos no nível acadêmico e dentro da indústria para comprovar os benefícios desses produtos”, avalia Katia.

Entre os desafios nessa seara, estão garantir a dosagem adequada dos psicobióticos para alcançar a ação esperada e elucidar quais bactérias conversam melhor entre si quando empregadas em conjunto. Os novos probióticos não pretendem tomar o lugar de medicamentos como antidepressivos, mas, diante da avalanche de transtornos mentais por aí, ninguém vai desprezar o apoio dessas bactérias.

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