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Covid-19: onde estamos e para onde vamos?

Se por um lado estamos mais protegidos, por outro algumas questões seguem em aberto. Mapeamos o que está rolando e o que esperar no terceiro ano da pandemia

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 17 fev 2023, 09h41 - Publicado em 16 fev 2023, 16h11

Dos primeiros casos de uma pneumonia misteriosa na China à descoberta de dezenas de variantes pelo mundo, sintomas que não vão embora e formas inéditas de produzir vacinas, a ciência avançou muito na compreensão e no combate ao coronavírus.

Mas, se por um lado hoje estamos bem mais protegidos contra ele, por outro algumas questões seguem em aberto. Com a ajuda de especialistas, mapeamos oito considerações importantes sobre o que está rolando e o que esperar no terceiro ano da pandemia.

1. A era da Ômicron

Pode até parecer que não, mas 2022 foi o ano em que o vírus da Covid mais infectou gente no planeta. A responsável por isso foi a ômicron, variante do coronavírus original que deu origem a subvariantes — agentes que mudam um pouco, mas não o suficiente para serem considerados outra linhagem.

A ômicron é tida como mais transmissível e costuma provocar quadros leves, o que também tem a ver com a aplicação em massa das vacinas. Tanto que as ondas geradas por ela ao redor do mundo fizeram explodir o número de casos, mas não as hospitalizações e óbitos.

O Brasil, depois de passar por surtos das subvariantes BA.1, BA.2, BA.4 e BA.5, ainda viu chegarem a BQ.1 e a XBB.1.5. A diversidade chama a atenção, mas não é um fenômeno exclusivo da ômicron. “Tivemos centenas de vírus derivados das outras variantes, como a gama e a delta. Acontece que, com o vírus circulando bastante, cria-se uma condição perfeita para que mais mutantes surjam e se estabeleçam na população”, explica o virologista Fernando Spilki, da Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul.

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+ Leia também: XBB.1.5: chegada de nova variante do coronavírus exige medidas preventivas

Não é à toa que, mesmo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) rebaixe o nível da ameaça sanitária, será importante manter a vigilância genômica para entender o comportamento e as possíveis novas facetas do vírus Sars-CoV-2.

2. O risco de reinfecção

Com o tempo, ficou evidente que é possível pegar Covid mais de uma vez. A chamada reinfecção é comum com outros vírus, como o da gripe. “A cada variante ou subvariante, o vírus consegue enganar melhor o sistema imune, mas não está claro se as infecções subsequentes são mais perigosas. Em geral, o que vemos são quadros mais leves”, explica o pneumologista Andre Nathan, professor colaborador da Universidade de São Paulo (USP).

De novo, o que segura a gravidade da reinfecção é a vacina. Não se espera que ela impeça 100% das infecções, mas que prepare o corpo para saber como lidar no encontro com o vírus.

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3. O sobe e desce da pandemia

A superonda da doença que assolou a China e preocupou o mundo recentemente tem explicação. O país suspendeu abruptamente suas rígidas políticas restritivas.

Do nada, uma população gigantesca e suscetível ao vírus — por ter sido pouco exposta a ele — se viu diante de uma variante mais transmissível. Ou seja, não é nada tão diferente do que já vimos e não diz muito sobre o desenrolar da pandemia.

A tendência é que essas subvariantes continuem surgindo e gerando surtos de menor gravidade, mas que precisam ser acompanhados de perto, porque tudo pode mudar rápido.

4. Vacinas atualizadas

Com as variantes do Sars-CoV-2, houve uma queda gradual na eficácia dos imunizantes. Eles seguem protegendo de casos graves e mortes, mas vacinados ainda podem contrair a Covid.

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+ Leia também: Contra a variante Ômicron, vem aí uma vacina atualizada da Covid-19

São quadros leves, o que é ótimo. Por outro lado, o vírus segue circulando. Nesse contexto, a vacina de RNA mensageiro da Pfizer foi atualizada e agora é bivalente: carrega as informações genéticas do vírus original e da ômicron.

Ela começou a ser distribuída em fevereiro e se mostrou eficaz em estudos. Mas cientistas ainda buscam formas mais efetivas de imunizar as pessoas, como a vacina nasal, que parece promissora.

5. O plano nacional

Sob nova gestão, o Ministério da Saúde anunciou que a vacinação é prioridade. Os imunizantes contra Covid foram incorporados ao calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI), mas ainda não se sabe se serão aplicados na mesma lógica da vacina da gripe.

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A primeira campanha com doses adaptadas começou em fevereiro e contemplará idosos, imunocomprometidos e outros grupos prioritários. Adultos e crianças deverão atualizar suas carteirinhas com as monovalentes por enquanto. O esquema completo inclui três doses, e a nova picada será considerada um reforço para todos.

6. Mistérios da Covid Longa

Também chamado de pós-Covid, o quadro inclui incômodos bem variados, que podem permanecer por meses depois da infecção. De acordo com pesquisas recentes, cerca de 10% dos infectados relatam queixas como fadiga, tosse, queda de cabelo, olfato prejudicado e o chamado “nevoeiro mental”.

“A maioria dos sintomas, contudo, é autolimitada”, afirma Nathan. O quadro, ainda não bem compreendido pelos experts, pode surgir mesmo em quem teve infecções brandas. Entre os fatores de risco, destaque para ser do sexo feminino, ter uma condição socioeconômica ruim, fumar e estar muito acima do peso.

7. A doença em crianças

As vacinas demoraram para chegar a elas, e a desinformação afetou a adesão das famílias. Uma pena, porque os pequenos também correm perigo com o coronavírus, e não são poucos. A Covid-19 já matou mais crianças do que a soma de todas as doenças evitáveis com vacina entre 2006 e 2020.

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+ Leia tambémVacinação infantil contra a Covid-19: a epidemia da desinformação

“Com os adultos vacinados, houve um desvio natural da doença para os públicos ainda suscetíveis. Hoje a incidência de hospitalizações e mortes entre as crianças só é menor do que a dos idosos”, aponta o infectologista pediátrico Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

8. O que há para o tratamento

Os dois antivirais específicos para o Sars-CoV-2 — paxlovid, da Pfizer, e molnupiravir, da MSD — seguem funcionando contra as variantes. O primeiro é usado em alguns locais da rede pública e está disponível nas farmácias a um preço alto: mais de 2 mil reais pelo tratamento.

O segundo recebeu o aval para venda, mas ainda não chegou de fato ao mercado e, lá fora, estudos começam a apontar para uma perda de eficácia frente às novas mutantes.

Já os anticorpos monoclonais, que se conectam em pontos muito específicos do vírus, vão ficando mais ineficazes cada vez que ele sofre novas mutações. Os remédios estão indicados para pessoas em alto risco de ter quadros graves.

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