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Como surge uma variante do coronavírus?

Entenda como uma nova versão do Sars-CoV-2 aparece e se espalha e o que a existência dessas mutações representa para as vacinas e o controle da pandemia

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 21 jul 2021, 11h47 - Publicado em 16 jul 2021, 14h13

As notícias sobre a chegada da mutante Delta são apenas as mais recentes de uma saga que começou no final de 2020, a das variantes do coronavírus. Entenda a seguir como elas surgem e por que devem ser acompanhadas de perto.

A origem da mutação

É da natureza dos vírus sofrer erros durante seu processo de replicação. Quando ele acumula mudanças, passa a ser chamado de variante, no caso do Sars-Cov-2. Os nomes linhagem ou cepa também estão sendo utilizados, e já eram mais conhecidos por conta de outros vírus.

passo a passo ilustrado de como surge uma variante do coronavírus a partir de sua replicação

Caçada ao mutante

1. As primeiras pistas

A variante pode ser descoberta a partir de cinco possibilidades:

quadro de texto com cinco situações onde uma variante do coronavírus é flagrada
(Ilustração: André Moscatelli/SAÚDE é Vital)

2. O sequenciamento genético

As amostras de testes positivos RT-PCR são compostas do RNA do vírus que infectou aquele indivíduo. Com a técnica, esse RNA é amplificado (isto é, copiado milhões de vezes para facilitar sua visualização), e as amostras são encaminhadas para laboratórios munidos de máquinas sequenciadoras.

ilustração de tubos de ensaio contendo amostras do vírus e do seu material genético amplificado
(Ilustração: André Moscatelli/SAÚDE é Vital)

3. Quebrando o código

Essas máquinas têm sensores que enxergam as moléculas que compõem o RNA, ordenando-as e escrevendo seu código em letrinhas: A, C, G, U.

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ilustração de uma máquina que faz sequenciamento genético
(Ilustração: André Moscatelli/SAÚDE é Vital)

4. Análise digital 

Supercomputadores analisam as cerca de 30 mil letrinhas que formam o RNA do Sars-Cov-2 e avisam se há mutações, baseados em bancos de dados.

ilustração de tela de computador
(Ilustração: André Moscatelli/SAÚDE é Vital)

5. Precedentes investigados 

Quando há alterações significativas, cientistas verificam se elas podem interferir no comportamento do vírus, por meio de estudos anteriores e simulações virtuais, e se o perfil é parecido com variantes já descritas. Milhares de sequências estão catalogadas, dividindo o Sars-CoV-2 em linhagens e subgrupos. É uma espécie de grande árvore genealógica, alimentada por pesquisadores do mundo todo.

representação de análise filogenética do coronavírus
(Ilustração: André Moscatelli/SAÚDE é Vital)

6. Aviso internacional

Se a mutante não se encaixa em nenhum grupo, os autores da descoberta avisam seus pares, alimentam os bancos de dados com informações sobre a nova variante e partem para mais testes.

ilustração de três exemplares do Sars-Cov-2 alinhados
(Ilustração: André Moscatelli/SAÚDE é Vital)

7. Escala de risco

Softwares remontam a estrutura viral a partir do genoma para descobrir se a alteração pode mudar seu formato. Os sintomas do indivíduo portador da amostra também são analisados, se possível.

ilustração de computador com um software que analisa o sars-cov-2
(Ilustração: André Moscatelli/SAÚDE é Vital)

8. Alvo na mira

Caso o vírus reúna características genéticas marcantes e dados de vida real que corroborem essa apreensão, é classificado como variante de preocupação.

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ilustração do coronavírus no centro de um alvo

As variantes de preocupação

Atualmente, são quatro rodando pelo mundo. Antes representadas por siglas difíceis de memorizar, elas agora têm um novo sistema de classificação. Desde maio, são batizadas com letras do alfabeto grego, designadas em ordem cronológica. Além destas, existem sete variantes de interesse, que são monitoradas de perto, mas cuja periculosidade ainda não foi comprovada por trabalhos científicos.

Variante Alfa

Quadro de informações sobre variante alfa do Sars-Cov-2

Variante Beta

Quadro de informações sobre variante beta do Sars-Cov-2

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Variante Delta

Quadro de informações sobre variante delta do Sars-Cov-2
(Ilustração: André Moscatelli/SAÚDE é Vital)

Variante Gama

Em sete semanas, a mutante saltou de 0 para 87% de predominância nas amostras brasileiras. Atualmente, cerca de 80% dos casos de Covid-19 no Brasil são causados por ela.

Quadro de informações sobre variante gama do Sars-Cov-2
(Ilustração: André Moscatelli/SAÚDE é Vital)

Dois jeitos de investigar

A vigilância genômica é o melhor caminho para encontrar cedo mutantes e conseguir intervir antes que elas façam estragos, como novas ondas.

Os surtos: Observar a vida real é um caminho para detectar variantes. Levantam a suspeita aumentos repentinos de casos ou mudanças súbitas no comportamento do vírus, mais agressivo ou com novos sintomas, até então desconhecidos.

Melhor agir antes: Mas o ideal é selecionar com frequência amostras aleatórias para identificar rápido mutações que podem ser preocupantes.

Gráfico representando nível de sequenciamento genético no Brasil e no Reino Unido
(Ilustração: André Moscatelli/SAÚDE é Vital)

Convergência evolutiva: um sinal positivo para o futuro

Apesar de as variantes aparecerem de maneira espontânea em locais distintos, elas têm mutações em comum e parecem promover vantagens semelhantes ao coronavírus. O fenômeno, chamado convergência evolutiva, significa que pode ser mais fácil atualizar vacinas, se isso se mostrar mesmo necessário.

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O que muda na minha vida com o surgimento de uma variante?

Primeiro, elas reforçam a necessidade de tomar as duas doses da vacina e de acelerar as campanhas de imunização. Até agora, as fórmulas disponíveis conseguem nos proteger das variantes, mas isso pode mudar. No mais, medidas de proteção e tratamento são as mesmas: evitar aglomerações, usar máscara, se isolar se estiver com sintomas e buscar atendimento médico. As variantes trazem outro alerta. Em meio ao descontrole da pandemia, outros mutantes podem surgir, estes sim com potencial para escapar de vez das vacinas. Nesse sentido, somos um celeiro de variantes.

Fontes: Fernando Spilki, virologista e coordenador da Rede Corona-ômica; Ester Sabino, imunologista do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo; Dasa

 

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