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Covid: o que é a vacina bivalente e como será o calendário de imunização

Entenda as particularidades das novas vacinas contra a Covid-19 e por que elas serão aplicadas antes a grupos prioritários

Por Fabiana Schiavon
2 fev 2023, 18h19
vacina bivalente covid
Calendário de vacinação brasileiro vai priorizar a proteção contra a Covid-19 no primeiro trimestre. (Foto: CDC/Unsplash/Divulgação)
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No dia 27 de fevereiro, o Ministério da Saúde, sob novo comando, dá início à primeira campanha de vacinação de 2023.

As vacinas para combater a Covid-19 foram entendidas como as mais urgentes e, por isso, o calendário vai começar por elas. A segunda fase do Plano Nacional de Imunizações (PNI), programada para abril, será dedicada às vacinas da gripe, da poliomielite e do sarampo.

Voltando à Covid-19, nosso assunto aqui, especialistas explicam que a forma de organizar datas e grupos tem muito a ver com a capacidade de compra e distribuição dos imunizantes.

O país começou o ano com estoques das vacinas bivalentes praticamente zerados e lotes vencidos das vacinas monovalentes nos armários, segundo informou o Ministério da Saúde. Por isso, os mais vulneráveis vêm na frente. De qualquer maneira, a expectativa é que toda a população seja atendida ainda no primeiro trimestre.

O que é a vacina bivalente e por que ela chegará antes a grupos prioritários?

As vacinas bivalentes protegem contra o vírus original, descoberto na cidade chinesa de Wuhan, e também contra a Ômicron e suas subvariantes.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou dois imunizantes desse tipo no ano passado. Os dois são produzidos pela farmacêutica Pfizer, sendo que um é feito a partir da subvariante da Ômicron BA.1, e outro conta com informações das BA.4 e BA.5.

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“Essas vacinas são consideradas atualizadas e mais eficazes. Elas reduzem a probabilidade de quadros graves e morte porque protegem contra a Ômicron e todas as filhas e netas dessa variante, que têm características genéticas diferentes em relação ao vírus original”, explica a pediatra Monica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim).

Monica explica que é importante manter o vírus original na fórmula, porque ainda podem surgir variantes mais parecidas com ele. Além disso, há muitos estudos e dados populacionais destacando a relevância das vacinas feitas a partir do primeiro coronavírus.

O que precisa ficar claro para a população, na visão de infectologistas, é que ter doses atualizadas não é motivo para desmerecer as primeiras injeções. Ainda precisamos das chamadas vacinas monovalentes, que carregam informações apenas do primeiro Sars-CoV-2.

Isso significa que, mesmo que as vacinas bivalentes não cheguem para todo mundo em um primeiro momento, quem recebeu as primeiras versões segue mais protegido. “As doses das injeções das monovalentes ainda podem reduzir a gravidade da doença e o risco de morte”, frisa Monica.

Entre os grupos prioritários para receber as vacinas bivalentes estão os imunossuprimidos (pessoas cujo sistema imune não funciona como deveria) e os indivíduos com mais de 60 anos, que passam por um processo de imunossenescência, quando a imunidade começa a cair.

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Nessas populações, as vacinas não geram uma resposta tão robusta. “Elas precisam de injeções mais potentes para conseguir escapar das internações e mortes”, reforça a presidente da Sbim. Não à toa, essa turma foi priorizada para tomar a quarta dose.

Por que há poucas bivalentes? Quando elas chegam ao público geral?

Infelizmente, não dá para adquirir milhões de doses de vacina do dia para a noite. “Não adianta só a vontade política para comprá-las. As empresas precisam ter capacidade de produção. Fora o processo de distribuição, que não é simples”, analisa o infectologista Evaldo Stanislau, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Uma campanha de vacinação com novos imunizantes ainda exige treinamento dos profissionais de saúde, impressão de pôsteres, produção de comunicados e de comprovantes de vacina, entre outros preparativos.

O Ministério da Saúde informou que já encomendou 49 milhões de doses das bivalentes, sendo que a estimativa é que mais de 53 milhões de pessoas façam parte dos grupos prioritários. Isso significa que as datas de aplicação foram escalonadas até para esse pessoal.

+ Leia também: O que esperar da vacina bivalente para Covid-19?

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De novo, os especialistas ressaltam que não é preciso ter pressa. “Parece já haver um fetiche de que é preciso conquistar uma injeção da bivalente”, nota o médico. Mas o mais importante é ter as doses em dia”, avisa Stanislau.

Lembra da seguinte frase: “a melhor vacina é aquela que chega aos braços da população”? Pois então, ela segue valendo.

Qual a eficácia da vacina bivalente? Ela protege contra quais subvariantes da Ômicron?

Ao avaliar grupos de diferentes idades (incluindo os imunocomprometidos) e diversos imunizantes, um estudo recente divulgado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos, concluiu que utilizar a vacina bivalente como reforço é mais eficiente que apostar nas primeiras vacinas. A análise foi feita frente às subvariantes mais recentes, como a XBB e XBB.1.5.

+ Leia também: XBB.1.5: chegada de nova variante do coronavírus exige medidas preventivas

Segundo dados do estudo, pessoas entre 50 e 65 anos que receberam o reforço bivalente tiveram o risco de ter sintomas de Covid reduzidos entre 40% e 43%. Nas mais velhas, esse risco caiu entre 37% e 43%. Parece pouco, mas o estudo avaliou somente o risco de infecção, não de quadros graves da doença.

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Lembrando que vacinados podem pegar Covid, mas estão mais protegidos de hospitalizações e mortes, o que é o objetivo principal dos imunizantes.

Qualquer pessoa, no futuro, poderá tomar a bivalente?

Sim. Basta os estoques subirem e esse indivíduo já ter recebido as primeiras vacinas aprovadas. “A indicação é tomar a bivalente apenas após ter sido vacinado com a monovalente, porque os estudos com resultados positivos avaliaram essa nova vacina como dose de reforço”, esclarece Monica.

Podem surgir novas informações que respaldem o uso da bivalente para quem nunca se vacinou e, agora, mudou de ideia. Mas essa ainda não é a realidade.

Já sabemos de quanto em quanto tempo serão aplicados novos reforços para a Covid?

Não, ninguém tem essa resposta ainda.

Monica, da Sbim, entende que não dá para manter para sempre um esquema de vacinação de quatro em quatro meses para todos. Seria impossível garantir um ritmo de produção e dar conta das filas nos postos. E também faltam evidências do benefício disso para a população em geral, em especial os jovens.

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“A ideia é que a gente chegue a um calendário anual para grupos prioritários, como ocorre com a vacina da gripe hoje”, avalia a infectologista.

Uma reportagem publicada na revista Nature descreve a opinião de cientistas do Food and Drug Administration (FDA), a agência reguladora de saúde americana, durante um seminário sobre o tema. Parte deles entende o mesmo que a presidente da Sbim, ou seja, que a campanha contra a Covid-19 deve se assemelhar à da gripe, que é anual e gratuita para grupos prioritários.

A questão é que o vírus influenza, causador da gripe, é mais fácil de lidar por já ter uma sazonalidade mais definida. Quando o inverno chega no Hemisfério Norte, são avaliadas as novas variantes em circulação, que surgem primeiro lá. Ao longo do nosso verão, as vacinas são atualizadas para serem distribuídas pouco antes da nova temporada da doença no país.

É verdade que a cepa H3N2 nos pegou de surpresa no ano passado, mas isso não é comum.

No caso da Covid, esse processo ainda está nebuloso. Afinal, surtos ocorrem em pleno verão, no outono, no inverno… Por isso, uma possibilidade é que campanhas periódicas aconteçam caso uma nova onda surja em algum canto do mundo.

A esperança mesmo é que apareça uma vacina capaz de proteger contra as variantes atuais e as que virão, com uma imunidade mais duradoura, mas isso ainda está fora de questão.

Quem deve ter prioridade em um breve futuro são as crianças. “Por aqui, elas foram as mais negligenciadas. Com as vacinas em mãos, só nos resta tentar sair do prejuízo. Com o tempo, esse público deve entrar em um programa periódico de vacinação. Está no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que a vacina é um direito deles”, defende Stanislau.

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O calendário de vacinação contra a Covid-19

ETAPA 1 – FEVEREIRO
Reforço com a vacina bivalente

Público-alvo:
• Pessoas com mais de 60 anos
• Gestantes e puérperas
• Pacientes imunocomprometidos
• Pessoas com deficiência
• Pessoas vivendo em instituições de longa permanência (ILP)
• Povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas
• Trabalhadores da saúde

ETAPA 2 – MARÇO
Intensificação da vacinação contra a Covid-19
Público alvo: Toda a população com mais de 12 anos.

ETAPA 3 – MARÇO
Intensificação da vacinação contra a Covid-19 entre crianças e adolescentes
Público alvo: crianças de 6 meses a 17 anos.

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