Idosos obesos precisam tomar cuidado ao buscarem uma melhor forma física. Segundo um novo estudo da Universidade Wake Forest, nos Estados Unidos, a perda de peso nessa fase da vida está associada a uma redução da densidade mineral óssea (DMO), condição por trás da osteoporose e que leva a fraturas.
Os cientistas observaram dados de saúde de 77 voluntários acima do peso e com idade média de 67 anos. Durante um ano e meio, eles passaram por um programa de emagrecimento. No fim desse período, foram medidas a massa corpórea e a integridade do esqueleto dos participantes. Essa avaliação foi realizada novamente 30 meses depois do início da pesquisa.
Os experts constataram, então, que a DMO do quadril de todos esses idosos diminuiu — o que seria compreensível devido à idade. Entretanto, os sujeitos que eliminaram mais quilos sofreram uma perda da consistência óssea da ordem de 3,9%. Já na turma que voltou a engordar um pouco, esse número foi ligeiramente menor: 2,6%.
Mas, antes de sair por aí dizendo que não vale a pena emagrecer na maturidade, convém entender melhor essa situação.
Por que a perda de peso influencia na densidade mineral óssea?
O educador físico Marcus Mattos, do Espaço Stella Torreão, no Rio de Janeiro, conta que, durante um projeto de emagrecimento, o ideal seria secar apenas a gordura corporal. Mas, principalmente sem orientação, dietas restritivas levam à perda de massa muscular.
E como isso afeta a ossatura? De acordo com o reumatologista Roberto Ezequiel Heymann, do Ambulatório de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a nossa musculatura, quando ativada, exerce uma força de tração nos ossos. Esse processo fortalece o esqueleto. Logo, se os músculos afinam, o estímulo à formação óssea se torna menos intenso.
“Os regimes muitas vezes também reduzem o aporte de nutrientes importantes para formação óssea, que são basicamente proteínas, vitamina D e cálcio”, complementa Heymann.
Some isso à perda de músculos e ossos que já tende a ocorrer de maneira mais acelerada na velhice — por causa de alterações hormonais — e você terá um cenário favorável à osteoporose a às fraturas.
“Além da dor e das limitações, as lesões graves que ocorrem no colo do fêmur estão associadas a um aumento de mortalidade de até 20% no primeiro ano”, alerta Heymann.
Como emagrecer sem impactar a densidade mineral óssea
O primeiro ponto é ajustar a alimentação para que a restrição de calorias não seja sinônimo de restrição de cálcio, proteínas e vitamina D. Um nutricionista pode ajudar bastante nesse sentido, eventualmente receitando a suplementação.
Fora isso, os exercícios físicos devem, impreterivelmente, entrar na rotina. Aqui, há alguns recados importantes, começando pela modalidade. A musculação, por exemplo, é uma boa pedida. “As contrações vigorosas que a musculatura exerce incitam a remodelação óssea”, justifica Mattos.
Para quem ainda não foi diagnosticado com osteoporose, esportes que geram um pouco de impacto são bem-vindos. Isso porque os choques frequentes com o chão também fazem com que os ossos se fortaleçam. “A caminhada é uma ótima opção para os mais velhos”, sugere Mattos. Se o esqueleto e o preparo físico estiverem firmes e fortes, daria até para apertar o passo e experimentar uma corrida, por exemplo. Converse com um profissional.
Na contramão, existem atividades físicas que não fortificam a ossatura. “Aquelas em que há pouca influência da gravidade, como as praticadas na água, não adicionam ganho de massa óssea”, informa Heymann. Claro que trazem outros tantos benefícios, mas é importante ter isso em mente.
Ainda no quesito dos exercícios, fique especialmente atento a modalidades que geram desequilíbrio, por causa do risco de queda. Elas não são proibidas, porém cobram um bom condicionamento e um acompanhamento próximo.
Por fim, lembre-se que tabagismo e consumo de álcool são fatores de risco para a osteoporose. O arcabouço do corpo agradece se você evitá-los.