O que é a “dieta da selva” de Henrique Fogaça e por que ela não é uma boa ideia
Fórmula restritiva para emagrecer voltou a ganhar as manchetes após chef contar que perdeu 17 kg com regime focado em proteína e gordura
O chef Henrique Fogaça contou recentemente que perdeu 17 kg aderindo a mudanças alimentares que vêm sendo apelidadas de “dieta da selva”. Sem dar muitos detalhes sobre os itens que incluiu ou eliminou da sua rotina, ele revelou em entrevista ao jornal O Globo que passou a priorizar a carne e eliminar quase por completo os carboidratos.
Em linhas gerais, a dieta que Fogaça diz seguir dá uma grande ênfase às proteínas e até mesmo às gorduras, em detrimento do “carbo”. A receita de fato pode promover uma perda de peso rápida pela redução das calorias ingeridas, mas não é recomendada por especialistas como uma alternativa saudável: ela priva o corpo de nutrientes essenciais e acaba sendo insustentável no longo prazo.
Além disso, há riscos à saúde, em especial a do coração, e a adoção de uma dieta do tipo pode se revelar inútil após alguns meses: se você fez as restrições sem um bom plano alimentar, é bem provável que os quilos perdidos voltem ao reintroduzir os alimentos que cortou.
Entenda melhor por que a “dieta da selva” não é uma boa ideia.
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Dietas “ancestrais” contrariam a história da alimentação
A “dieta da selva” seguida por Henrique Fogaça segue a mesma lógica de outros modismos alimentares que já ganharam fama antes, como a dieta paleolítica ou a dieta carnívora.
Embora haja pequenas variações específicas, o objetivo de fundo é o mesmo: seguir uma alimentação que supostamente seria a mesma de nossos antepassados pré-históricos, colocando na rotina mais carne, ovo e outros produtos que você poderia encontrar na natureza, como frutas, raízes e folhas.
Por outro lado, grãos, cereais e produtos feitos com farinhas obtidas a partir deles (como pães e massas) devem ser evitados, pois são criações posteriores na história humana e, consequentemente, “desnecessários” em nossa alimentação.
Ocorre que essas dietas partem de premissas equivocadas sobre como nossos antepassados se alimentavam. Registros arqueológicos mostram que, mesmo na “selva” e antes de organizar a agricultura, eles mantinham uma alimentação com grande proporção de plantas, que também incluía grãos e muitos vegetais ricos em carboidratos.
“Dieta da selva” e similares podem levar a carências nutricionais
Mais do que partir de uma ideia falsa, esse tipo de dieta reduz de forma drástica e preocupante a ingestão de carboidratos. Apesar de vilanizado em muitas receitas para “secar” a barriga, esse tipo de macronutriente é essencial para a saúde: é verdade que o excesso de carbos pode trazer problemas, mas a falta deles igualmente representa riscos que elevam a mortalidade no longo prazo.
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Comer proteínas além do necessário também não é algo bacana para sua saúde, trazendo perigos aos rins, fígado e outros órgãos. Já a despreocupação com as gorduras é outro ponto de atenção: embora nosso corpo de fato precise de uma dose moderada de gorduras, aquelas vindas de proteínas animais como as priorizadas na dieta da selva não costumam ser as melhores, aumentando o colesterol e seus riscos associados.
No começo do mês, o Conselho Federal de Nutrição chegou a publicar um conteúdo conscientizando sobre os riscos da dieta da selva. O CFN enfatizou que “a proposta pode levar a restrições exageradas e desequilíbrios nutricionais”, além de ter um potencial de “comprometer a saúde física e mental” e “gerar carências nutricionais graves”.
Estudos também demonstram que dietas muito restritivas, focadas em cortar determinados grupos alimentares da rotina, tendem a sair pela culatra com o tempo. Embora possam levar a uma perda de peso no curto prazo, a impossibilidade de mantê-las ao longo dos meses e anos gera uma relação negativa com a comida e aumenta a chance de episódios de compulsão alimentar no futuro.
Como organizar uma dieta corretamente
Hoje, a prioridade dos especialistas em nutrição é ir além da simples dieta focada em emagrecimento, pensando em uma reeducação alimentar que possa se manter mesmo após a pessoa chegar no peso pretendido. Por isso, um planejamento adequado é fundamental: a ideia é que o indivíduo siga comendo de tudo um pouco, mas de forma equilibrada.
A prioridade é obter todos os nutrientes no prato mesmo, recorrendo à suplementação somente em casos específicos de deficiência identificada.
A dieta da selva até tem uma premissa que costuma ser bem recomendada: priorizar alimentos in natura, cortando os ultraprocessados, algo que realmente é uma boa ideia para a saúde. Mas, como destaca o CFN, “nem tudo que parece natural é seguro”.
O ideal é procurar orientação profissional na hora de definir suas adequações alimentares, garantindo que nenhum nutriente essencial esteja faltando no seu dia a dia.
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