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Dossiê bariátrica: 17 perguntas e respostas sobre a cirurgia

Essa cirurgia faz muito mais do que diminuir o espaço para a comida. Mas, em meio a preconceito e desinformação, deixa de ser indicada a quem precisa dela

Por Theo Ruprecht (texto), Estúdio Coral (design)
20 set 2024, 13h50
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A cirurgia bariátrica é uma das formas de tratar a obesidade. (Arte em papel: Nechaeva/Getty Images e O.Silva/Veja Saúde)
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Números absolutos podem enganar. Dados do Ministério da Saúde dão conta de que 7 570 cirurgias bariátricas foram realizadas no SUS só no ano passado, em 2023.

Outras 4 056 foram contabilizadas nos primeiros cinco meses de 2024, o que sugere um crescimento, embora a marca de 12 568 operações, alcançada um ano antes da pandemia, ainda esteja distante.

Já o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) estima que 52,4 mil procedimentos foram cobertos por convênios em 2023, alta de 84% em relação a 2015. Juntando tudo, parece muita coisa, não?

Aí que está: num país com 212 milhões de habitantes, a quantidade de intervenções do tipo feitas na rede pública, que atende mais de 70% dos cidadãos, equivale a menos de 1% da população elegível a elas, pelos cálculos da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).

“A desinformação e o preconceito com a obesidade dificultam o acesso dos pacientes ao tratamento, que tem ótimos resultados, mas não pode ser feito de maneira indiscriminada”, afirma Antonio Carlos Valezi, presidente da entidade.

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Foi justamente para esclarecer os brasileiros sobre o papel, as indicações, os efeitos e os cuidados da cirurgia que a SBCBM organizou, em agosto, o Primeiro Encontro Nacional de Pacientes Bariátricos, iniciativa inédita que teve o apoio de VEJA SAÚDE.

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Ao longo de um dia, em um teatro lotado em São Paulo, especialistas discutiram os desafios e os avanços na área, tendo em vista os potenciais benefícios para quem convive com a obesidade. “Enquanto essa condição for vista como um desvio de caráter, não vamos tratá-la direito”, disse o endocrinologista João Eduardo Nunes Salles, de São Paulo, em sua participação.

O médico bateu na tecla de que o acúmulo de gordura envolve o comprometimento dos mecanismos biológicos que regem a sensação de fome e saciedade.

E alertou para um cenário propício ao ganho de peso, com grande oferta de alimentos calóricos industrializados e menos oportunidades para se movimentar.

Obesidade não é preguiça, é doença”, frisou. Sua visão é respaldada em uma série de instituições, a começar pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso porque a obesidade não só reduz a qualidade e a expectativa de vida como predispõe a diabetes, câncer e outras enfermidades.

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Por isso os especialistas estão tão preocupados em sensibilizar a sociedade a respeito dos cuidados adequados aos pacientes. “Não precisamos ter as medidas da Gisele Bündchen, e é importante que as pessoas se sintam em paz com o corpo, mas não podemos esconder que estamos diante de um problema de saúde”, destaca Valezi.

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A seguir, mapeamos as principais lições e insights do encontro.

1) Afinal, quem precisa da cirurgia?

O consenso da SBCBM aponta que uma pessoa com índice de massa corporal (IMC) acima de 40 é candidata ao procedimento.

Em alguém com 1,75 metro de altura, isso equivale a um peso de 123 quilos. Também podem tirar proveito dela indivíduos com IMC entre 35 e 40 e que apresentem alguma comorbidade (um problema associado à obesidade, como diabetes). E até na faixa de IMC 30, desde que a comorbidade seja grave — caso que, em geral, não é coberto pelo SUS.

Só que, tirando situações específicas, como quem chegou a um IMC de 50, a obesidade deve estar presente há pelo menos dois anos e não ter sido contida com outros tratamentos.

E existem contraindicações, como a dependência de álcool. “Ao contrário do que se fala, a recomendação tem critérios objetivos”, disse Felipe Rossi, cirurgião bariátrico de São Paulo, em sua fala no encontro.

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Hoje já existem discussões para relativizar a questão do IMC e dar mais relevância à severidade das condições que andam junto à obesidade. Até para que a operação não seja a última carta na manga do tratamento.

2) Ela deve ser a última opção?

Não, responde Valezi, que atua em Curitiba.

E, por vezes, caberia até reformular a questão: a cirurgia não pode ser a primeira opção de tratamento? Atualmente, no roteiro-padrão, quem está acima do peso é aconselhado a receber orientações profissionais de ajustes no estilo de vida e, eventualmente, a usar medicamentos.

Quando essas táticas não funcionam, ou existem outros problemas de saúde em jogo, há o caminho da cirurgia. Entretanto, essa via não é (nem deveria ser) uma camisa de força. A personalização da abordagem é o que faz diferença — no acolhimento do paciente e no sucesso terapêutico.

O exemplo em que a discussão fica mais evidente é a das pessoas com IMC superior a 50 — em alguém com 1,75 metro, seriam 150 quilos. Sim, elas vão se beneficiar bastante do procedimento… “Mas será que não poderiam ter feito algo antes de chegar a um índice de massa corporal tão elevado?”, pondera o presidente da SBCBM.

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Em outras palavras, a cirurgia não deveria ser um último recurso a ser adotado depois de anos de sofrimentos.

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3) É preciso emagrecer antes da operação?

Acreditava-se que a recomendação para perder peso antes de uma cirurgia bariátrica servia para demonstrar comprometimento com o tratamento. “Mas esse é um pensamento obsoleto. Sabemos que a obesidade não é falta de força de vontade”, destacou a endocrinologista Tarissa Petry, de São Paulo, durante o evento.

“Por outro lado, a tentativa de emagrecer nessa etapa faz sentido para reduzir o risco de complicações na operação”, complementou.

Ora, com um pouco menos de gordura ao redor dos órgãos, o médico tem mais facilidade para fazer a intervenção, e a recuperação se torna mais rápida. Às vezes, o médico pode até prescrever remédios para atingir esse objetivo.

“O que não podemos é ficar colocando contraindicações até que a pessoa emagreça, porque isso afasta a cirurgia de quem mais precisa”, afirmou Tarissa. Se, durante o planejamento, der para diminuir o ponteiro da balança, ótimo. Se não der, o jogo segue da mesma forma.

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4) Como funciona o pré-operatório?

Antes de tudo, o paciente passa por uma série de avaliações, com diferentes profissionais — inclusive os de saúde mental —, para entender o histórico de vida em detalhes.

É imprescindível passar por uma etapa de esclarecimento sobre os reais benefícios e riscos dessa estratégia, até para calibrar expectativas. “A cirurgia, por si só, não vai melhorar a empregabilidade ou o relacionamento de ninguém. Ela ajuda a dar mais autossuficiência para alcançar um bom peso e, indiretamente, outros objetivos”, ressaltou o psiquiatra Hélio Tonelli, de Curitiba.

Além disso, um rol de exames é indicado. “Quais são eles? Depende de cada pessoa que chega ao consultório”, pontuou o cirurgião bariátrico Márcio Cortez, de Manaus, em uma aula dedicada ao tema.

Claro que certos testes, como exames de sangue, endoscopia e ultrassonografia, são prescritos a quase todo mundo, porém não existe uma receita de bolo genérica. De novo, a individualização importa.

5) A cirurgia só serve para emagrecer?

O médico Felipe Rossi calcula que, no primeiro ano após a passagem pelo bisturi, o paciente perca entre 30 e 40% do seu peso. “Sob esse ponto de vista, é o tratamento mais eficaz para a obesidade”, cravou.

Seja pelo emagrecimento em si, seja pela mudança na produção de alguns hormônios, a cirurgia induz uma transformação no organismo. “Há um aumento da sensibilidade à insulina, uma redução da inflamação, alterações na microbiota intestinal”, enumerou o cirurgião bariátrico Marcos Leão, de Salvador.

Com isso, diabetes, hipertensão, gordura no fígado e outros problemas são consideravelmente controlados. Além disso, a perda de peso diminui a sobrecarga nas articulações, limitando a artrose, e ajuda a diminuir a propensão a alguns tumores.

Há pelo menos 13 tipos de câncer inequivocamente ligados à obesidade, e existem provavelmente muitos mais”, explicou o cirurgião oncológico Paulo Kassab, de São Paulo, que deu um panorama sobre o assunto no encontro.

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6) Ela pode curar diabetes e hipertensão?

A palavra “cura” é um tanto forte. Contudo, pode-se dizer que a cirurgia propicia, em muitos pacientes, a remissão de diabetes e hipertensão.

Isso significa um retorno a níveis normais de glicemia e pressão arterial sem uso de medicamentos — ainda que exista a chance de os problemas voltarem com o tempo.

Uma pesquisa americana recém-publicada apontou que, sete anos após a cirurgia, 18% dos pacientes estavam livres do diabetes, ante 6% daqueles que só recorreram a remédios e mudanças de hábito — esse número ficou em 12% após 12 anos de acompanhamento.

Outro estudo, este brasileiro, destaca que, depois de cinco anos, 46% dos operados com hipertensão estavam com taxas de pressão dentro da normalidade. Resultados assim, claro, dependem de fatores individuais e da manutenção de um estilo de vida saudável.

“De qualquer forma, eles mostram o impacto duradouro da perda de peso e desse tratamento”, concluiu Leão, ele mesmo cirurgião e paciente bariátrico.

7) Quais os principais tipos de cirurgia?

Podemos resumir em duas técnicas distintas, abordadas numa aula do evento: o sleeve (também chamado de gastrectomia vertical) e o bypass gástrico (ou gastroplastia em Y de Roux).

“A primeira consiste na retirada de uma porção do estômago”, expôs o cirurgião bariátrico e um dos idealizadores do encontro, Fábio Viegas, do Rio de Janeiro. Como consequência, a operação faz com que uma menor quantia de comida seja suficiente para encher o órgão. No mais, se ele fica menor, produz menos grelina, o hormônio da fome. “Aí o apetite diminui”, resume Viegas.

No bypass, conecta-se a porção superior do estômago a uma parte intermediária do intestino, o que encurta o caminho do alimento pelo sistema digestivo. Além dos mesmos benefícios do sleeve, nesse método há uma menor absorção das refeições, o que turbina o emagrecimento. E a mudança no intestino altera a liberação de uma série de hormônios que atuam no controle da saciedade e da glicemia.

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Conheça as técnicas mais comuns usadas na cirurgia bariátrica. (Arte em papel: Nechaeva/Getty Images e O.Silva/Veja Saúde)

8) Remédios são uma alternativa?

Até 2014, havia basicamente três tipos de medicamento contra a obesidade. “Só que, para pacientes com risco cardiovascular aumentado, o que é mais frequente em quem está acima do peso, duas dessas classes não podiam ser usadas”, recordou Tarissa.

De lá para cá, as opções se multiplicaram, com reduções de peso mais significativas e efeitos colaterais menos intensos. Além do famoso Ozempic (indicado para diabetes tipo 2), já desembarcou no Brasil o Wegovy, voltado à obesidade em si e com maior potencial de perda de peso.

E há mais por vir. “Acontece que a obesidade é uma doença crônica, que pode exigir abordagens múltiplas com o tempo”, ponderou a médica.

Para algumas pessoas, as medicações realmente darão conta do recado — pelo menos por um tempo. Para outras, a cirurgia oferecerá resultados mais expressivos. Inclusive, os fármacos podem entrar em cena após a operação, especialmente se houver um reganho de gordura acima do esperado.

+Leia Também: Ozempic é só o começo: os remédios que prometem mudar o tratamento da obesidade

9) Como escolher o cirurgião?

Antes de tudo, cheque as credenciais do doutor. Não se iluda com perfis nas redes sociais! Organizações como a Associação Médica Brasileira (AMB) e a própria SBCBM emitem certificados que comprovam sua capacidade técnica.

“Também é importante que o médico realmente dedique tempo a cada paciente”, defendeu o cirurgião de São Paulo Luiz Vicente Berti, VP executivo da SBCBM.

“Ele conversou mesmo com você? Entendeu a sua situação? Deu o número de celular para tirar dúvidas? Falou de fazer um acompanhamento multidisciplinar, com outros profissionais? Tudo isso é fundamental.”

Também vale a pena baixar o aplicativo Barilife, que mostra cirurgiões credenciados pela SBCBM, disponibiliza orientações, facilita o acompanhamento e traz descontos em estabelecimentos, até para a compra de suplementos.

“É uma rede amiga para amparar os pacientes”, resumiu o cirurgião de Curitiba Caetano Marchesini, diretor de Tecnologia e Inovações da SBCBM.

10) A operação é coberta pelo SUS?

A resposta curta é sim. Só que há minúcias nessa história.

A primeira é a de que, no sistema público, não há cobertura se o IMC estiver entre 30 e 35, mesmo com doenças associadas severas — as operações costumam ser autorizadas quando esse número passa dos 35, dependendo de outros critérios.

O problema maior, no entanto, é o acesso efetivo, que exige uma estrutura considerável e uma equipe multidisciplinar. Aquele dado de que menos de 1% da população elegível se submete à cirurgia bariátrica no SUS também reflete uma carência de centros especializados.

Para ter ideia, o sistema público do Mato Grosso não registra um procedimento do tipo desde 2013, de acordo com informações do Ministério da Saúde. E as sete operações notificadas de Rondônia desde 2010 aconteceram em 2024.

Já no Amazonas, os primeiros casos anotados são de 2021 — e não passaram, até maio deste ano, de dez. Ou seja, no papel é possível operar pelo SUS, mas na prática há desafios.

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11) O que muda na alimentação?

“No pós-operatório, começamos com a dieta líquida, que dura cerca de uma semana e serve para nutrir o corpo sem dar muito trabalho ao aparelho digestivo”, explicou no encontro Tarcila Campos, coordenadora do Núcleo Saúde e Nutrição da SBCBM.

Sim, basicamente entram caldos, sucos, chás e afins. Depois, passa-se para uma alimentação pastosa (purê, sopa mais encorpada, carne liquidificada), seguida de outra à base de itens cozidos.

De 30 a 40 dias após a cirurgia, finalmente começa a dieta de manutenção, que dura para o resto da vida. “É imprescindível passar por uma reeducação, valorizando a comida de verdade e moderando nos alimentos industrializados ou nos ricos em açúcar ou gordura”, afirmou a nutricionista de São Paulo.

Um desenho ajuda a entender as necessidades ideais: metade do prato deve contemplar proteínas (carnes magras, por exemplo), pois garantir o aporte desse nutriente se torna mais desafiador; a outra metade vem com fontes de carboidrato, fibras e vitaminas, com destaque para os vegetais.

12) Tem que tomar suplementos?

Sem dúvida. “A cirurgia mexe com a anatomia do aparelho digestivo, o que interfere na absorção de algumas vitaminas e minerais”, explicou Carla Viegas, nutróloga com foco no acompanhamento de pacientes bariátricos, do Rio de Janeiro.

Sem a suplementação, surge o risco de desnutrição, o que favorece problemas de saúde, queda de cabelo, cansaço e por aí vai.

Além dos micronutrientes, a própria proteína pode ser reposta para manter o organismo firme e forte. Trocando em miúdos, a verdade é que, após a operação, o sujeito precisa ser acompanhado com frequência e realizar exames para dosar a quantidade de nutrientes no organismo.

De ferro a vitamina D, há uma lista a ser apurada pelos profissionais que conduzem o caso. “Se notarmos alguma carência, ajustamos os suplementos e orientamos possíveis mudanças nas refeições. É um processo contínuo”, reforçou Tarcila. E um processo personalizado, diga-se. O que o vizinho bariátrico toma não necessariamente se aplica a você.

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Suplementação e medicação podem ajuda após a cirurgia (Arte em papel: Nechaeva/Getty Images e O.Silva/Veja Saúde)

13) Como fica o plano de exercícios físicos?

Um ponto de atenção depois de toda cirurgia bariátrica é a perda muscular — seja pela dificuldade de ingerir proteínas, seja pelo emagrecimento, que diminui a carga imposta aos músculos.

“Para administrar isso, é fundamental incorporar uma rotina de exercícios”, afirmou Cristina Aquino, coordenadora da área de Educação Física da SBCBM.

Ao preservar a massa magra, fica inclusive mais fácil manter o ponteiro da balança sob controle, uma vez que uma musculatura vigorosa gasta energia extra. Isso sem falar que um corpo fortalecido protege as articulações, afasta doenças cardiovasculares e melhora a flacidez que às vezes aparece em um processo de grande perda de peso.

“Um programa de treinamento físico deve incluir exercícios aeróbicos, neuromotores [que trabalham flexibilidade, coordenação e equilíbrio] e de força”, enumerou a professora de Curitiba. Parece muita coisa… Porém, com supervisão profissional, dá para criar treinos rápidos que atendem às demandas.

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14) É crucial ter um acompanhamento psicológico?

Há pelo menos três questões que tornam relevante o suporte de um profissional de saúde mental. A primeira é verificar se há algum transtorno psiquiátrico descontrolado ou outro fator que contraindicaria a cirurgia.

“Muita gente acha que estamos ali para proibir o tratamento. Não é verdade”, garantiu Tonelli. “Nosso papel é dar orientações e conhecer o paciente para estimar, com base em suas vulnerabilidades e pontos positivos, a resultante de uma eventual cirurgia bariátrica”, completou.

A segunda consiste em manejar expectativas, frustrações e outros sentimentos que podem surgir. Afinal, esse procedimento exige empenho pelo resto da vida, e oscilações nas medidas são esperadas.

E a terceira passa por não trocar um hábito que faz mal à saúde por outro. “Realmente há quem substitua o prazer da comida por uma compulsão por drogas, sexo ou compras”, nota Valezi. A meta é canalizar esse ímpeto para práticas não prejudiciais, como hobbies, esportes e relacionamentos.

15) Existem riscos e contra-indicações?

“Se eu tivesse que definir o maior avanço da área nas últimas décadas em uma palavra, diria que é a segurança”, sublinhou Valezi. Segundo ele, as técnicas evoluíram, os materiais foram aperfeiçoados, os anestésicos progrediram…

Ainda assim, trata-se de um procedimento invasivo, que traz riscos inerentes, como infecções, trombose e sangramento.

Já no médio e longo prazo, uma das principais ameaças é a deficiência de certos nutrientes, que dispara os mais variados sintomas e, de novo, cobra suplementação e alimentação balanceada.

Outra é a piora de quadros psiquiátricos, movidos principalmente por expectativas irreais e pela busca exagerada de um novo prazer que não a comida.

“A melhor forma de mitigar esses riscos é ter um acompanhamento frequente e multidisciplinar”, indica o presidente da SBCBM. Nesse sentido, todas essas variáveis de saúde física e mental devem ser analisadas antes de bater o martelo pela cirurgia.

16) A cirurgia pode melhorar a fertilidade?

Em uma palestra sobre mitos e verdades no Primeiro Encontro Nacional de Pacientes Bariátricos, a cirurgiã de São Paulo Carina Fernandes cravou para o auditório com mais de 500 pessoas: “Super sim!”

Isso porque a obesidade é capaz de bagunçar os hormônios sexuais e o ciclo menstrual. Não por menos, figura como uma das causas da síndrome dos ovários policísticos, que reduz a chance de engravidar, e da infertilidade em si.

Ou seja, ao facilitar a eliminação de gordura corporal, o tratamento influi positivamente nesse cenário. “Isso a ponto de precisarmos tomar mais cuidado com a contracepção entre mulheres operadas que não desejam ter filhos naquele momento”, disse a médica, que também é presidente da Comissão das Mulheres Cirurgiãs da SBCBM.

Karina destacou que, depois da intervenção cirúrgica, vale a pena conversar com o ginecologista sobre o assunto, até para verificar qual o método mais adequado a cada paciente.

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17) O que fazer para não voltar a engordar?

Cabe lembrar que é esperado que a pessoa ganhe alguns quilos um tempo depois do procedimento.

O que os profissionais buscam é estabilizar essas e outras medidas em um patamar saudável.

Nesse contexto, psicoterapia, orientação nutricional, prática de exercícios, acompanhamento médico e, se preciso, uso de remédios ajudam significativamente.

“E podemos utilizar a tecnologia a nosso favor”, salientou o cirurgião bariátrico Tiago Szegö, de São Paulo. “As teleconsultas aproximam o paciente de diferentes profissionais”, exemplificou o médico e membro da diretoria da SBCBM.

Szegö recordou que hoje também existem aplicativos de celular para organizar o treino, o cardápio e até a compra e ingestão dos suplementos.

A cirurgia bariátrica, como demonstraram depoimentos de pacientes influencers no encontro, representa um divisor de águas para quem encarou a obesidade. Com o devido apoio, a vida pode mudar… E seguir bem mais leve!

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