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Câncer de próstata: sintomas, diagnóstico e tratamento

Estima-se que 72 mil brasileiros descubram um tumor na glândula anualmente. Manter exames de rotina em dia é a melhor forma de prevenir complicações

Por Larissa Beani
13 nov 2024, 15h16
foto de homem com ilustração da próstata
Tratamento do câncer de próstata e suas repercussões depende de diálogo aberto entre médico e paciente (Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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Até 2025, cerca de 72 mil brasileiros receberão o diagnóstico de câncer de próstata anualmente, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca). O tumor é o segundo mais comum entre os homens no país, atrás apenas do câncer de pele não melanoma.

A doença não costuma manifestar sintomas em fases iniciais, mas, em estágios avançados, pode comprometer a função renal do paciente e ser acompanhada por dores nos ossos.

O câncer de próstata não pode ser prevenido, mas, quando diagnosticado precocemente, tem altas chances de cura. “Para identificar a doença ainda em estágios iniciais, é importante que os homens mantenham os exames de rotina em dia“, ressalta Wagner Matheus, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia em São Paulo (SBU-SP). Neste contexto, são realizados os exames de dosagem do PSA e o toque retal.

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No Brasil, a campanha Novembro Azul é a principal ação de conscientização sobre a doença, que mata 16 mil homens a cada ano.

A seguir, entenda o que é o câncer de próstata, como é feito o diagnóstico, quais são os fatores de risco e como são os tratamentos.

+ Leia também: Um retrato inédito do câncer de próstata no Brasil

O que é o câncer de próstata

Este câncer é um tumor maligno que se localiza na próstata, glândula masculina do tamanho de uma noz, que fica abaixo da bexiga e circunda a uretra. A próstata é responsável por produzir um líquido que compõe o sêmen e nutre e protege os espermatozoides. 

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A doença pode ser classificada de várias formas, inclusive pela velocidade com a qual o quadro evolui. “Nesse caso, os tumores são divididos entre os de risco baixo, intermediário e alto — aqueles que progridem de forma mais agressiva e rápida”, explica Stênio de Cássio Zequi, líder do Centro de Referência em Tumores Urológicos do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo.

Os médicos também avaliam a extensão do tumor em estruturas próximas ou distantes do foco da doença, estabelecendo em qual estágio o paciente se encontra.

+ Leia também: Detecção precoce do câncer de próstata pode salvar vidas

Causas e fatores de risco

Não há causas conhecidas, mas se sabe que alguns fatores podem influenciar o surgimento da doença:

  • Idade: a probabilidade de desenvolver a doença e de morrer por ela aumenta a partir dos 60 anos.
  • Histórico familiar: atentar-se quando parentes próximos, como pai ou irmão, desenvolvem a doença antes mesmo dos 60 anos. Isso pode estar ligado a fatores genéticos e ao estilo de vida de cada indivíduo.
  • Sobrepeso e obesidade: o excesso de peso também está relacionado ao aumento de risco de desenvolver tumores.
  • Fumantes: o tabagismo reduz significativamente as chances de cura da doença e aumenta o risco de morte.
  • Etnia: cerca de seis a cada 10 pacientes com câncer de próstata são negros. Afrodescendentes têm maior sensibilidade à ação da testosterona, que funciona como um “combustível” para esse tipo de câncer.

+ Leia também: O Brasil está pronto para a explosão de casos de câncer de próstata?

Prevenção

Não há formas primárias de prevenção, ou seja, não há atitudes específicas que podem ser tomadas para evitar a doença (como tomar a vacina de HPV para prevenir o câncer de colo do útero e outros ou passar protetor solar para reduzir o risco de câncer de pele).

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Por isso, o diagnóstico precoce é a principal forma de impedir não o aparecimento, mas o avanço da doença.

“Isso chama-se prevenção secundária. Ao identificarmos o tumor em estágios iniciais, podemos traçar a melhor estratégia para evitar complicações e agravamento”, esclarece Stênio. “As estratégias podem envolver apenas o acompanhamento, em casos de baixo risco, ou dispor de uma série de opções cirúrgicas e medicamentosas para frear o avanço da doença, em casos de risco intermediário e alto.”

É importante ressaltar que manter hábitos saudáveis gerais (como praticar atividade física, preferir alimentos minimamente processados e frescos, não fumar nem beber, manter o peso controlado etc) reduz o risco geral de desenvolver e morrer por câncer.

+ Leia também: O novo guia de prevenção ao câncer

Diagnóstico

O diagnóstico pode ser feito por meio de exames de rotina e complementares, mas há uma polêmica em voga sobre o rastreamento de toda a população. O Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer (Inca) não recomendam que homens sem sintomas façam exames periódicos. 

Já a Sociedade Americana de Câncer e as fontes ouvidas na reportagem sugerem que todo homem partir dos 50 anos faça o exame de toque retal e a dosagem do PSA anualmente. Entre aqueles com fatores de risco, indica-se que sejam realizados desde os 45 anos.

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O exame de toque é um procedimento indolor, que dura poucos segundos, em que o médico pode identificar alterações físicas na glândula, como a hiperplasia benigna da próstata (aumento não canceroso e comum com o envelhecimento do homem), inflamações e até câncer.

Já o PSA, sigla para antígeno prostático específico, é um exame feito por coleta de amostra de sangue, em que quanto maior for a concentração encontrada, maior o risco de haver algo de errado com a glândula.

A análise dos resultados deve ser feita de maneira individualizada, levando em consideração a idade e outras características do paciente.

Diante de suspeita de câncer de próstata, exames como ultrassom, ressonância magnética e PET-CT são realizados para dimensionar a extensão da doença. O diagnóstico é confirmado por meio de biópsia.

+ Leia também: Entenda o debate sobre o rastreamento do câncer de próstata no Brasil

Sintomas

“Não se pode confiar apenas em sintomas quando tratamos do câncer de próstata, pois a doença costuma ser assintomática em estágios iniciais e boa parte dos sinais são inespecíficos”, destaca João Brunhara, urologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e colunista da VEJA SAÚDE.

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Os pacientes podem relatar dificuldade para urinar, necessidade de esvaziar a bexiga várias vezes ao dia e durante à noite e jatos fracos — sintomas que se confundem com condições benignas mais comuns, como a hiperplasia prostática benigna.

Em casos avançados, em que o tumor se disseminou para outros órgãos, os homens podem apresentar dor óssea, insuficiência renal e infecções. “Presença de sangue na urina também pode ser um alerta para tumores urológicos no geral, incluindo o de próstata”, completa o médico.

Isso reforça a importância de ter os exames de rotina em dia, já que eles ajudam a diferenciar alterações benignas das potencialmente malignas.

+ Leia também: Novos tratamentos trazem esperança contra o câncer de próstata

Tratamentos

Atualmente, há várias opções cirúrgicas e medicamentosas para tratar o câncer de próstata em seus diferentes estágios.

“Uma particularidade desse câncer é que há casos em que o crescimento do tumor e avanço da doença são mais lentos e de baixo risco. Portanto, esses tumores podem ser acompanhados de perto por um tempo, sem a necessidade de intervenção cirúrgica ou de terapias oncológicas. É a chamada vigilância ativa“, explica Matheus, da SBU-SP, que também é urologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

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Entre os tratamentos disponíveis hoje contra o tumor estão:

  • Cirurgias: a retirada completa da próstata (prostatectomia radical) é o principal procedimento realizado para o tratamento da doença e pode ser acompanhada pela remoção de linfonodos, caso eles também tenham sido atingidos pelo câncer. A operação pode ser realizada por via aberta ou de forma minimamente invasiva (por videolaparoscopia ou cirurgia robótica).
  • Radioterapia: pode ser indicada para casos iniciais, como alternativa à cirurgia ou como complemento da operação, ou para quadros mais avançados, impedindo o crescimento do tumor quando a retirada da próstata não é possível ou não resolve o problema.
  • Quimioterapia: em geral, é uma opção para casos avançados da doença e pode ser usada isoladamente ou em conjunto com terapias hormonais.
  • Hormonioterapia: a maior parte dos cânceres de próstata é influenciada pela testosterona. Por isso, alguns casos podem exigir o uso de medicamentos para baixar os níveis do hormônio, impedindo, assim, o crescimento do tumor.
  • Inibidores de receptor androgênico: são medicamentos que também ajudam a controlar a produção de hormônios masculinos, ajudando a frear a progressão da doença.
  • Imunoterapia: medicamentos ajudam o sistema imunológico do paciente a identificar e combater as células cancerígenas. Entre ele, destaca-se a vacina Sipuleucel-T.
  • Terapia-alvo: fármacos podem ser indicados quando são identificadas moléculas específicas que estimulam o crescimento do tumor, geralmente associadas a mutações genéticas que prejudicam o reparo do DNA.

+ Leia também: Câncer de próstata: as vantagens da cirurgia robótica

Novembro Azul

A campanha Novembro Azul foi criada em 2011 pelo Instituto Lado A Lado Pela Vida para conscientizar a população brasileira sobre a importância do diagnóstico precoce e do devido acompanhamento e tratamento de cada caso.

Em 2024, o lema da ação é “Saúde do Homem: Cada Passo Conta”.

“Cada passo conta quando você cuida melhor da sua saúde, quando você é protagonista da sua saúde”, avalia Marlene Oliveira, presidente e fundadora do Instituto Lado A Lado pela Vida. “Se você está na idade em que precisa ter um olhar atento à sua saúde prostática, essa é a hora. Procure o sistema de saúde e cuide-se.”

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