Câncer de próstata: as vantagens da cirurgia robótica
No Novembro Azul, entenda as evoluções na abordagem cirúrgica deste tumor e quando ela é de fato indicada
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de próstata foi responsável por cerca de 13 mil mortes em 2021. Cerca de 61 mil homens são diagnosticados com a doença todos os anos.
Em nosso país, ele é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. Mais do que qualquer outro tipo, é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos.
O aumento do diagnóstico mostra que mais homens vem buscando a prevenção e fazendo exames de rastreamento. O lado positivo dessa busca é que cerca de 90% dos casos detectados são iniciais e passíveis de cura.
Esse tema gerou muita polêmica nos últimos anos. Segundo alguns estudos americanos, o rastreamento universal de toda população masculina com exames como o PSA (sem considerar idade, raça e história familiar) não parece ser a melhor abordagem. Apesar de associado ao diagnóstico precoce e diminuição da mortalidade, pode trazer malefícios a muitos homens.
Individualizar a abordagem é fundamental neste sentido. Uma vez diagnosticado o câncer, muitas vezes a cirurgia pode ser a melhor saída. Neste contexto, crescem as evidências a favor da cirurgia robótica.
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O papel da cirurgia robótica no câncer de próstata
A cirurgia urológica passou por uma enorme revolução tecnológica nas últimas décadas, desde a realização da primeira prostatectomia robô-assistida (PRA), cirurgia robótica mais utilizada e estudada cientificamente, no ano 2000. Após mais de duas décadas, as publicações com grandes casuísticas, bons resultados e com seguimento a longo prazo estão hoje disponíveis na literatura.
Hoje, cerca de 95% das cirurgias de câncer de próstata nos EUA são realizadas com o auxílio da robótica. A utilização do robô Da Vinci faz parte desta nova etapa da especialidade.
O Da Vinci é um sistema no qual o cirurgião fica localizado em um console dentro da sala de cirurgia e controla remotamente, por meio de joysticks, braços robóticos que executam os procedimentos cirúrgicos. O sistema permite visão tridimensional.
Esse sistema possibilita a realização de procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos. Essa inovação melhora na precisão cirúrgica, no controle dos movimentos e na ergonomia para o cirurgião.
Algumas vantagens da cirurgia robótica
- Visualização da imagem em alta definição e em 3D, com ampliação de 10x
- Melhor detalhamento dos planos dos tecidos
- Movimento escalonado com filtração de tremor
- Melhor ergonomia para o cirurgião (console cirúrgico)
- Pequenas incisões
- Retorno mais rápido às atividades diárias
- Menor tempo de hospitalização
- Menor perda de sangue e menor taxa de transfusão
- Redução da dor (a maioria dos pacientes não necessita de medicamento para controle da dor após a alta)
- Menor risco de infecção
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Resultados oncológicos e funcionais
Diversos estudos americanos e europeus demonstram que a cirurgia robótica é igualmente eficaz no que diz respeito ao controle do câncer, quando comparada à cirurgia tradicional aberta. As publicações disponíveis na literatura já apresentam follow-ups de mais de 10 anos e trazem resultados encorajadores.
A avaliação de dados sobre continência urinária e função sexual dos pacientes após tratamento cirúrgico é extremamente difícil devido a variações na definição, métodos de coleta de dados e seguimento do paciente no pós-operatório.
Os resultados funcionais, que avaliam a disfunção erétil e a incontinência urinária, são extremamente animadores nos trabalhos publicados recentemente. Isso faz com que a procura pelo método venha crescendo no mundo todo, baseado não somente em relatos de pacientes, mas principalmente nos trabalhos científicos.
Orientações finais
Devemos conscientizar a população masculina o quanto é importante manter hábitos saudáveis e ficar atento aos sinais que o corpo envia, principalmente à medida que envelhecemos.
Incentivar mudanças de hábitos alimentares, a prática de exercícios físicos e a redução de comportamentos de risco, bem como o acompanhamento médico individualizado, é fundamental para prevenir casos e promover o diagnóstico precoce das doenças a tempo de buscar a cura.
*Maurício Rubinstein é médico urologista
(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)