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Detecção precoce do câncer de próstata pode salvar vidas

Quando os sintomas desse tumor aparecem, em geral a doença já está avançada. Precisamos descobri-lo antes disso, alerta médico

Por Augusto Mota, oncologista*
26 nov 2022, 09h17
exame de PSA
O exame de PSA, que depende de coleta de sangue, é uma das estratégias para rastrear o câncer de próstata. (Foto: Alex Silva/A2 Estúdio)
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O Novembro Azul é uma campanha de conscientização para o combate do câncer de próstata. A próstata é uma pequena glândula, que pesa cerca de 30 gramas e tem o tamanho aproximado de uma ameixa – isso quando está normal.

Sua função é produzir substâncias que nutrem e auxiliam no transporte do sêmen, que é o material ejaculado pelo homem após o orgasmo. Portanto, apesar de ter grande importância reprodutiva, a glândula prostática não é considerada um órgão vital.

O câncer de próstata é uma doença comum. Trata-se do segundo tumor mais incidente entre os homens, atrás apenas dos cânceres de pele do tipo não-melanoma.

O principal fator de risco para o câncer de próstata é a idade, sendo que, aos 80 anos de idade, cerca de 70 a 80% dos homens podem ter evidência de células cancerígenas na próstata.

No entanto, a vasta maioria desses tumores são de crescimento lento e têm baixas chances de causar sintomas ou complicações. Por isso, muitos deles nem precisam ser diagnosticados.

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Em geral, o câncer de próstata não causa sintomas nas fases iniciais, dificultando o diagnóstico da doença ainda restrita à glândula, o que pode ser um risco para o paciente.

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Quando os sintomas aparecem, em geral o tumor já não está mais contido dentro da glândula prostática – ou seja, pode ter invadido os órgãos vizinhos ou mesmo ter gerado metástase.

Um dos cenários mais comuns em câncer metastático é o paciente começar a sentir dores ósseas, uma vez que os ossos são frequentemente acometidos pelo câncer de próstata quando ele se dissemina – isso ocorre em cerca de 80% dos casos.

Por isso, o rastreamento da doença e seu diagnóstico precoce são fundamentais para melhor desfecho clínico. Esse rastreamento deve ser feito preferencialmente por um urologista, que é o médico cirurgião especialista em câncer de próstata.

+ Leia também: Outros tempos para a próstata

Como flagrar a doença

Quando se fala em identificação de problemas de próstata, o PSA é o exame mais citado.

Essa sigla diz respeito a uma proteína produzida pelas células da próstata, que tem uma função muito específica: fluidifica o sêmen, que é o material ejaculado.

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Portanto, mesmo que ela apareça em altos níveis, não necessariamente significa que o paciente tem câncer de próstata. A primeira atitude a ser tomada frente a um valor elevado de PSA é uma consulta com um urologista.

Nesses casos, um tipo específico de ressonância magnética (a chamada de ressonância magnética multiparamétrica da próstata) é muito útil par auxiliar na investigação, porque dá uma visão muito nítida da região. Inclusive, trata-se do melhor exame para identificar lesões suspeitas de serem tumor da próstata atualmente.

Além de mostrar com mais nitidez as áreas suspeitas, esse exame é de grande utilidade para guiar o profissional que vai fazer a biópsia, coletando mais fragmentos da região com a finalidade de não deixar passar um tumor sem ser diagnosticado.

Sem tabu

Apesar dos avanços em exames de imagem, o toque retal ainda deve ser considerado importante e não omitido nas consultas com o urologista.

Nós temos observado que a resistência dos homens em se submeterem ao exame de toque retal melhorou muito ao longo dos anos.

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A faixa etária para se iniciar um programa de rastreamento depende de características individuais.

Usualmente, recomenda-se começar aos 50 anos se não houver histórico familiar de câncer de próstata. Já para homens com casos da doença na família, ou aqueles com maior risco para câncer de próstata agressivo (por exemplo, indivíduos afrodescendentes), o início pode ser entre 40 e 45 anos.

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O câncer, o tratamento e a impotência sexual

Essa é uma preocupação de muitos homens. A impotência sexual pode ocorrer como um evento adverso importante em qualquer modalidade de tratamento para o câncer de próstata.

Mas, com o advento do procedimento de prostatectomia com auxílio de robô, por meio de cirurgia, temos observado uma redução desse evento indesejável.

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Ainda assim, mesmo com essa técnica, alguns pacientes podem perder a potência sexual. Por isso, paciente e médico precisam conversar sobre as estratégias de tratamento.

Uma coisa importante de ser mencionada: alguns cânceres de próstata têm crescimento lento e, por isso mesmo, podem nem exigir tratamento num primeiro momento.

A implementação da estratégia da chamada vigilância ativa deve ser sempre discutida entre a equipe médica, o paciente e seus familiares.

Além de estar atento para o rastreamento do câncer de próstata, o melhor caminho para o homem é manter um estilo de vida equilibrado, monitorar a saúde como um todo e, assim, garantir uma longevidade ativa, feliz e saudável.

*Augusto Mota é oncologista da AMO em Salvador

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