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Meninas vão 18 vezes mais ao ginecologista do que meninos ao urologista

Campanha “#VemProUro”, realizada em setembro em comemoração ao Dia do Adolescente, incentiva rotina de consultas no início da puberdade

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein*
12 set 2023, 17h49
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Meninos devem passar por um exame clínico completo durante uma consulta de rotina, em especial uma avaliação do trato gênito-urinário (Foto: Freepik/Divulgação)
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Levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com base em dados do Ministério da Saúde, aponta que a ida de meninas adolescentes (12 a 19 anos) ao médico, de maneira geral, é 2,5 vezes maior do que a de meninos da mesma idade —em 2020, foram registrados 10.096.778 atendimentos delas contra 4.066.710 deles.

Quando se compara a ida de meninas ao ginecologista com a de meninos ao urologista, a discrepância é ainda maior: elas vão 18 vezes mais ao especialista do que eles.

Segundo a entidade, estudos americanos também apontam que somente 4% dos meninos adolescentes procuram o urologista de forma espontânea para uma consulta de rotina, contra 60% das meninas da mesma idade.

Diante desse cenário, há seis anos a SBU realiza a campanha “#VemProUro” durante o mês de setembro – quando é comemorado o Dia do Adolescente, no próximo dia 21.

O objetivo é incentivar os meninos adolescentes a iniciarem a rotina de consultas regulares ao médico assim que entram na puberdade, assim como normalmente acontece com as meninas.

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“A gente percebeu, com esses dados brasileiros, que enfrentamos o mesmo problema dos americanos”, afirmou Daniel Suslik Zylbersztejn, urologista do Hospital Israelita Albert Einstein, médico coordenador do Fleury Fertilidade e idealizador da campanha na Sociedade Brasileira de Urologia.

“Temos uma ida muito menos frequente dos adolescentes do sexo masculino ao médico de uma maneira geral e menos ainda quando se trata do urologista, o que reforça a falta de cuidados do homem com os cuidados da própria saúde”, completou.

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Para Zylbersztejn, a partir do momento em que um jovem cria um elo com o médico, isso tem um grande impacto no seu entendimento sobre sua saúde.

“A mãe costuma levar a menina ao ginecologista logo depois que ela tem a primeira menstruação. Esse ginecologista acaba criando um vínculo com essa adolescente, pois esse médico conversa sobre sexualidade, namoro, saúde íntima e sobre assuntos que os pais não têm tanta conexão e facilidade. O elo costuma ser tão grande a ponto desse médico ser o mesmo que vai cuidar do parto dela”, exemplifica.

“Por que não fazer a mesma coisa com os meninos?”.

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Que idade o menino deve começar?

Não existe uma idade definida para o início da rotina médica, já que cada menino vai entrar na puberdade em momentos diferentes – há aqueles que entram mais cedo, por volta dos 12 anos, e há ainda aqueles que chegam à puberdade com 15 anos.

“O momento ideal é aquele em que já houve um estirão, a testosterona já está em todo o organismo e os pais começam a perceber as mudanças físicas corporais, de voz, de pelos, do tamanho do pênis e dos testículos”, explicou o médico.

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“Tem ainda a mudança psicológica. O menino quando entra na adolescência se retrai, passa a andar mais em grupos, se identifica com grupos específicos. Quando ocorre essa mudança, é o momento ideal de levar esse menino ao urologista”, ressaltou.

Segundo Zylbersztejn, os meninos devem passar por um exame clínico completo durante uma consulta de rotina, em especial uma avaliação do trato gênito-urinário. Isso inclui a análise da bolsa testicular para verificar o tamanho e se os testículos estão crescendo de acordo com a idade.

Além disso, deve-se investigar a presença de varicocele (dilatação das veias testiculares com refluxo), que é a principal causa de infertilidade masculina, muitas vezes assintomática e tratável. Também é importante assegurar que o adolescente esteja com as vacinas em dia, especialmente as contra caxumba e HPV. Por fim, é relevante abordar hábitos de vida e a possível presença de vícios durante a consulta.

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“Em geral, esse menino só vai descobrir que tem varicocele na idade adulta, quando tenta ser pai e não consegue. Ela é uma doença silenciosa, que se instala na adolescência, e representa 40% das causas de infertilidade masculina”, diz o urologista.

“Mas se isso for descoberto precocemente, é tratável e pode ser resolvido com um procedimento cirúrgico evitando problemas de infertilidade no futuro. A caxumba também é uma das doenças que gera infertilidade masculina. Por isso, é importante conferir a vacinação”, esclarece.

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Zylbersztejn diz, ainda, que a avaliação masculina durante um exame físico é muito mais objetiva do que a das meninas. Somente em casos específicos será preciso pedir exames complementares, como um ultrassom de abdômen, de bolsa testicular, além de exames de sangue gerais, por exemplo.

“É preciso avaliar o contexto para pedir exames, se necessário.”

Outros pontos importantes a serem abordados em uma consulta básica para adolescentes incluem a discussão sobre o risco do uso precoce de drogas ilícitas e álcool, o que aumenta a probabilidade de desenvolverem dependência na vida adulta.

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Além disso, é relevante tratar do uso de cigarros eletrônicos, que são ainda mais tóxicos para o organismo do que os tradicionais, entre outros tópicos.

“Uma consulta de rotina é essencial para mostrar para os adolescentes que esses hábitos trazem prejuízo à saúde tanto aguda quanto cronicamente.”

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Dúvidas que o menino pode tirar em uma consulta:

*Conteúdo publicado originalmente na Agência Einstein

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