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Decifre o skincare – saiba o que ele realmente faz por você

O hábito de cuidar da pele se intensificou nos últimos tempos, mas o que cosméticos fazem pela saúde do seu rosto? Entenda como esses produtos funcionam

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 23 dez 2021, 15h37 - Publicado em 23 dez 2021, 15h36
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  • “Agora, mais do que nunca, a beleza é o seu dever”, entoava a versão britânica da revista de moda Vogue, em 1941, em plena Segunda Guerra Mundial.

    Mesmo com a produção de cosméticos interrompida no Reino Unido durante as batalhas, Winston Churchill, o primeiro-ministro, fez questão de não paralisar a fabricação de batons, um produto simples e barato, mas que ele acreditava fazer a diferença na autoestima das mulheres: quem ostentava lábios vermelhos mostrava força e escondia insegurança.

    Parece surreal que em meio à guerra se pensasse em batons, não? Só que a mesma tendência já vinha sendo observada desde a Grande Depressão de 1929: em momentos de crise, o consumo de itens de beleza cresce. O que se repetiu em diversos dramas econômicos até 2008, e nomeou-se “efeito batom”.

    “O rosto é uma porta de entrada. Quanto mais segura a pessoa está com sua aparência, melhor se coloca nas situações”, analisa a psicóloga Marina Vasconcellos, especialista em psicodrama terapêutico pelo Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo.

    + Leia Também: Seria possível reverter o envelhecimento da pele?

    A maquiagem sempre foi uma aliada nesse processo, apesar das polêmicas que gera. No início dos anos 2010, com o boom das bases de alta cobertura e dos contornos bem demarcados — moda encabeçada nas redes sociais pelas socialites do clã Kardashian —, a ideia era que todo mundo poderia ter um rosto perfeito, escondendo sua pele real.

    Tendência, de certa forma, até democrática, por incluir todo tipo de pele, mas que tinha o risco de ser prejudicial à saúde quando se esquecia de fazer a limpeza adequada do rosto depois.

    Com o passar do anos, houve a internacionalização da k-beauty — a beleza coreana, baseada numa pele limpa e ao natural —, e decolou o movimento clean beauty, com cosméticos que não agridem a pele e o meio ambiente.

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    E foi aí que se popularizou o conceito de skincare, que nada mais é do que cuidar da pele unindo saúde e beleza: em vez de esconder as imperfeições, você irá tratá-las.

    + Leia Também: Os cuidados com a pele durante a pandemia do coronavírus

    Mas se o consumo de cosméticos tende a subir nas crises, como será que a pandemia repercutiu nesse mercado? Rolou efeito batom?

    Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, de janeiro a outubro de 2020, as vendas de produtos de cuidados com a pele do rosto cresceram 30% em relação ao ano anterior.

    Mas, no lugar do batom que seria encoberto pelas máscaras, as mulheres apostaram mesmo em séruns, hidratantes, tônicos e protetor solar.

    “Hoje vemos um movimento de naturalidade. Muita gente aproveitou o tempo em casa para fazer uma transição capilar, por exemplo, e o skincare também entra nessa tendência”, nota a médica Isabelle Wu, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

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    “Mas as pessoas nunca se olharam tanto quanto na pandemia. Antes, muita gente não tinha tempo de parar e se enxergar, e, agora, com a grande exposição a telas e mais tempo em casa diante de espelhos, surgiu uma preocupação maior com a própria pele”, explica a dermatologista.

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    Porém, nem tudo se resolve com creminhos: afinal, existem limites para as ações desses cosméticos diante das particularidades e do envelhecimento da pele.

    E, para tirar o devido proveito da categoria, é importante entender o beabá da pele, como os produtos interagem com ela e utilizá-los corretamente.

    Começando pelo básico: nossa pele possui três camadas, a epiderme, a derme e a hipoderme. Ela é um tecido vivo, que consegue se regular sozinho, mas aceita de bom grado uma ajuda nossa para se manter saudável.

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    A rotina de skincare se apoia, então, em três passos: proteção solar, limpeza e hidratação.

    + Leia Também: Mulheres se preocupam com a pele, mas muitas erram no básico

    O primeiro deles costuma ser o mais subestimado, o que é um grande erro. “Ele é o passo fundamental para o cuidado com a pele, lembrando que um a cada três novos casos de câncer acomete a pele, e 90% deles são relacionados ao sol”, avisa a dermatologista Lilia Guadanhim, da Unidade de Cosmiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

    “O melhor ativo contra o envelhecimento é o filtro solar. Não adianta usar dez cremes e deixar de proteger a pele dos raios UV”, continua.

    Lilia também alerta para a higiene correta, isto é, limpar sem agredir. Usar água micelar, limpador facial, sabonetes e esfoliante todos os dias pode danificar a barreira natural da pele.

    Aliás, muito se questiona se a famosa dupla limpeza (uma com óleo, outra com água) pregada pelas coreanas é, de fato, necessária.

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    Segundo a médica da Unifesp, se você recorre a produtos à prova d’água, maquiagem de alta cobertura e fica muito exposto a poluição, talvez seja interessante pensar nisso, mas ela ressalta que não há estudos comprovando benefícios dessa tática comparada a uma boa limpeza simples.

    + Leia Também: O que afeta a saúde da pele

    Por último, a hidratação, essencial para qualquer tipo de pele e em qualquer idade. A água é indispensável para a preservação da barreira cutânea e, na dose certa, deixa a região menos suscetível a irritações e alergias.

    Mas alto lá: uma boa hidratação não significa passar um monte de produtos numa mesma noite.

    “Esse é um assunto controverso, mas acredito que é melhor usar diferentes hidratantes em dias alternados, porque dificilmente a pele vai conseguir responder bem a todos de uma vez. Vira apenas um gasto desnecessário”, diz o dermatologista Alberto Cordeiro, especialista em cosmiatria pela Faculdade de Medicina do ABC e membro da SBD.

    Além dos três passos básicos, outras duas etapas são bem-vindas e contam com o aval de pesquisas: tratar um problema de pele já existente — acne, rosácea, dermatite, melasma… — e utilizar produtos que minimizam os efeitos do envelhecimento. O resto, acredite, soa mais a exagero ou luxo.

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    + Leia Também: Hidratação da pele tem que ser profunda

    Antes de mais nada, convém entender que os dermocosméticos, geralmente mais caros por supostos melhores resultados, são nada mais, nada menos que cosméticos.

    “Não existe a categoria ‘dermocosmético’ na Anvisa. Esse foi um termo criado pelo marketing”, esclarece o médico Luiz Romancini, cofundador da marca de produtos de skincare Creamy.

    “O que existe são cosméticos de grau 2, que prometem uma melhora para a pele e precisam comprovar isso com testes clínicos. Mas, ainda assim, seguem sendo cosméticos”, completa.

    Quando passamos um produto no rosto, a primeira barreira que ele enfrenta para penetrar a pele é o estrato córneo, composto de 15 a 20 camadas de células mortas e lipídios (gorduras), uma proteção estruturada para que nada invada o corpo.

    Por definição, os cosméticos não devem alcançar as camadas mais profundas — como os vasos sanguíneos, o que medicamentos tópicos podem fazer —, agindo apenas no revestimento.

    + Leia Também: Grávidas devem evitar cosméticos com parabenos

    Mas cosméticos grau 2 conseguem ir um pouco além, dependendo do objetivo. “A penetração ideal para a eficácia depende do mecanismo de ação do ativo”, conta a farmacêutica Tais Gratieri, da Universidade de Brasília (UnB). “Alguns ativos despigmentantes, por exemplo, têm como alvo a epiderme mesmo”, exemplifica.

    Tais explica que os resultados sempre vão depender do tipo de ativo e da fórmula em que ele se concentra, e isso implica um desafio para a indústria: a estabilização da substância e sua capacidade de realmente se introduzir na pele.

    A grande missão de um produto de skincare é garantir que o ativo chegue bonitinho ao local de ação. Os estudos que comprovam a eficácia deles são realizados, em sua maioria, em culturas de células da pele — a substância é colocada diretamente em contato com elas.

    Na vida real, a história é outra. A molécula precisa ser veiculada por meio de uma fórmula capaz de evitar que ela se perca pelo caminho. Além do desafio de penetrarem o tecido, muitos ativos oxidam com facilidade, perdendo sua função.

    Por isso, é preciso fazer testes e mais testes para chegar ao produto final, e, mesmo assim, nem sempre os resultados dos cremes serão tão bons como no laboratório.

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    Além dos efeitos, o cosmético precisa ganhar a fidelidade de quem compra e usa. “Você até utiliza um medicamento tópico com cheiro ruim e que pode incomodar porque é remédio e vai curar o problema. Mas a função do cosmético é outra, é oferecer uma melhor qualidade de vida”, explica a farmacêutica Carine Dal Pizzol, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da marca de skincare Sallve.

    “Para que a pessoa siga usando, dependemos muito da experiência dela, que vai desde a entrega numa caixinha fofa com uma frase legal até a sensação que se causa na pele ao passar o cosmético”, detalha.

    Esfoliantes químicos à base de ácidos e os anti-aging com retinol são os produtos que dispõem hoje de maior comprovação científica.

    Mas é fundamental ter uma orientação profissional antes de sair comprando por aí. “Muita gente monta a rotina de skincare com indicações de influencers de redes sociais. Isso pode ser perigoso”, alerta Lilia.

    “O uso de ácidos é ótimo, mas é importante avaliar o risco de irritação e saber qual a concentração correta com um dermatologista”, diz a médica.

    + Leia Também: Guia básico da pele seca

    Mesmo com a promessa de benefícios no longo prazo que ronda os produtos, vale a pena ajustar as expectativas.

    “Claro que todo esse cuidado é positivo, até para o bem-estar em geral, mas às vezes superestimam o skincare. Existem questões genéticas, alimentares e até geográficas envolvidas. Nosso país tem uma alta radiação solar, não dá pra comparar nossa pele com a dos coreanos”, pondera Isabelle.

    “Os produtos tópicos não vão estimular tanto a síntese de colágeno, melhorar rugas profundas ou corrigir flacidez. As blogueiras que afirmam ter resultados com dez cremes costumam fazer muitos outros procedimentos associados, como aplicação de laser, bioestimulação de colágeno, preenchimento, Botox… Sem falar que a maioria tem uma genética favorável nesse aspecto”, esclarece a dermatologista.

    Prezar uma pele bonita e saudável já integra o rol do autocuidado com o corpo e a mente e, por isso, é uma moda, ou melhor, um comportamento, que não parece vislumbrar fim.

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    Pelo contrário. Não param de chegar ao mercado novidades no segmento skincare, vindas de marcas pequenas a grandes grupos.

    O Boticário, por exemplo, lançou em 2020 uma linha própria para essa finalidade, a Botik. “A demanda surgiu de um movimento dos consumidores e do crescimento da categoria”, relata Gustavo Dieamant, diretor de P&D do Grupo Boticário.

    “Foram anos de pesquisa para a marca genuinamente conhecer a pele brasileira. E a resposta do público foi maravilhosa”, completa.

    A tendência, aliás, é justamente ouvir o público para inovar e popularizar ainda mais o skincare. A Sallve, por exemplo, decide os lançamentos com base nos desejos da comunidade da marca.

    Algumas pessoas inclusive recebem os produtos antes de serem lançados no mercado, com exclusividade, para testar e opinar. Caso uma queixa seja mais recorrente, a fórmula volta ao laboratório para ser aprimorada.

    + Leia Também: Cabelo branco exige cuidados especiais

    Mas um ponto crítico na democratização dos produtos são os altos preços. “Durante meus atendimentos com pacientes do SUS, vi que era impraticável para muita gente investir nesse tipo de produto regularmente por causa dos custos, mas a constância dos cuidados é essencial para ter resultados”, afirma Romancini.

    Daí a sacada do médico em criar uma marca que aliasse eficácia a preços acessíveis para a maioria dos públicos. “Abrimos mão de um sensorial mais luxuoso, com matérias-primas importadas, para focar só nos ingredientes que trazem eficácia, além de vender direto para o consumidor, o que também reduz o custo”, explica o fundador da Creamy.

    O hidratante calmante da marca, que usa algas do Nordeste brasileiro no lugar de ativos estrangeiros, demorou 13 meses e 39 versões para ficar pronto. Mas saiu com uma fórmula que funciona inclusive em peles sensíveis, com vermelhidão ou rosácea, e é vendida a menos de 50 reais.

    Outro desafio para o consumidor é a quantidade absurda de opções no mercado. É realmente de ficar perdido. Pensando nisso, a Simple Organic desenvolveu, com o apoio de especialistas, um quiz que investiga um pouco o perfil da pessoa, fazendo perguntas sobre o tipo de pele e seu jeito de se cuidar para, então, sugerir uma rotina de skincare personalizada.

    “A ideia não é substituir o dermatologista, mas introduzir o consumidor nesse universo e mostrar que alguns passos, quando bem-feitos, podem ser o suficiente”, diz Patrícia Lima, a criadora da marca.

    Pelo bem da pele, as coisas às vezes são menos complicadas do que se imagina.

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    Principais ativos no mercado

    É tanto nome de ativo que a gente fica confuso. Veja os ingredientes do skincare

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    A rotina ideal

    Se você fizer o essencial, já está ótimo. Mas, com ajuda especializada, dá pra complementar o serviço

    ESSENCIAL:

    EXTRAS:

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    Para entender os rótulos

    As fórmulas e os ingredientes que hidratam e resguardam a pele — e seus efeitos

    TEXTURAS:

    TIPOS DE HIDRATANTES:

    RESULTADOS:

    Apesar de certos efeitos serem visíveis, alguns dos termos são genéricos e subjetivos. E não precisa encanar com isso, pois nem toda pele saudável é igual

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