SOP: dieta Mind pode ajudar a prevenir o problema que afeta ovários
O plano alimentar que faz bem ao cérebro também pode ter efeito em outras partes do corpo
Imagina só poder seguir um padrão alimentar que, além de fazer bem ao cérebro, reduz o risco de síndrome dos ovários policísticos (SOP). Não é pouca coisa: estamos falando da causa mais prevalente de infertilidade ovulatória e anormalidades endócrinas em mulheres em idade reprodutiva.
Pois um estudo recentemente publicado mostrou que mulheres que aderem à dieta Mind podem ter um risco mais de 90% menor de desenvolver a doença. O trabalho ainda precisará ser confirmados por outros estudos, mas há plausibilidade para os benefícios.
Ora, a base da Mind — que combina a mediterrânea e a Dash para proteger o cérebro — é composta por alimentos in natura (frutas, grãos integrais, legumes, vegetais, oleaginosas, azeites, peixes e aves) com restrição para ultraprocessados, frituras, fast-food, carne vermelha e para as chamadas “calorias vazias” – que geralmente não apresentam nutrientes e trazem um excesso de açúcar.
Carboidratos de cereais, pães e massas integrais, hortaliças e frutas devem constituir aproximadamente 50% da dieta, pois a glicose é o principal combustível energético do cérebro.
Anteriormente, um estudo com a dieta cetogênica, rica em gordura e pobre em carboidratos, havia sido estudada contra a SOP. Mas o que o estudo atual sugere é que não é a quantidade de carboidratos que você ingere e, sim, a qualidade deles que pode influenciar na prevenção à doença.
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Os componentes desta dieta ajudam a melhorar o estresse oxidativo e, consequentemente, a resistência à insulina, que é um dos principais fatores de risco associados à SOP. Além disso, as presenças de flavonoides e ômega-3 são importantes para prevenir a inflamação associada a doença.
O que é a SOP e como tratá-la?
A síndrome dos ovários policísticos não tem causa específica estabelecida, mas ocorre quando, devido ao aumento na produção de hormônios masculinos na mulher, o processo de ovulação é interferido.
Isso pode levar à formação de cistos nos ovários e ao atraso ou interrupção da menstruação, consequentemente dificultando as chances de uma gravidez natural.
A SOP é o distúrbio hormonal mais comum em mulheres, afetando 7 a 10% das mulheres em idade fértil. Ela pode causar infertilidade e aumenta o risco de desenvolver diabetes, obesidade e outros problemas de saúde metabólicos.
O principal método de tratamento da SOP é a adoção de um estilo de vida saudável, com uma alimentação balanceada e a prática regular de exercícios físicos. Já a terapia medicamentosa pode ser realizada com pílulas anticoncepcionais para regular a menstruação ou, caso a mulher queira engravidar, indutores de ovulação.
Em caso de resistência insulínica, o médico também pode receitar hipoglicemiantes para controlar o quadro e afastar o risco de diabetes.
As descobertas do estudo atual têm implicações clínicas importantes, especialmente para endocrinologistas, ginecologistas e nutricionistas que, além do tratamento médico, devem planejar cuidadosamente e personalizar recomendações dietéticas individuais para mulheres com SOP.
* Fernando Prado é médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica.
*Marcella Garcez é médica nutróloga, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e docente do Curso Nacional de Nutrologia da Abran.