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Flexitarianismo: por mais equilíbrio e consciência na alimentação

Tendência de abrir espaço a alimentos de origem vegetal e maneirar na carne ganha mercado e pode trazer benefícios à saúde e ao meio ambiente

Por Rodrigo Carvalho, diretor da Positive Brands*
Atualizado em 5 out 2020, 10h12 - Publicado em 3 out 2020, 08h35
o que é flexitarianismo?
Dieta flexitariana propõe priorizar vegetais, mas não exclui totalmente a carne do cardápio.  (Foto: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital)
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Nem oito nem oitenta. A expressão que não define extremos pode ser aplicada ao flexitarianismo. O termo traduz um novo pensamento de consumo alimentar, que vem ganhando cada vez mais adeptos em todo o mundo. Embora o nome soe um pouco estranho, os flexitarianos seguem uma dieta simples: nem totalmente vegana ou vegetariana, nem puramente carnívora ou focada em produtos de origem animal.

A dieta flex busca o equilíbrio. Enquanto os que adotam o modelo plant based eliminam ingredientes como leite, carne e ovos, os flexitarianos seguem uma alimentação basicamente vegetariana, mas eventualmente consomem carne. Um dos pontos positivos é que o cardápio pode ser customizado. Há quem coma carne apenas uma vez por semana, há quem opte por duas ou três refeições com alimentos de origem animal.

A redução do consumo de carne pode ter várias motivações. Algumas pessoas simplesmente não gostam do sabor, outras querem se tornar vegetarianas ou veganas e se valem dessa dieta como forma de transição. Percebo, contudo, que a motivação para aderir ao flexitarianismo tem três pilares principais: saúde, equilíbrio e sustentabilidade. A saúde segue o maior objeto de desejo. O equilíbrio vem como consequência. E o meio ambiente também sai ganhando, afinal, a produção de carne consome muita água e outros recursos naturais.

Até mesmo os grandes produtores de carne estão cientes disso. Em um congresso recente, que reuniu empresas de alimentação, representantes de grandes marcas da indústria da carne mostraram um panorama futuro em que pode faltar proteína no planeta por volta de 2050 caso não haja uma flexibilização no consumo dos produtos de origem animal. Ou seja, o flexitarianismo (e o plant based) pode ser a solução contra a escassez de alimentos.

O termo “flexitariano” não é novo. Foi criado nos anos 1990 pela médica americana especialista em alimentação Dawn Jackson Blatner, autora do livro The Flexitarian Diet (clique para comprar). Mas na última década se tornou mais popular, traduzindo uma forte tendência de consumo. Atualmente, o mercado de produtos de origem vegetal é grande e pujante e só vem evoluindo. Há cinco anos, os primeiros leites de origem vegetal eram feitos usando como base a castanha de caju, e os clientes eram basicamente veganos e alérgicos à proteína do leite de vaca.

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Nesse novo contexto, é cada vez mais frequente ouvirmos pessoas que deixaram de consumir o leite animal e relatam coisas como “estou me sentindo mais leve, menos inchada”. Ao incluir uma gama maior de verduras, frutas e outros produtos de origem vegetal em todas as refeições, acabamos descobrindo uma variedade alimentar incrível e obtendo um saldo positivo à saúde.

Do ponto de vista nutricional, sabe-se hoje que é possível manter uma dieta rica e balanceada, com ingestão adequada de proteínas, sem o consumo de carne. Na dúvida, basta consultar um nutricionista para organizar as substituições no cardápio.

Nem mesmo o sabor, que já foi um obstáculo, pode ser usado como desculpa para não flexibilizar a dieta. Atualmente, os produtos vegetais não devem em nada em textura, cremosidade e sabor aos de origem animal. O hambúrguer vegetal está cada vez mais em alta. Os produtores se empenham em oferecer algo tão bom e nutritivo quanto o original. É um desafio e tanto!

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Mas vale ficar de olho nos rótulos. Nem tudo o que se diz natural é natural de fato. É preciso estar atento aos ingredientes, porque há diversos produtos que se vendem como naturais e são superprocessados e cheios de conservantes. A dieta saudável, e isso vale para o flexitarianismo, deve ser a mais natural possível.

Por fim, uma grande vantagem da dieta flex é o lado social, que dispensa a necessidade de ter que levar “marmita” no jantar em casa de amigos que não seguem o mesmo princípio alimentar. Flexibilidade, afinal, é uma qualidade bem-vinda não apenas à alimentação, mas à vida como um todo. Equilíbrio é flex… e a saúde e o meio ambiente agradecem.

* Rodrigo Carvalho é cofundador e diretor da Positive Brands, empresa por trás das marcas A Tal da Castanha e do Isotônico Jungle

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