Durante o verão, cresce a incidência de edemas e inchaços, principalmente nos membros inferiores, como as pernas e os pés.
O surgimento dos sintomas, em diferentes cenários, pode estar diretamente relacionado à saúde vascular e, sem os devidos cuidados, há uma tendência de agravamento.
Isso acontece porque a circulação sanguínea na pele trabalha para regular a temperatura do organismo. E, no clima quente, ocorre uma dilatação dos vasos durante esse processo, propiciando o agravamento tanto dos edemas como das varizes já presentes.
Pessoas com doenças pré-existentes precisam ter atenção redobrada, já que no calor ocorre a piora dos casos de linfedema, que é um inchaço causado pela alteração nos vasos linfáticos.
Os pacientes com diabetes, por exemplo, devem ficar especialmente de olho em ferimentos nos pés – devido à lenta cicatrização e à falta de sensibilidade – e evitar andar descalços ou com sapatos desconfortáveis.
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Entre esses indivíduos, rachaduras são portas de entrada para micoses interdigitais e infecções de pele, como a linfangite e erisipelas (causadas pela bactéria estreptococos), que se espalham por meio dos vasos e podem causar bolhas e necroses de pele nos casos mais graves.
Essas infecções também são capazes de levar a quadros sistêmicos, como febre, náuseas e vômitos.
A importância de se mexer
Além do calor intenso, a falta de movimentação das pernas (seja em pé ou sentado, durante viagens ou no trabalho) é um fator de risco extra. Nessas circunstâncias, o edema se intensifica com o acúmulo de líquido, principalmente nos membros inferiores.
Por isso, para que haja um retorno venoso e linfático, exercitar-se é fundamental. Fora isso, sempre recomendo aos meus pacientes o uso de meias de compressão para a melhora do retorno de líquidos ao coração.
Outra orientação fundamental para evitar complicações vasculares durante o verão, e que nunca deixo de reforçar nas consultas, é a adoção de hábitos saudáveis na rotina.
Além de praticar atividade física regularmente, isso inclui ingerir bastante líquido; mexer as pernas durante pelo menos 30 minutos, a cada 50 minutos parado; elevar as pernas por 15 minutos, três vezes ao dia; diminuir o consumo de sal; manter uma dieta saudável, sem alimentos gordurosos; secar a pele entre os dedos dos pés adequadamente para evitar micoses; hidratar os pés para que não apareçam rachaduras e evitar o cigarro e as bebidas alcoólicas.
Em todas as idades e situações, é importante estar alerta e ter informações corretas para o diagnóstico precoce de problemas vasculares. Um angiologista ou cirurgião vascular podem ajudar nesse caminho.
*Marcelo Calil Burihan é cirurgião vascular, membro da Comissão de Tromboembolismo Venoso (TEV) da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP) e professor da Cirurgia Vascular da Faculdade Santa Marcelina e preceptor da Residência Médica.