Alimentação mais saudável com a inclusão digital de produtores locais
Foodtechs brasileiras promovem digitalização e crescimento de pequenos fornecedores de produtos naturais, ampliando o ecossistema da alimentação saudável
A escolha por alimentos naturais passou por uma evolução durante a pandemia da Covid-19. Nos últimos 18 meses, o setor encarou uma série de desafios e ultrapassou barreiras como a superestocagem no início de 2020, a escassez de canais qualificados para geração de uma nova demanda digitalizada, a dependência de feiras de rua com movimentação reduzida e a dificuldade de gestão financeira das produções familiares em período de crise.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), o mercado alimentício brasileiro faturou cerca de 789,2 bilhões de reais em 2020, representando um aumento de quase 13% em relação ao ano anterior. Além disso, o segmento de bebidas e alimentos gerou mais de 20 mil novos postos de emprego, taxa de 1,2% acima do registrado em 2019, tornando-se o maior empregador na indústria de transformação do país, com 1,68 milhão de contratações diretas.
Diante de todo o cenário apresentado, a produção familiar de alimentos representa hoje 17% desse mercado, movimentando boa parte da economia local e gerando trabalho e renda para diversas comunidades rurais, além de ter participação significativa na produção e na distribuição dos alimentos que vão para a mesa dos brasileiros.
E, com as novas dinâmicas de consumo, quem tem construído uma ponte cada vez mais robusta entre produtores e consumidores são as foodtechs. Posso falar pela nossa experiência com a Nutritivo: ao selecionar um grupo de pequenos produtores do interior de São Paulo, conseguimos não só ampliar as vendas deles como mantê-los em conexão com seus clientes, que agora buscam informações online sobre produtos naturais, orgânicos e saudáveis.
Para isso, a startup criou o Fundo Local, introduzindo esses pequenos fornecedores no mundo digital. Trata-se de uma iniciativa que garante exposição online sem custo e respeita a produção e a saúde financeira das vendas do produtor. Desde novembro de 2020, o projeto já ajudou a distribuir produtos locais para outros nove estados brasileiros.
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O início desse trabalho consiste no envio de um lote de produtos para ser fotografado em estúdio profissional e adequado ao padrão dos concorrentes. A partir daí, suas descrições são elaboradas, revisadas com métricas de SEO e já programadas em linguagem HTML, de forma que esse material seja inserido em um ambiente digital de integração com demais marketplaces, como Magalu, Mercado Livre, entre outros.
“Poder vender também online passou a ser uma aposta diferente durante a pandemia. O movimento mudou e achamos na internet uma alternativa. Nossos produtos levam carinho e atenção no atendimento nas feiras e poder saber que isso é passado digitalmente aos nossos clientes nos faz pensar em um futuro ainda mais promissor”, relatou a fundadora da Visão Orgânica, Roseli Lopes, que vive atualmente o processo de digitalização de seus produtos por meio do Fundo Local.
Dessa forma, as escolhas de alimentos naturais trazem não apenas benefícios nutricionais aos consumidores, mas também garantem a inclusão digital de pequenos produtores locais, gerando impacto positivo em todas as entregas realizadas em diferentes estados brasileiros, além de contribuir diretamente com a situação econômica de comunidades rurais.
* Marcos Iazzetti é digital lead e cofundador da foodtech Nutritivo