O letal desprezo à vida saudável
Especialista reflete sobre o impacto de determinados hábitos na saúde dos brasileiros
A edição 2016 do estudo Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), recém-publicado pelo Ministério da Saúde, apresenta três dados positivos: aumentou o consumo regular de frutas e hortaliças, cresceu a prática de atividade física no lazer e caiu a ingestão de refrigerantes e sucos artificiais.
As boas notícias, infelizmente, param por aí. Embora sejam bem-vindos, esses avanços são incipientes, pois não foram acompanhados de melhoria dos índices de saúde dos brasileiros. Na verdade, houve piora dos fatores de risco para doenças cardiovasculares entre 2006 e 2016.
Os achados são preocupantes: o excesso de peso cresceu 26,3% em dez anos, passando de 42,6% para 53,8% da população; o número de pessoas com diabete saltou 61,8%, variando de 5,5% para 8,9% dos cidadãos; existem 14,2% mais hipertensos, com índices subindo de 22,5% para 25,7%; e o consumo abusivo de álcool expandiu mais de 20%.
A triste conclusão que se tira dessas estatísticas é que é plenamente esperado que as doenças cardiovasculares continuem sendo a principal causa de morte no país, matando cerca de 350 mil brasileiros por ano. Muito embora o tratamento médico seja importante, é fundamental que adotemos medidas de prevenção para reverter o quadro. Por isso, devem ser multiplicadas as campanhas de esclarecimento e a disseminação de informações corretas sobre mudanças no estilo de vida.
Apesar de ser do conhecimento de muita gente, nunca é demais lembrar que precisamos evitar excessos de gordura, sal e açúcar na alimentação, abandonar o tabagismo e ingerir álcool com moderação. Quem está obeso ou acima do peso deve se esforçar para ficar de bem com a balança. Exercícios físicos, sempre com orientação, contribuem para prevenir e controlar o diabete e a hipertensão. Também temos de dominar o estresse, reservar um tempo para o convívio com a família e os amigos e não esquecer as boas noites de sono.
O conhecimento científico comprova que as atitudes listadas acima são as maiores armas na luta para a promoção de saúde e o combate à doença cardiovascular. Adotá-las, porém, é uma opção individual. Negligenciar essas recomendações pode representar um descuido fatal que encurtará sua vida e provocará dor e saudade nos entes queridos que aqui ficarem. Portanto, seja responsável, cuide-se e mude, se preciso, seus hábitos. Essa é a chave para uma vida longa, saudável e feliz.
*Dr. Ibraim Masciarelli Pinto é cardiologista e presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp)
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