Por que todo mundo deveria meditar
Um dos maiores nomes da meditação no país reflete sobre o papel central dessa prática em tempos acelerados como os atuais
A meditação parece algo novo, mas tem mais de 3 mil anos de história. E, embora possa parecer exótica, ela é exatamente do que você precisa. Afinal, você possui cérebro, pulmões e uma vida desafiadora, não?
O fato de a prática ser vista como novidade por muita gente não significa que seja uma moda passageira. Nós, humanos, às vezes demoramos para fazer o que é melhor para nós, sem nem percebermos as consequências.
Veja a higiene, por exemplo. Em uma conversa famosa do século 16, a Rainha Isabela de Espanha disse que não era fã de banhos. A outra Rainha, Elizabeth da Inglaterra, respondeu enérgica: “Pois eu tomo banhos uma vez por mês, mesmo quando eu não preciso!”
Essa história ótima está no livro Uma História Deslavada da Limpeza, de Katherine Ashenburg. Claro, nós pessoas modernas damos risadas. Quem não toma banho tem coceiras, incômodos, cheiros desagradáveis e, convenhamos, terá menos amigos. Mas e a limpeza da mente?
A mente humana precisa de paz, coerência, limpeza… e meditação. Ela consegue até ir adiante sem isso tudo, mas acumulará, como se fossem detritos, ansiedades, medos, confusões, preconceitos e enroscos. Meditar não é uma solução para tudo — mas ajuda que você esteja em sua melhor versão, e assim consiga resolver tudo.
Desde os anos 1970, começaram a ser evidentes os efeitos negativos de nossa vida acelerada. Depressão, ansiedade, dificuldades de sono… E isso antes do e-mail e do WhatsApp.
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Desde aquela época, cientistas renomados buscaram soluções para o declínio da qualidade da saúde mental. Encontraram alguns remédios, que têm efeitos colaterais, e a meditação, que só faz bem.
Em 2017, a Associação Americana do Coração chegou a publicar uma declaração científica de que a meditação reduz o risco cardiovascular — a maior causa de mortalidade do mundo hoje. Existem estudos mostrando que a prática melhora o sono, combate enxaqueca, regula o sistema imunológico e traz mais felicidade.
Todas as pessoas podem meditar. A prática é bem mais fácil do que se imagina! Meditar não é manter a mente vazia. E existem milhares de tipos e escolas. É muito útil fazer, no começo, meditações guiadas, como as do aplicativo Atma. Uma voz com experiência irá conduzir você.
O momento certo para meditar é aquele que você consegue encaixar na rotina. Podem ser três, cinco, dez, 50 minutos! O importante é entender que a meditação não é uma obrigação, e sim um presente que você dá a si mesmo.
O resto do dia fluirá melhor, com mais inteligência e menos caos, com mais empatia e menos atritos. É possível meditar em casa, no avião e até por alguns momentos no trabalho. Afinal, é algo discreto que acontece dentro de você, com os olhos fechados. Não é preciso sentar de pernas cruzadas, nem ter equipamentos especiais.
A meditação vai sucessivamente nos levando a um estado de paz, de coragem e de força interna. Para buscar seus sonhos, e alcançá-los, é necessário ter autoconhecimento. Ser você mesmo — por inteiro — é um desafio recompensador. Que traz paz, significado e conquistas.
* Satyanatha é mestre de meditação, consultor e voz do aplicativo Atma, da Vivo, e autor de obras como Seja Monge: A Arte da Meditação (Fontanar). Aos 22 anos, abandonou uma promissora carreira e tornou-se monge, após viver em um monastério na Índia. Desde então, são mais de duas décadas dedicadas a inspirar e instruir pessoas a meditar.