Otimizando a saúde óssea em diferentes fases da vida
Especialista explica o que é a osteoporose, quais seus riscos - e o que podemos fazer para não sofrer com ela
A osteoporose torna os ossos frágeis, aumentando o risco de fraturas. Em pessoas com essa doença, as fraturas podem ocorrer após trauma mínimo, como quedas da própria altura, ou mesmo sem trauma aparente. A doença é frequentemente silenciosa, sem sintomas óbvios.
Por isso, muitas pessoas só sabem que têm osteoporose após sofrerem uma fratura. Mas a boa notícia, que merece ser espalhada, é: osteoporose tem prevenção!
É estimado que 10 milhões de brasileiros tenham a doença. Em mulheres com mais de 45 anos, as fraturas em decorrência da osteoporose resultam em mais dias de hospitalização do que muitas outras doenças, como o diabetes, infarto e câncer da mama. Evento mais temido, a fratura do quadril aumenta o risco de morte (até 20-24% dos pacientes morrerão nos primeiros 12 meses após essa lesão) e causa perda da autonomia.
+Leia também: Por que a osteoporose atinge mais as mulheres?
Mas não pense que esse problema só deve preocupar os mais velhos. Como muitos dizem, a osteoporose é uma doença pediátrica com consequências geriátricas. Ou seja, desde a infância e a adolescência tomamos atitudes que, lá na frente, podem culminar em ossos fortes ou fracos.
Como a osteoporose ocorre?
Desde o nascimento até a vida adulta, os ossos crescem em tamanho e densidade. O pico de massa óssea ocorre por volta dos 20 a 30 anos.
Para manter o nosso esqueleto forte, o osso é constantemente renovado ao longo da vida. Em um processo constante denominado remodelação óssea, o tecido ósseo velho é removido e substituído por um tecido ósseo novo.
Entretanto, nas pessoas com osteoporose ocorre um desequilíbrio. De forma progressiva, cada vez mais um pedaço do osso é removido sem a devida substituição por um novo. Isso faz com que o esqueleto se torne gradualmente mais frágil.
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Como evitar a osteoporose?
Aí que está: um estilo de vida saudável em todas as fases da vida contribui para que esse processo de remodelamento ósseo ocorra de forma saúdavel.
As medidas preventivas começam na infância, com dieta saudável e rica em cálcio e proteína e prática de atividades físicas (ou seja, brincadeiras, esportes). Adotando essas práticas, a pessoa cria uma grande reserva de massa óssea.
Aliás, mesmo antes do nascimento, uma nutrição ideal e um estilo de vida saudável durante a gestação fazem a diferença na saúde óssea do futuro bebê. Depois, a ingestão de cálcio deve ser aumentada durante os períodos mais críticos do crescimento ósseo, considerando fontes alimentares de cálcio adicionais, que incluem certos vegetais verdes, peixes enlatados, como as sardinhas, as nozes e o tofu com cálcio.
Nas crianças, os períodos de crescimento ósseo mais rápido ocorrem a partir do nascimento até os 2 anos de vida e por volta da puberdade, quando a maturação sexual acontece. Isso ocorre aproximadamente dos 11 aos 14 anos nas meninas e dos 13 aos 17 anos nos meninos.
Durante a puberdade, a velocidade de acúmulo de tecido ósseo na coluna e no quadril aumenta aproximadamente cinco vezes.
Mesmo depois de alcançar o pico de massa óssea, fazer exercícios e comer bem reduz o ritmo de perda da integridade do esqueleto. Aliar isso com práticas que trabalhem postura, equilíbrio, força e coordenação (e que, portanto, minimizam o risco de quedas) é valioso.
Sinais e sintomas da osteoporose
A perda óssea causada pela osteoporose ocorre habitualmente sem quaisquer sintomas. Mas há duas manifestações “visíveis” que sugerem a presença da osteoporose: perda de altura de 4 centímetros ou mais e aparecimento de uma curvatura ou corcunda na parte superior das costas.
A maioria das fraturas vertebrais não causam dor e, por isso, devem ser ativamente pesquisadas.
O que causa osteoporose
Além de estar atento aos sinais, é importante reconhecer os fatores que aumentam o risco de osteoporose. Há ameaças que podemos mudar. São elas:
- Nutrição deficiente, com baixa ingestão de cálcio
- Consumo excessivo de álcool
- Tabagismo
- Baixo peso corporal
- Deficiência de vitamina D
- Transtornos alimentares
- Sedentarismo
- Quedas frequentes
Já outros fatores não podem ser alterados:
- Envelhecimento
- Nascer com o sexo feminino
- Menopausa
- Histórico familiar e genética
- Uso de certos medicamentos, como corticoides e antidepressivos
- Presença de certas doenças, como diabetes e doença renal crônica
*Charlles Heldan de Moura Castro é reumatologista, professor adjunto da Disciplina de Reumatologia da Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP), e membro da Sociedade Paulista de Reumatologia (SPR).