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Por que a osteoporose atinge mais as mulheres?

Médico esclarece por que a população feminina sofre tanto com a doença que fragiliza os ossos. Identificá-la cedo é crucial para prevenir suas consequências

Por César Eduardo Fernandes, ginecologista*
Atualizado em 26 mar 2021, 16h34 - Publicado em 26 mar 2021, 12h15
ilustração de fratura de fêmur
Fratura de fêmur, uma das mais graves, está fortemente relacionada à osteoporose. (Ilustração: GI/Getty Images)
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A osteoporose constitui, nos dias atuais, um importante problema de saúde pública. No Brasil, ainda que a incidência não esteja bem clara, não podemos subestimar os números, já que tudo leva a crer que são mais de 10 milhões de pessoas com a doença, a maioria mulheres. E nossa população está envelhecendo.

A osteoporose é marcada pela diminuição progressiva da densidade dos ossos. Isso aumenta o risco de fraturas, sendo que as fraturas vertebrais são as mais comuns. Para ter ideia, estimamos que um terço das mulheres acima de 65 anos tem uma ou mais fraturas nas vértebras.

Mas são as fraturas de fêmur, de longe, as mais graves: elas acarretam hospitalização e expressiva mortalidade nos três ou quatro meses após a ocorrência. As pacientes que sobrevivem a uma fratura nessa região penam para ter bons resultados nos programas de reabilitação. Não raro, têm de conviver com sequelas importantes, como restrição ou perda definitiva da capacidade de andar.

E por que as mulheres são mais acometidas pela osteoporose? A história tem a ver com os hormônios. Na osteoporose, vemos uma redução da massa óssea a níveis insuficientes para a função de sustentar o esqueleto. Pois os hormônios femininos, genericamente denominados de estrogênios, têm importância basilar para a integridade e a resistência óssea.

Assim, a deficiência desse hormônio a partir da menopausa tem um efeito deletério à robustez dos ossos. Isso explica por que a osteoporose é bem mais comum em mulheres com mais de 50 anos.

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É oportuno lembrar que, com a menopausa, os ovários deixam de produzir ovulações mas também de fabricar estrogênio. E a carência do hormônio nesse período acelera e amplifica a perda de massa óssea nas mulheres. Como resultado, os ossos ficam mais frágeis e rarefeitos, o que contribui para a ocorrência de fraturas.

Não podemos, portanto, negligenciar a identificação das pacientes com maior risco para fraturas por osteoporose. Devemos ter em mente que essa é uma doença que se instala sorrateira e silenciosamente. Em muitos casos, ela só é diagnosticada quando ocorre uma fratura.

A época da menopausa é propícia para empreender, junto ao médico, medidas preventivas e terapêuticas. Intervir na hora certa, quando ainda não existem sintomas e a perda óssea não começou ou evoluiu, é a tática mais eficaz para alterar o curso da doença e mitigar seus danos.

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Rastrear as pacientes de alto risco para osteoporose é fundamental. Isso nos dá uma oportunidade de salvar vidas, evitar o sofrimento humano e poupar recursos econômicos para um sistema de saúde combalido, como o do nosso país.

* César Eduardo Fernandes é professor titular de ginecologia da Faculdade de Medicina do ABC, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB) e membro da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso)

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