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O esforço nacional pela redução no consumo de açúcar

O Brasil é a quarta nação que mais consome o ingrediente no mundo. Executivo explica como a indústria e a sociedade precisam rever isso e realizar mudanças

Por Rafael Ferrarese, diretor de Food & Nutrition da IMCD Brasil*
9 jul 2021, 18h00
foto de cubos de açúcar em colheres demonstrando quantidade diária de consumo de açúcar
Acordo entre governo e indústrias para diminuição do açúcar nos produtos e novas regras de rotulagem buscam minimizar exposição da população ao excesso do ingrediente. (Foto: Tomás Arthuzii/SAÚDE é Vital)
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Atualmente, a população brasileira consome, em média, 80 gramas de açúcar ao dia. Só que, tomando por base uma dieta de 2 mil calorias diárias, a recomendação estabelecida por estudos e especialistas fica entre 25 e 50 gramas por dia. Isso significa que estamos fora do padrão proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela orienta que a ingestão de sacarose (mais conhecido por aí na forma de açúcar branco) não ultrapasse 10% do total de calorias diárias — o ideal seria manter abaixo dos 5%.

Sabemos que o abuso do açúcar pode elevar o risco de obesidade e doenças crônicas como diabetes, hipertensão e câncer. Hoje, o Brasil está atrás somente da Índia, da União Europeia e da China no consumo do ingrediente. Porém, temos que ter em mente que esses são territórios bem mais populosos que o nosso, o que eleva a gravidade dessa pauta por aqui.

O Ministério da Saúde firmou um termo de compromisso para a redução de açúcares em 2018 envolvendo algumas categorias de alimentos industrializados. Os fabricantes possuem metas acordadas para cumprir até o final de 2022. Esse pacto tem o objetivo de retirar do mercado 144 mil toneladas de açúcar.

Segundo o ministério, o açúcar presente nos alimentos industrializados corresponde a 36% do total consumido no Brasil. Os outros 64% seriam adicionados pelo próprio indivíduo em sucos, cafés e demais receitas do dia a dia. Portanto, o acordo com a indústria é necessário, mas não resolve completamente o problema. A conscientização da população é de extrema urgência também.

Médicos e nutricionistas ressaltam que a diminuição da sacarose pela indústria alimentícia não deve ser sinônimo de um aumento no uso de edulcorantes (adoçantes). A preferência sempre deve ser dada a alimentos in natura e produtos minimamente processados.

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Além do desafio da redução do açúcar pela indústria e a sociedade, temos no horizonte as novas regras de rotulagem dos alimentos, que têm o intuito de proteger a população e ajudar os brasileiros a realizar escolhas mais informadas e conscientes nos termos do código de defesa do consumidor.

Algumas embalagens poderão contar com uma lupa chamando a atenção para o alto teor de certos ingredientes. Não será aplicado apenas para o açúcar — sódio e gordura também entrarão no páreo. Esse novo modelo de rotulagem definido pela Anvisa tem semelhanças aos adotados por países como Chile, Uruguai e Canadá.

Essa é uma primeira onda de mudanças. Estima-se que, em quatro anos, governo e indústria se reúnam novamente para ver os avanços, firmar outro pacto e estipular novas metas de redução do açúcar, englobando mais categorias ou as mesmas já impactadas. Tudo isso faz parte de um esforço nacional (e global) para melhorar a alimentação e a saúde dos brasileiros.

* Rafael Ferrarese é diretor de Negócios Food & Nutrition da IMCD Brasil 

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