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Por que o azeite ficou tão caro e como não deixar faltar em casa

O óleo mais saudável para o consumo está pesando no bolso. O que fazer para a gordura boa não sumir da despensa?

Por Ingrid Luisa
29 jul 2024, 08h53
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A gordura boa mais popular está muito cara. Entenda como economizar (Foto: Portugal2004/Getty Images)
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Qualquer lista de compras que se pretenda ideal ostentará entre seus itens o azeite de oliva.

Mas não é de hoje que o preço foi um fator limitante para levá-lo à cozinha. Por que gastar 20 reais numa garrafa se existiam outros óleos por 5, pensavam alguns.

Para muita gente, porém, o investimento valia a pena: não há gordura vegetal mais saudável, e o ingrediente não passa por processamento industrial. Mais: o sumo das azeitonas é um dos trunfos da dieta mediterrânea, eleita a mais equilibrada do planeta.

Ocorre que, desde 2022, o preço do produto decolou, limitando o acesso a um número cada vez maior de brasileiros. Aquela garrafa que custava 20 não sai por menos de 40 reais! Afinal, o que aconteceu?

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A culpa pela inflação reside no fenômeno climático El Niño, que deixou a região do Mediterrâneo onde abundam as oliveiras mais seca e quente justo na época da floração.

“Elas são uma espécie bianual por natureza: você tem uma safra boa agora, seguida de outra não tão boa”, diz o expert em azeites Ricardo Castanho, da Associação Brasileira de Sommeliers. “Só que o cultivo entre 2022 e 2023, que deveria ser positivo, foi bastante prejudicado.”

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Pois é, o tempo esquentou para o óleo de oliva. “A produção espanhola, que era de 1,3 milhão de toneladas, caiu para 600 mil. Itália, Portugal e Grécia também foram afetados”, retrata Castanho.

E o desespero bateu: em Jaén, na Andaluzia, onde são produzidos cerca de 20% do azeite mundial, houve até procissão pedindo chuva! “Sem água, não há azeitona, e, sem azeitona, a província sofre”, declarou o bispo da cidade.

Para os brasileiros, a situação ficou ainda mais feia, já que importamos 99,5% do azeite. Entre fevereiro de 2023 e fevereiro de 2024, segundo a consultoria de mercado Horus, os preços do produto extravirgem de 250 ml aumentaram 51%, enquanto os de 500 ml subiram 43%.

O resultado se vê nas gôndolas, nas despensas e na internet: muita gente reclamando e abdicando da aquisição. Pela apuração junto a notas fiscais, calcula-se que as compras tenham caído pela metade do ano passado pra cá.

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A produção nacional também sofre, mas por motivos contrários: excesso de chuvas durante a floração. No Rio Grande do Sul, um dos polos do cultivo, a produtividade despencou: enquanto a safra 2022/2023 gerou 580 mil litros, a de 2023/2024 rendeu 193 mil.

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“Todos os lagares sofreram com as chuvas, e o azeite no Brasil é uma cultura nova. Faltam incentivo, seguro, crédito e até mesmo produtor”, afirma a sommelière Glenda Hass, fundadora da Lagar H, marca de azeite extravirgem já premiada internacionalmente.

Para ela, a crise lá fora é uma oportunidade para desbravar o azeite nacional. “Quanto mais fresco, melhor. O produto importado vem de navio, já não chega igual. O brasileiro, ainda que um pouco mais caro, estará mais próximo e terá uma ótima qualidade”, argumenta.

Bem, é hora de fazer as contas e conter os danos para não faltar óleo saudável em casa. E VEJA SAÚDE pretende te ajudar nessa!

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Azeite não é tudo igual: entenda os tipos

Nem todo azeite é igual: entenda as diferenças do que é vendido no mercado

Extravirgem

Puro suco de azeitonas perfeitas, é feito apenas por prensagem, sem processamento. É rico em polifenóis e tem características químicas e sensoriais de qualidade. Considerado perfeito para saladas e tudo que é receita.

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Virgem

Oriundo de algumas azeitonas defeituosas, sua acidez é maior que a do extravirgem, mas ainda é uma boa opção de fonte de gordura. Não é o ideal para seu molho de salada, mas dá para incrementar os pratos da cozinha.

Tipo único

A indústria refinou um azeite feito de frutos fermentados, antes não próprios para consumo, e adicionou um pouco de extravirgem para dar um cheirinho. Assim nasceu o azeite tipo único. Menos benéfico, mas dá para cozinhar…

Aromatizados

Também chamados de condimentados ou saborizados, são azeites extravirgens que misturam ingredientes selecionados, como pimenta, alecrim, alho negro, trufas e cítricos. Ideal para dar sabor extra aos preparos.

+Leia Também: Meia colher de sopa de azeite ao dia para viver mais

Dicas para preservar o azeite

Sem cuidado, ele oxida e perde benefícios

Controle de luminosidade

A luz, inclusive a solar, estimula a deterioração da gordura. Por isso, prefira os óleos de vidros escuros e mantenha seu produto longe dos raios luminosos.

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Temperatura moderada

Jamais deixe o azeite perto do fogão, pois o calor pode afetar o sabor e o aroma. O ideal é deixar em um armário fresco, com temperatura por volta de 20ºC.

Devidamente fechado

O contato com o ar também faz com que o líquido oxide, perdendo suas características louváveis. Após aberto, o recomendado é usar por até 60 dias.

+Leia Também: Azeite só faz bem na salada?

De olho no rótulo do azeite

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O que avaliar nos rótulos dos azeites (Foto: fcafotodigital/Getty Images; Ilustrações: Letícia Raposo/Estúdio Coral/Veja Saúde)

+Leia Também: Como o azeite de oliva pode ajudar a evitar doenças cardíacas

Substituições práticas a essa gordura

Não dá para usar o azeite de oliva? Há alternativas

Para refogar e preparar receitas
Manteiga e óleos vegetais são opções viáveis aqui. Não oferecem o mesmo gosto e as propriedades do azeite, mas rendem refeições gostosas.

Para temperar a salada
Aposte em vinagre, suco de limão, iogurte… Vale até colocar água para aumentar o volume, se for preciso racionar a cota de azeite entre verduras e legumes.

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Para finalizar
A única substituição válida aqui é de um azeite extravirgem por um virgem. Outros óleos vegetais refinados não são tão saborosos e bem-vindos à saúde no modo cru.

+Leia Também: Por dentro do azeite: fuja das fraudes

Como escolher seu azeite

Azeitonas e tipo de processamento importam

Utilidade
Pondere para que você vai usar. Se for só para refogar, vale trocar o extravirgem por um virgem ou até tipo único, se estiver mais barato. Para a salada, melhor optar pelo extravirgem.

Tamanho
Garrafas menores são mais baratas, mas as de 500 ml geralmente têm melhor custo/benefício. Se você escolher outro óleo vegetal para cozinhar, convém comprar o pote menor.

Qualidade
Azeites brasileiros são caros, mas fornecem gordura da boa. E dá para comprar direto com o produtor. Caso vá de importado, confira todos os parâmetros exibidos no rótulo.

+Leia Também: Fraudes em marcas de azeite extravirgem são detectadas pela PROTESTE

Dá para fazer o azeite render mais?

Sim, se for preciso. O bolso vai agradecer

Maneire na quantidade
Não é hora de banhar nada em azeite! Um fio é o suficiente para grelhar e finalizar. Caso vá fazer fritura de imersão, opte por outros óleos vegetais. Só não abuse.

Use apenas no final
Apesar de o azeite ser uma ótima gordura, é hora de priorizar a finalização de pratos e as saladas. Vá de manteiga ou outros óleos para cozinhar.

Misture com outras gorduras vegetais
Que os sommeliers não nos ouçam, mas essa é uma opção para quem não quer abrir mão. Só não utilize o expediente em saladas, sob pena de comprometer o sabor.

+Leia Também: Na cozinha com os óleos vegetais

Mito e verdades sobre azeite

Por ser um produto caro e muito fraudado, ele está cercado de desinformação

É verdade que o azeite extravirgem oxida em altas temperaturas?

Ele chega a 180°C sem alteração ou degradação. Dificilmente frituras atingem temperaturas acima disso; então dá, sim, pra fritar no azeite.

Pode reutilizar o azeite após uma fritura?

Sim, desde que você se certifique de que ele não passou do ponto. Dá para retirar os resíduos de alimentos que ficaram no óleo e guardar para uma próxima.

Procede que a cor da tampa do azeite define sua qualidade?

Não! Algumas marcas utilizam tampas de várias cores para distinguir os tipos dos seus azeites, mas não existe padrão para isso. Leia sempre o rótulo.

Vale a pena fazer estoque de azeite na promoção?

Considerando sabor, não. O melhor azeite é o mais fresco, então estocar por muito tempo não é legal. Mas, em um aperto, se estiver dentro da validade, é uma saída.

Devo ingerir azeite como suplemento para doenças crônicas?

Até duas colheres de sopa de azeite por dia é o máximo de ingestão que, segundo estudos, ofereceria alguma proteção. Não exceda, pois azeite é gordura.

+Leia Também: É tempo de azeite para os brasileiros!

Conheça o azeite brasileiro

Embora seja mais recente, marcas nacionais já são reconhecidas pela excelência e qualidade ímpar!

Colônia barrada
As oliveiras chegaram antes da Independência, mas Portugal não gostou: proibiu o plantio e nos obrigou a só comprar azeite de lá. Ainda hoje, 60% do óleo vendido por aqui vem da antiga metrópole.

Alta importação
O Brasil importa mais de 99% do azeite. E olha que, em números absolutos, somos o segundo maior consumidor desse óleo no mundo: média de 100 milhões de litros por ano. A maioria vem de Portugal e Espanha.

Cultivo tardio
Por muito tempo se achou que as condições de clima e solo no país não permitiam o cultivo da oliveira. Apenas em 2008, em Maria da Fé, Minas Gerais, extraiu–se o primeiro azeite extravirgem nacional.

Domínio do sul
Graças ao clima, os estados que mais se destacam na produção estão no Sul e no Sudeste. Só o Rio Grande do Sul produz 500 mil litros por ano. Mas há cultivo até na Chapada Diamantina, na Bahia.

Qualidade máxima
O Brasil produz com padrão internacional de qualidade, e várias marcas já foram premiadas: em 2023, 12 delas ficaram entre as 500 melhores no ranking Flos Olei, um dos mais importantes do mundo.

+Leia Também: Azeite de oliva para queimar gordura corporal

Outras opções de gordura vegetal:

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Se não der pra comprar azeite, veja alternativas! (Foto: fcafotodigital/Getty Images)
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