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Açúcar é veneno? Entenda por que você deve fugir desse discurso

Sim, o excesso faz mal, mas afirmar que vicia ou que vai te dar câncer é extrapolar o bom senso

Por Ingrid Luisa
18 out 2024, 13h50
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Açúcar em excesso, faz mal. Mas precisa excluir 100%?  (Foto: Bruno Marçal/Veja Saúde)
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Essa matéria faz parte do dossiê Tribunal da Comida, publicado na edição de outubro (508). Clique aqui para ler os outros conteúdos.

O açúcar é um dos alimentos com pior reputação ultimamente.

Não estamos falando dos carboidratos em geral — que no organismo são transformados em açúcar —, mas da versão de mesa, ingrediente de doces e guloseimas e adicionada a sucos e cafezinhos.

Seu nome químico é sacarose. E ele não tem ficha limpa. A culpa, contudo, não mora no açúcar em si, mas em exagerar na dose. Os alertas se somam ano após ano.

O último deles vem de uma revisão de estudos, publicada pelo British Medical Journal. Depois de avaliarem mais de 8 mil pesquisas (!), os cientistas identificaram uma ligação cristalina entre o alto consumo de açúcar e 45 condições que encurtam a qualidade ou a expectativa de vida.

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A lista engloba diabetes, obesidade, pressão alta, ataque cardíaco, câncer, derrame, asma, gota, depressão, cárie e até morte precoce.

O ponto preocupante é que, mesmo ciente de que açúcar demais não combina com saúde, o brasileiro mete o pé no doce. Pelas contas do governo, a ingestão média no país chega a 80 g por dia, muito acima do limite recomendado pela OMS de 25 g.

A história do nosso país — cuja economia se baseou durante um bom tempo no cultivo de cana — ajuda a explicar nossa preferência por esse sabor. Mas fato é que podemos reeducar o paladar. E sem radicalismos, por favor.

+Leia Também: Adoçante ou açúcar: qual devo usar?

Polêmicas, no entanto, seguem azedando a discussão e o entendimento. Em 2021, a ex-confeiteira e influencer Dani Noce, que ficou famosa nas redes sociais após experimentar receitas ultradoces de brownies e bolos, afirmou que parou de fazer seus pratos porque descobriu que “açúcar com gordura é basicamente cocaína”.

A comparação com uma droga ilícita causou revolta de um lado e aplausos do outro.

De lá para cá, fervilharam pela internet desafios de confeitaria sem açúcar e depoimentos de pessoas que deram adeus àdependênciapor ele.

Outro conteúdo campeão de audiência nesses domínios é o do gênero “Aprenda a se livrar do vício em açúcar”. Mas será que isso existe mesmo?

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Até existem estudos sugerindo que o açúcar tenha efeitos semelhantes aos de drogas no sistema de recompensa cerebral. Mas não há consenso a respeito. “Ainda há muitas informações controversas, investigações pequenas e pouco confiáveis. Não dá para cravar que o açúcar vicia da mesma forma que outras substâncias”, diz a nutricionista Lara Natacci, colunista de VEJA SAÚDE.

Na tentativa de validar a hipótese do vício, alguns artigos postulam que o consumo de açúcar libera dopamina e serotonina no cérebro, assim como fazem as drogas. Mas, se você raciocinar a fundo, verá que praticar exercícios, abraçar ou ouvir música também libera neurotransmissores por trás da sensação de bem-estar e nem por isso causam dependência.

Até porque a relação do ser humano com o açúcar é mais complexa. Nossos antepassados, que viveram num mundo em que nem sempre havia garantia de comida à disposição, desenvolveram uma predileção por fontes imediatas de energia.

E não há melhor exemplo disso que os redutos de açúcar. “Existem trabalhos científicos que mostram que, desde bebês, preferimos o sabor doce, e ele desperta sensações positivas que nos fazem comer mais. Mas daí a viciar há uma longa distância”, aponta o médico Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

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+Leia Também: É verdade que açúcar vicia? Saiba o que diz a ciência

Compulsivos ou não, caímos em maus lençóis quando nos excedemos no açúcar, geralmente nas colheradas adicionadas ou por meio dos alimentos ultraprocessados lotados do ingrediente.

Eis um prato cheio para o aumento de processos deletérios ao organismo, inclusive a inflamação, e do risco de doenças crônicas. Se você sente que perde o controle diante dos doces, o ideal é buscar ajuda com um profissional de saúde para achar a raiz desse comportamento.

Agora, esse cuidado não deve ser interpretado como a condenação absoluta do açúcar. Ora, a doçura faz parte do nosso DNA. “Ninguém deve embarcar naquele terrorismo nutricional de que açúcar é veneno”, afirma a nutricionista Sophie Deram, no livro Pare de Engolir Mitos (Sextante). “Ele não é obrigatório ou mesmo necessário, mas faz parte da nossa cultura e do nosso bem-estar.”

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Pior ainda é cair na história, também disseminada nas redes, de que as frutas deveriam ser escanteadas por terem… açúcar.

“Isso também não é verdade, porque, além da frutose natural, elas fornecem fibras, vitaminas, compostos bioativos”, elucida Lara. Pois é, sobrou até para a turma da pera, uva, maçã…

página com infos sobre açúcar
Mais sobre o açúcar! (Foto: Bruno Marçal/Veja Saúde)

Mas é hora de sairmos desse tribunal. Pão, leite, ovo e até um docinho vez ou outra: todos podem fazer parte do dia a dia.

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Os juízes da internet continuarão caçando vilões, mas agora você já sabe que essa história de um único culpado na alimentação não resiste à defesa da ciência.

Clique aqui para continuar lendo o dossiê Tribunal da Comida 

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