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Venvanse: bula, para que serve e quais são as reações adversas

Esse remédio derivado de anfetamina atua na regulação do foco, impulsividade e apetite de pacientes com TDAH e compulsão alimentar

Por Larissa Beani
6 mar 2024, 16h02

Aumento da concentração, diminuição da impulsividade, redução do apetite… esses são alguns dos efeitos do Venvanse, um medicamento importante ao tratamento do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e do transtorno de compulsão alimentar (TCA).

Além da relevância para tratamentos de saúde, a formulação também tem ganhado popularidade no mercado ilegal, sendo comercializada a quem busca aumentar a produtividade – o que é um risco!

A seguir, entenda como age o produto, quais são as suas principais indicações e o que pode acontecer em caso de consumo indevido.

+ Leia também: Como é feito o diagnóstico de TDAH?

O que é o Venvanse

Venvanse é o nome comercial do dimesilato de lisdexanfetamina, um derivado de anfetamina utilizado, principalmente, no tratamento do TDAH.

O medicamento tem efeito estimulante e ajuda a regular diversas atividades do sistema nervoso central, como  aumentar a atenção e diminuir a hiperatividade de crianças e adultos com o diagnóstico.

Para que serve e como age

A principal indicação do Venvanse é para o tratamento do TDAH em pacientes a partir dos 6 anos de idade. O medicamento pode estar associado ao uso de outras fórmulas e, ainda, de terapias comportamentais.

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Para o tratamento dessa condição, a fórmula age estimulando a atividade de dois neurotransmissores: a dopamina, que está associada à motivação, ao prazer e à felicidade, e a noradrenalina, relacionada ao humor, à disposição e diversas outras funções do corpo.

“Uma das hipóteses sobre a origem do TDAH envolve uma desregulação dos sistemas dopaminérgico e noradrenérgico, que funcionam como um mecanismo de recompensas do cérebro”, explica Ricardo Assmé, psiquiatra e professor do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP). “O Venvanse age sobre essas vias e, assim, é capaz de diminuir a impulsividade e aumentar o foco de pessoas com a condição.”

+ Leia também: Por que precisamos falar de TDAH na vida adulta?

Composto por um derivado de anfetamina ligado a um aminoácido (a lisina), a fórmula é de liberação prolongada. Ou seja, pode durar até 12 horas no organismo.

Outro uso descrito em bula é para o tratamento do transtorno de compulsão alimentar a partir dos 18 anos. A condição é caracterizada pelo hábito de comer grandes quantidades de alimento e de forma descontrolada, sem ter apetite. O episódio de compulsão alimentar geralmente é seguido por um sentimento de culpa e esgotamento.

“Assim como outros estimulantes derivados da anfetamina, o Venvanse tem uma atuação sobre o hipotálamo que pode reduzir o apetite“, explica Marcelo Heyde, psiquiatra do Hospital São Marcelino Champagnat (PR). “Além do medicamento, o tratamento de compulsão alimentar deve envolver acompanhamento nutricional e psicológico.”

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Formas de administração

O medicamento deve ser ingerido por via oral, na concentração indicada pelo especialista. A dose inicial recomendada do Venvanse costuma ser de 30 miligramas (mg) e pode aumentar de acordo com a necessidade de cada paciente, jamais excedendo 70 mg por dia.

É indicado que o paciente tome o medicamento pela manhã, com ou sem alimentos. O uso do Venvanse à tarde ou à noite não é aconselhável, já que os efeitos estimulantes da fórmula podem atrapalhar o sono e causar insônia.

Em caso de esquecimento de uma dose, há duas recomendações. Se o indivíduo se lembrou ainda pela manhã, ele pode tomá-la na hora. No entanto, se só se recordou mais tarde, o ideal é pular a dose para não prejudicar o sono. No dia seguinte, continue o tratamento normalmente e não dobre a dose para compensar.

+ Leia também: Vem aí a atomoxetina, primeiro medicamento não estimulante para TDAH

Além disso, é importante ressaltar que a administração de Venvanse não deve ser interrompido abruptamente após uso prolongado, com risco de desenvolver de fadiga e depressão. Converse com seu médico sobre as melhores estratégias para ajustar ou descontinuar o tratamento.

“O uso prolongado do Venvanse deve ser acompanhado periodicamente, colocando na balança os benefícios e os possíveis efeitos adversos que o paciente possa apresentar”, afirma Heyde, também professor de psiquiatria na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

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Efeitos adversos

Os efeitos colaterais podem variar entre os pacientes que estão tomando o medicamento para tratar o TDAH ou o transtorno da compulsão alimentar, mas, em geral, a maioria deles é comum a todos.

Entre os mais frequentes, que ocorrem com 10% ou mais dos pacientes, estão a redução do apetite, os problemas para dormir, a dor de cabeça, a sensação de boca seca e a agitação.

Ainda, de 1 a 10% dos indivíduos que tomam Venvanse podem apresentar variações de humor, ansiedade, inquietação, transpiração excessiva, falta de ar, náusea, vômito, perda de peso, bruxismo, batimentos cardíacos acelerados ou descompassados, alterações na libido, entre outros.

Entre os eventos raros estão, por exemplo, hipersensibilidade, disforia (tristeza), euforia, tiques e manias (como falar sem parar, mexer e machucar a pele e incorporar movimentos involuntários ou anormais), visão borrada e dor no peito.

A lista completa de efeitos adversos pode ser consultada na bula (mais abaixo).

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Contraindicações

O uso do Venvanse é desaconselhado a pessoas com determinados problemas de saúde. São elas: doenças cardíacas, endurecimento das artérias, pressão alta moderada a grave, hipertireoidismo e glaucoma.

Aqueles que apresentam muita ansiedade, tensão ou agitação também devem evitar o medicamento, bem como indivíduos com histórico de abuso de drogas.

A contraindicação também se estende a quem tem sensibilidade ou alergia a outros estimulantes e a quem toma ou tomou inibidores da monoamina oxidase (tratamento para depressão) na última quinzena.

Uso inadequado e dependência

O Venvanse é um importante aliado no tratamento do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade e do transtorno de compulsão alimentar, mas, nos últimos anos, têm ganhado manchetes em jornais por causa de uma explosão de casos de uso indevido e dependência.

Por ter a capacidade de aumentar a concentração, o estimulante tem sido procurado principalmente por jovens que querem aumentar a produtividade em longos turnos de estudos e trabalho. “O uso sem indicação médica predispõe ao aparecimento de efeitos adversos graves e dependência química”, afirma Marcelo Heyde.

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+ Leia também: A anatomia dos vícios: por que eles surgem e como domá-los

A pessoa que consome o medicamento sem ter déficit de atenção ou compulsão alimentar pode sentir agitação e ansiedade. “Esse quadro pode evoluir para um ataque de pânico, em que é comum haver  taquicardia, sudorese e cefaleia”, detalha Ricardo Assmé. “Por isso, boa parte das pessoas que experimentam a droga de forma recreativa não voltam a consumi-la, por medo dos efeitos colaterais.”

Consumir a droga em uma dose maior do que a necessária também provocar uma série de reações.

“As manifestações de superdose aguda das anfetaminas incluem inquietação, tremor, reflexos exagerados, respiração acelerada, confusão, agressividade, alucinações, estado de pânico, febre alta e destruição de fibras dos músculos”, descreve a bula. Efeitos cardiovasculares e gastrointestinais também podem estar presentes. E há até risco de convulsões e coma.

Bula do Venvanse

Antes de utilizar qualquer medicação, é recomendável a leitura da bula.

O documento reúne informações sobre modo de usar, posologia, armazenamento, possíveis efeitos colaterais e contraindicações.

Acesse a bula do Venvanse disponibilizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aqui.

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