Depressão: sintomas, diagnóstico, prevenção e tratamento
Considerada o "mal do século" pela Organização Mundial da Saúde, a depressão ainda é um desafio para médicos e pacientes. Conheça seus detalhes
A depressão é caracterizada pela perda ou diminuição de interesse e prazer pela vida, gerando angústia e prostração, algumas vezes sem um motivo evidente.
Aproximadamente 280 milhões de pessoas no mundo convivem com o transtorno, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Hoje, a condição é considerada a quarta principal causa de incapacitação, segundo a OMS.
Esse transtorno psiquiátrico atinge pessoas de qualquer idade — embora seja mais frequente entre mulheres — e exige avaliação e tratamento com um profissional. O desânimo sem fim é fruto de desequilíbrios na bioquímica cerebral, como a diminuição na oferta de neurotransmissores como a serotonina, ligada à sensação de bem-estar.
Hoje se sabe que a depressão não promove apenas uma sensação de infelicidade crônica, mas incita alterações fisiológicas, como baixas no sistema imune e o aumento de processos inflamatórios. Por essas e outras, já figura como um fator de risco para condições como as doenças cardiovasculares.
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O que é depressão
A depressão é um transtorno comum que afeta de maneira significativa a vida diária das pessoas. O problema se diferencia de sentimentos corriqueiros como tristeza, desmotivação ou falta de vontade.
No episódio depressivo, o indivíduo experimenta de maneira profunda o chamado humor deprimido que, além da tristeza, pode trazer irritação e sensação de vazio ou desesperança. A pessoa deprimida perde prazer e interesse em coisas até então prazerosas, o que ocorre na maior parte do dia por pelo menos duas semanas.
Como boa parte das condições que atingem a mente humana, as causas da depressão são multifatoriais. Nesse contexto, estão envolvidos fatores genéticos, biológicos, ambientais, psicológicas e sociais.
Sinais e sintomas
O quadro clínico acentuado da depressão também inclui sinais como sentimentos de culpa excessiva ou baixa autoestima, falta de concentração nas atividades cotidianas, pensamentos sobre morte ou suicídio, alterações no apetite ou no peso e baixa energia.
Os sintomas podem variar de uma pessoa para outra, incluindo também:
- Cansaço extremo
- Fraqueza
- Irritabilidade
- Angústia
- Ansiedade exacerbada
- Baixa autoestima
- Insônia (ou sono de má qualidade)
- Falta de interesse por atividades que antes davam prazer
- Pensamentos pessimistas
- Pensamentos frequentes sobre a morte
- Comportamentos compulsivos
- Dificuldade para se concentrar
- Problemas ou disfunções sexuais
- Sensação de impotência ou incapacidade para os afazeres do dia a dia
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Fatores de risco
A depressão pode acontecer em qualquer idade, mas geralmente se apresenta na adolescência ou durante os 20 ou 30 anos. Embora mais mulheres sejam diagnosticadas que homens, as razões podem estar no fato de que elas são mais propensas a buscar atendimento especializado.
Por ser considerado um transtorno com diferentes causas, o problema também é associado a uma diversidade de fatores de risco:
- Histórico familiar
- Transtornos psiquiátricos correlatos
- Estresse crônico
- Ansiedade crônica
- Disfunções hormonais
- Excesso de peso
- Sedentarismo e dieta desregrada
- Vícios (cigarro, álcool e drogas ilícitas)
- Uso excessivo de internet e redes sociais
- Traumas físicos ou psicológicos
- Pancadas na cabeça
- Problemas cardíacos
- Separação conjugal
- Enxaqueca crônica
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A prevenção
Para espantar a tristeza sem fim da rotina, é importante gerenciar o estresse e compartilhar as dificuldades do dia a dia. Ler, aprender coisas novas, fazer hobbies e se divertir ajudam a manter a cabeça ativa e livre de pensamentos negativos ou preocupações excessivas. O otimismo, ladeado de bom-senso, assegura o bem-estar emocional.
A máxima “mente sã, corpo são” é cientificamente aceita e o caminho inverso também procede. Ou seja, cuidar do organismo reflete na saúde mental. Nesse ponto, o conselho é praticar atividade física regularmente, inclusive porque estudos atestam que elas incentivam a liberação de hormônios e outras substâncias importantes para a manutenção do humor.
Pesquisas recentes revelam que até a dieta influencia as emoções. Nesse quesito, vale se inspirar no cardápio dos mediterrâneos, abastecido de azeite de oliva, peixes, frutas, verduras e oleaginosas (nozes, castanhas…). As gorduras e os antioxidantes presentes nesse menu estão associados à maior proteção e conservação das redes de neurônios. Quando a comunicação entre as células nervosas está afiada, não sobra espaço para a angústia se apoderar da cabeça.
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O diagnóstico
Existem alguns testes e questionários que apontam o dedo para o distúrbio, mas só uma avaliação apurada do médico, que incluirá histórico do paciente e da sua família, bem como alguns exames, poderá cravar se o problema é realmente uma depressão.
A condição, aliás, muitas vezes está associada a outros transtornos psiquiátricos. A depressão também é classificada de acordo com a sua intensidade — leve, moderada ou grave.
O tratamento
A depressão pode durar semanas ou mesmo anos. E uma vez que o indivíduo passe por uma crise, corre maior risco de enfrentar episódio semelhante outra vez na vida. Na maioria das vezes, o tratamento é feito em conjunto pelo psiquiatra e o psicólogo.
Existem diversos medicamentos antidepressivos, que ajudam a regular a química cerebral, e o médico escolherá segundo o perfil do paciente.
O acompanhamento psicológico, que buscará levantar as causas do problema e como ele poderá ser desmontado, é crucial inclusive porque os remédios podem demorar um tempo para fazer efeito.
Dentro da abordagem da psicoterapia, uma das correntes mais utilizadas no tratamento da depressão é a cognitivo-comportamental, que identifica conflitos e auxilia o paciente a encará-los e sair do estado de abatimento. Existem estudos apontando que a acupuntura e a musicoterapia seriam coadjuvantes na recuperação do bem-estar emocional.
No mais, volta à tona a recomendação de um estilo de vida saudável, com dieta equilibrada e prática regular de atividade física. Também se reforça a indicação para combater o estresse concedendo tempo na agenda para atividades prazerosas.
Para os casos mais graves e resistentes ao tratamento convencional, hoje se estuda a aplicação de técnicas como a eletroconvulsoterapia e a estimulação magnética transcraniana.
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