Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Quem tem endometriose pode engravidar?

Essa doença tem a infertilidade como uma possível sequela. Quanto mais cedo identificar os sintomas da endometriose, maior a chance de ter filhos

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 15 jul 2022, 17h08 - Publicado em 14 jul 2022, 11h28
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A cantora Anitta usou a mídia para expor um problema de saúde que demorou nove anos para diagnosticar: a endometriose. A doença com alta prevalência no Brasil e no mundo pode provocar dores incapacitantes e afetar diretamente o sonho de ser mãe. Estima-se que 30% a 50% das mulheres com o problema apresentem dificuldades para engravidar.

    Publicidade

    Aliás, comumente o próprio diagnóstico vem após tentativa fracassadas de engravidar, que levam o médico a desconfiar da endometriose. Sintomas como dores após o sexo, inchaço abdominal, irregularidade menstrual e cólicas também sinalizam o problema.

    Publicidade

    “Nem toda paciente com endometriose é infértil, mas até 50% das mulheres inférteis possuem a enfermidade”, esclarece Aline Monteiro, ginecologista, membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e associada da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Quando a tentativa de engravidar passa de um ano, é preciso recorrer a ajuda de um especialista.

    + Leia também: Novas luzes sobre a endometriose

    Publicidade

    Antes de falar dos tratamentos possíveis, é preciso entender o que á a endometriose e porque ela afeta a fertilidade de uma mulher. Em resumo, trata-se de uma doença crônica e inflamatória. Ou seja, elas não tem cura, mas pode ser tratada.

    O quadro ocorre quando pedaços do endométrio, o tecido que reveste o útero, crescem para fora do órgão. Os fragmentos vão parar no ovário, nas trompas e até em regiões vizinhas.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    “Em condições normais, há um equilíbrio entre a progesterona e o estrogênio. Na endometriose, sobra o estrogênio”, afirma Walter Pace, médico de Centro de Endometriose do Hospital Santa Joana, em São Paulo, e professor Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.

    Daí porque o tratamento às vezes consiste em engolir pílulas anticoncepcionais que tem como base a progesterona. Claro que, ao usar essa estratégia, as tentativas de engravidar têm chances mínimas de serem bem sucedidas.

    Publicidade

    Mas há outros tratamentos, que merecem uma conversa franca entre o especialista e a mulher. A escolha depende também da gravidade da endometriose, da demora no diagnóstico e da idade, entre outras características.

    Pace defende que a cirurgia é a melhor opção para quem quer engravidar já. Mas não descarta um uso breve dos anticoncepcionais para bloquear a ovulação durante um tempo e estabilizar a doença. Nesse período, a mulher para de menstruar.

    Publicidade

    “Os implantes anticontraceptivos também estão sendo utilizados com muito sucesso. Pela ação anti-inflamatória, eles chegam a regredir a doença”, explica Pace.

    Continua após a publicidade

    + Leia também: Endometriose: tratamento hormonal ou cirurgia?

    Por outro lado, Aline Monteiro entende que esse tipo de abordagem prejudica o caminho da gestação: “O problema é que a mulher vai ficando mais velha enquanto trata a endometriose. Quando chega em uma clínica de reprodução assistida, já está com baixa capacidade ovariana, que é relacionada à quantidade e à qualidade dos óvulos”.

    Daí voltamos para os procedimentos cirúrgicos. A videolaparascopia – opção empregada no caso da cantora Anitta – identifica e cauteriza os locais afetados. Outra opção é apenas extrair as células que estão fora do lugar. ”Precisamos melhorar a qualidade de vida dessa mulher antes de ela tentar engravidar, já que algumas dores são incapacitantes”, afirma Aline.

    O que guia o tipo de cirurgia é também o grau da endometriose. Ela pode ser superficial, profunda ou ovariana. “São vários fatores para chegar a essa classificação e nem sempre eles têm relação com a dor”, esclarece Aline.

    Reprodução assistida em mulheres como endometriose: como funciona?

    Na hora de escolher o tratamento para engravidar, a idade tem um peso especial. “Quando a mulher tem menos de 35 anos e há uma melhor reserva ovariana, podemos optar pela inseminação intrauterina. Fazemos o processamento do sêmen, os espermatozoides são colocados no útero e induzimos a ovulação na mulher”, diz Aline.

    Continua após a publicidade

    Se o desejo for engravidar mais tarde, é recomendado ainda congelar os óvulos que estão mais saudáveis. “Quando a mulher chega cedo procurando ajuda, podemos fazer um planejamento reprodutivo”, recomenda a médica.

    Se a mulher está mais velha e não houve esse plano, o mais comum é que se recorra à fertilização in vitro, quando o óvulo é fecundado em laboratório e, em seguida, implantado no corpo da mulher novamente.

    Por que a endometriose não pode ser menosprezada?

    As mulheres e os especialistas aproveitaram para fazer coro ao grito da Anitta: não é normal sofrer com dores e cólicas que impedem a execução de tarefas do dia a dia.

    Com essa normalização errônea, diagnósticos deixam de ser feitos. A cantora, por exemplo, demorou nove anos para descobrir porque sofria tanto com dores.

    Esse atraso não leva só ao sofrimento desnecessário. Sem cuidado, o tecido do endométrio que cresce sem controle pode afetar outros órgãos, ao ponto de elevar o risco de câncer de ovário.

    Continua após a publicidade
    Compartilhe essa matéria via:

    A doença acomete de 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva no Brasil. Diante um número tão expressivo, é injustificável a falta de informação sobre o tema.

    Exames que detectam a endometriose

    “O ultrassom já é uma ótima ferramenta, se houver uma boa máquina e um operador experiente. A ressonância magnética é mais evidente, mas não é preciso depender dela para chegar ao diagnóstico”, defende Pace.

    Médicos mais especializados conseguem desconfiar da doença até no exame clínico, de acordo com o ginecologista. Em algumas capitais, há centros de excelência em endometriose. Mas, claro, essa não é uma realidade nacional.

    O que pode ser utilizado no tratamento para a endometriose?

    Remédios
    Costumam ser receitados analgésicos e anti-inflamatórios para aliviar a dor e outros sintomas, e anticoncepcionais para evitar que a mulher menstrue.

    Cirurgias
    São indicadas nos quadros mais severos a fim de eliminar os focos de endometriose e reverter alterações anatômicas. A maioria é feita por videolaparoscopia.

    Continua após a publicidade

    Fisioterapia pélvica
    Usa técnicas e recursos para minimizar os desconfortos e as sobrecargas resultantes da dor crônica. É comum empregar a eletroestimulação em casos desse tipo.

    Atividade física
    Além de beneficiar a saúde física e mental como um todo, suar a camisa regularmente desencadeia a liberação de endorfina, hormônio que tem efeito analgésico.

    Bem-estar emocional
    Manter um estilo de vida equilibrado, informar-se com fontes confiáveis sobre a doença e, se necessário, procurar um psicoterapeuta também é recomendável.

    Sinais e sintomas

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 12,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.