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Bote a endometriose pra correr

Se esse problema atormenta a sua vida, aposte na atividade física. Nós contamos como a malhação alivia as cólicas - e muito, muito mais

Por Adriana Toledo (colaboradora)
Atualizado em 1 mar 2019, 11h23 - Publicado em 7 mar 2016, 12h57
Eduardo Svezia
Eduardo Svezia (/)
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Durante dez longos anos, a professora universitária paulistana Luciana Zaterka sofreu horrores. “Desde os 20, eu tinha cólicas terríveis no primeiro dia da menstruação, acompanhadas de enjôos e calafrios. Às vezes, chegava a desmaiar”, lembra-se. Só depois de uma década de dores que se manifestavam assiduamente todos os meses veio o diagnóstico: endometriose. Luciana se submeteu a uma cirurgia para retirar os focos da doença e, já no pós-operatório, ouviu a recomendação enfática de sua médica: muita atividade física para evitar que a encrenca desse as caras novamente.

Antes de tudo, o que é endometriose? Em resumo, é a presença de endométrio, que é o tecido interno do útero, fora desse órgão. Traduzindo: em vez de limitar-se a revestir a cavidade uterina e prepará-la para receber um embrião, algumas células escapam e vão passear em outros órgãos. Lá, formam focos intrusos que agem como se ainda estivessem no útero. Ou seja, sangram na época da menstruação, provocam cólicas, sem contar inflamação, desconforto durante o sexo, alterações urinárias ou intestinais e até mesmo infertilidade, dependendo da região afetada. “Geralmente, os alvos são os ovários, o intestino, a bexiga, as trompas e o peritônio, membrana que forra a parede abdominal”, explica o ginecologista Alexandre Pupo, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Voltando à história de Luciana: no começo ela só caminhava, mas, animada, decidiu correr três vezes por semana, durante 40 minutos. Com a autoridade de quem conduziu o tratamento, a ginecologista Rosa Neme, do Centro de Endometriose São Paulo e do Hospital Samaritano, na capital paulista, reforça: “A atividade física ajuda tanto a prevenir como a tratar o mal”. A afirmação tem respaldo de dezenas de estudos que revelam o efeito preventivo da malhação. Um deles foi realizado por pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, com 4 062 mulheres. As voluntárias que relataram ser ativas desde jovens apresentaram uma tendência menor de desenvolver a doença.

Para entender como o exercício combate a endometriose, é preciso conhecer primeiro as hipóteses sobre as suas causas. “Uma delas leva a entender que esse é o mal da mulher moderna”, decreta o ginecologista Maurício Abrão, da Sociedade Brasileira de Endometriose. “Hoje em dia, ela demora para ter filhos, portanto menstrua mais vezes.” Daí, aumenta o risco de ocorrer a menstruação retrógrada, em que o sangue reflui pelas trompas e é despejado, cheinho de células de endométrio, direto no abdômen. Porém, embora essas intrusas retornem pelas trompas, indo parar indevidamente em qualquer órgão da cavidade abdominal, isso não leva obrigatoriamente à endometriose. A menos que entre em cena outro grande vilão da atualidade: o estresse.

Muitos estudos mostram que a tensão em excesso prejudica o funcionamento do sistema imunológico. “Aí, os soldados do organismo não dão conta de cumprir sua missão de eliminar as células uterinas invasoras”, explica o ginecologista Sérgio Ribeiro, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na capital paulista. “Excesso de trabalho, ansiedade, alterações no sono, tendência genética e poluição também estão relacionados à doença”, completa Pupo. Nesse contexto desfavorável, o saldo é de cerca de 6 milhões de brasileiras sofrendo de endometriose, segundo Maurício Abrão.

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É aí que a malhação faz sua entrada triunfal. “A prática de atividade física aeróbica regular libera endorfinas, que têm efeito vasodilatador e analgésico”, explica a ginecologista Vivian do Amaral, do Ambulatório de Endometriose e Infertilidade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, no Paraná. “Esses neurotransmissores espantam o estresse e, o que é ainda melhor, reduzem os níveis de estrogênio, hormônio feminino envolvido na história”, completa. Se você tem mais de 20 anos e é uma sedentária, deixe de lado a preguiça e comece a se mexer. “Em alguns casos, a doença começa cedo, mas demora uns doze anos para ser diagnosticada”, conta Abrão. Portanto, quanto mais jovem a mulher inicia uma rotina de atividade física, melhor.

Exercício sob medida

“Escolha uma modalidade que lhe dê prazer.” Esse é o conselho número 1 do fisiologista Paulo Zogaib, da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp. O único pré-requisito, no caso do combate à endrometriose, é que ela seja aeróbica. Ou seja, vale caminhar, correr, nadar, pedalar… A intensidade deve ser moderada, com duração mínima de 30 minutos a uma hora para ter efeito, e freqüência de quatro ou cinco vezes por semana. Em caso de dor, não desista. “Tente um esporte na água, onde o impacto é menor”, recomenda o especialista.

Outras boas opções

Uma ótima notícia para você que adora modalidades mais light, e que trabalham sobretudo a respiração: à sua maneira, elas também previnem e tratam a endometriose. “O pilates e a ioga melhoram a flexibilidade da pelve”, afirma a ginecologista Vivian do Amaral. “Daí há um maior aporte de sangue na região e, conseqüentemente, o alívio da dor”, garante. Os benefícios não param por aí. “Ao aprender a controlar a respiração, você aniquila o estresse, que é um dos principais culpados pela doença”, diz a médica. Sem contar que isso, indiretamente, ajuda a equilibrar os hormônios.

Como o exercício aeróbico age no corpo da mulher com endometriose

1. A atividade aeróbica estimula a hipófise, glândula situada no cérebro, que passa a secretar uma substância chamada endorfina. Ela, por sua vez, inibe a secreção do hormônio FSH.

2. O FSH estimularia a produção de estrogênio nos ovários. Então, menos FSH significa doses menores em circulação do hormônio que serve de combustível para o endométrio se desenvolver. O crescimento do tecido instruso é desacelerado. Muitas vezes, observa-se até mesmo sua regressão

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3. No sangue, a endorfina neutraliza a adrenalina e o cortisol, substâncias liberadas pelo estresse. E, assim, sem a influência negativa dessa dupla, as células de defesa passam a atuar com maior eficiência no combate ao endométrio invasor.

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