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Qual é o melhor momento para congelar óvulos e postergar a gravidez?

Com a pandemia, aumentou a busca pelo procedimento. Entenda qual a idade ideal para realizá-lo e quais os principais passos

Por Fabiana Schiavon
9 set 2021, 19h02

Desde o início da pandemia do coronavírus, o número de mulheres que decidiu congelar os seus óvulos aumentou. Fora as incertezas impostas pela Covid-19, a falta de um parceiro ou problemas de saúde são alguns dos motivos que levam ao adiamento da gravidez. Investimento alto, paciência e a idade estão entre os fatores que podem interferir nos resultados.

Em geral, toda mulher que planeja ser mãe depois dos 35 anos é uma candidata ao congelamento de óvulos. “Essa escolha ocorre, basicamente, quando há dúvida sobre o desejo de ter filhos no futuro. Pacientes oncológicos ou que irão passar por cirurgias capazes de reduzir a carga ovariana também podem recorrer ao congelamento”, conta a ginecologista Hitomi Miura Nakagawa, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).

A ideia central do congelamento é preservar os óvulos em uma idade em que eles estão saudáveis – com o tempo, há diminuição da qualidade. Imagine, por exemplo, uma mulher que passou por esse procedimento aos 35 anos e decide utilizar os óvulos aos 40. “O risco de o bebê ter Síndrome de Down será menor nessas circunstâncias”, observa o ginecologista e obstetra Alfonso Massaguer, membro Associação Americana de Reprodução Assistida (ASRM).

A melhor idade

A primeira informação que devemos ter em mente é a idade média da menopausa, que ocorre entre 45 e 55 anos. Dez anos antes desse novo ciclo, mesmo tendo regularidade menstrual, a fertilidade é reduzida.

Considerando que a chegada à menopausa tende a ser no prazo máximo, ou seja, aos 55 anos, significa que a perda de óvulos começa lá pelos 45. “Há uma ideia errada de que só deixamos de ser férteis quando a menstruação para, mas não é bem assim”, avalia Hitomi.

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Cabe lembrar que a mulher nasce com número limitado de óvulos, que serão utilizados durante toda a sua vida reprodutiva. “Com o passar do tempo, há redução na quantidade e qualidade deles, o que é normal. Fatores externos também influenciam nisso”, afirma a ginecologista. Entre eles estão hábitos de vida, tipo de profissão e estado de saúde.

Na maioria dos casos, o ideal é se submeter ao procedimento até os 35 anos. Mas há mulheres que fazem até os 43, segundo o ginecologista Rodrigo Rosa, membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH). “A questão é que, quanto mais tarde, há menos óvulos disponíveis para o congelamento e cai as chances de eles se tornarem embriões”, alerta o médico.

O momento de coleta

O primeiro passo é fazer exames de doenças que podem ser transmitidas pelos gametas – células responsáveis pela transferência dos genes na reprodução –,  como sífilis, Aids, as hepatites, Zika. A validade desses exames é de seis meses.

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“A partir daí, começa um processo de ciclo artificial. No terceiro dia de menstruação, é feito um exame para avaliar se o útero está limpo. Com tudo certo, começa a aplicação de hormônios de forma injetável, entre o umbigo e a púbis”, ensina Hitomi. Esses remédios têm o objetivo de aumentar o número de óvulos.

A aplicação da medicação prossegue por cinco dias até duas semanas. A partir de um exame de ultrassom, o médico verifica se houve crescimento dos folículos, que são as “casinhas” dos óvulos. Quando eles alcançam perto de 18 milímetros, já é programada a primeira coleta.

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Os óvulos são retirados com o mesmo aparelho usado durante o ultrassom transvaginal, com a diferença que uma guia e uma agulha são acopladas nele. A mulher recebe uma sedação leve para realizar o procedimento.

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O material é guardado em uma incubadora por tempo indeterminado, apesar de a maioria das mulheres efetuar o descongelamento até dez anos depois. “Ainda não se sabe se existe um limite para isso, mas fazemos um paralelo com sêmens congelados por mais de 20 anos e que resultaram em bebês saudáveis”, comenta a médica.

A hora da fertilização

Uma avaliação médica personalizada pode dizer qual o melhor momento de fertilização dos óvulos, buscando, em paralelo, atender ao desejo do casal.

“É possível fazer o procedimento até os 50 anos se a pessoa estiver saudável. Aliás, é comum ter mulheres mais velhas com saúde de 30 porque sempre se cuidaram. Aí o médico assume esse risco junto com ela”, aponta Hitomi.

Quando se percebe que a fertilização não é recomendável, como em casos de hipertensão ou outros problemas de saúde, dá para partir para programas de cedente temporária de útero ou barriga de aluguel, que pode ser um parente de até quarto grau. Outras mulheres precisam de autorização do Conselho Federal de Medicina para seguir o processo.

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O procedimento

Após a decisão de engravidar, a mulher refaz todos os exames anteriores. “O sêmen do parceiro é preparado por meio de uma seleção em que os melhores são injetados no óvulo, em laboratório, para formar o embrião que será transferido para o útero”, explica a ginecologista.

O ideal é conseguir congelar de 20 a 25 óvulos, segundo Rosa. “Dependendo das condições de útero, podemos precisar de mais de uma coleta para chegar a esse número”, explica o médico.

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A conta é feita a partir de uma probabilidade. Quando são congelados dez ovos, por exemplo, sete devem sobreviver ao descongelamento. Deles, cinco ou seis são separados para serem fertilizados e se tornarem embriões.

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Geralmente, de três a quatro embriões considerados saudáveis são transferidos em mulheres acima de 38 anos de idade. Por isso, a recomendação é que sejam armazenados oito óvulos para cada tentativa de gravidez.

A maioria das mulheres de 38 anos de idade ou menos pode colher de dez a 20 óvulos por ciclo. Existe ainda a possibilidade de congelar eventuais embriões excedentes.

As tentativas de fertilização dependem da quantidade de bons óvulos que foram coletados e congelados. “E uma nova resolução do Conselho Federal de Medicina [CFM] está limitando a quantidade de embriões que podem ser produzidos em laboratório a apenas oito, o que reduz as chances da mulher, já que nem todo embrião pode se desenvolver”, lembra a médica.

O processo todo, que envolve da tentativa de congelamento dos óvulos à fertilização, custa, em média, de R$ 8 mil a R$ 10 mil. O valor das medicações varia, mas o gasto pode ser de R$ 300 a R$ 1 000 diários, sendo que essa preparação leva em torno de 12 dias. Após o congelamento, o custo de manutenção dos óvulos é baixo, porque os botijões de armazenamento são compartilhados.

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