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Prednisona: o que é, para que serve e como funciona esse corticoide

Usada para tratar várias doenças, a prednisona é um corticoide com efeitos colaterais consideráveis. Conheça o remédio, sua ação e contraindicações

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 19 jul 2022, 17h22 - Publicado em 20 jan 2021, 13h34
Comprimidos de prednisona, um corticoide
A prednisona só pode ser usada com receita médica. (Foto: Hal Gatewood/Unsplash/Divulgação)
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O que é a prednisona e para que serve

A prednisona é um remédio com ação anti-inflamatória da classe dos glicocorticoides. Ou seja, é uma versão sintética de alguns dos nossos hormônios. A prednisona é utilizada no tratamento de diversos problemas: alergias, distúrbios endócrinos e osteomusculares e doenças dermatológicas, reumatológicas, oftalmológicas e respiratórias, entre outras. Além disso, integra a terapia de certos cânceres e é indicada para pessoas que passaram por um transplante, a fim de que o novo órgão não seja rejeitado.

Veja: nosso organismo gera um processo inflamatório quando percebe que está sendo atacado por algum agente estranho. Ele libera um monte de mediadores químicos para enfrentar o inimigo. Só que esse ataque às vezes não é muito organizado, causando danos no próprio corpo.

É aí que a prednisona entra. Ela inibe a fabricação dos mediadores, barrando a inflamação. Por isso que é comumente associada a outros medicamentos que visam neutralizar a causa desse processo em si.

A prednisona é receitada para diversas condições clínicas mais intensas por sua alta eficácia no controle de inflamações. O farmacêutico José Eduardo Gonçalves, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que um processo inflamatório geralmente atua em várias vias.

Anti-inflamatórios não-esteroides, como ibuprofeno, nimesulida e diclofenaco, agem apenas em uma dessas ramificações, e nas etapas finais. “Já os corticoides inibem o início dessa cascata de eventos. Por isso são extremamente potentes”, complementa.

Mas atenção: apesar de ser efetiva, a prednisona tem muitos efeitos colaterais e exige cuidados específicos. Se essas recomendações não forem seguidas ao longo do tratamento, o fármaco pode inclusive levar à morte — tanto que só dá para comprá-lo com receita médica. Falaremos mais disso adiante.

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Quais são as formas de administração

A prednisona vem em comprimidos ou cápsulas”, informa Gonçalves. E há uma peculiaridade que explica isso.

Gonçalves conta que não é a prednisona em si que atua contra as doenças. “Ao ingerir o comprimido, o intestino a absorve. A substância é então levada ao fígado, onde passa por reações de metabolização”, afirma.

Só nesses processos que a molécula é ativada e se transforma em outra, chamada de prednisolona. E é essa substância que exerce uma ação anti-inflamatória potente.

“Para fazer essa conversão, a droga precisa chegar ao fígado e, para isso, ela tem que passar pelo trato gastrointestinal”, raciocina o professor. Daí porque a administração é via oral.

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Quanto tempo dura o tratamento

Isso depende da condição que está sendo tratada. Para interromper uma reação alérgica, por exemplo, a pessoa usa a prednisona por alguns dias. Já se o objetivo é evitar a rejeição de um órgão transplantado ou conter uma doença autoimune (como a artrite reumatoide), a aplicação não tem data para acabar, sempre com a orientação de um médico.

A dose também varia conforme o quadro.

Reações adversas da prednisona

Como dissemos, esse corticoide bloqueia a produção de certos mediadores químicos que provocam inflamações no corpo. Só que esses mediadores não exercem apenas uma função. Um exemplo é a prostaglandina, que também protege a parede do estômago contra o ácido clorídrico e controla a pressão dos rins.

“A prednisona barra a fabricação da prostaglandina. Por isso que, durante seu uso, pode ocorrer desconforto estomacal, azia e lesões renais causadas pela destruição dos vasos sanguíneos locais”, aponta Gonçalves.

Mas não para por aí. Quando o tratamento dura mais de 15 dias, o paciente às vezes desenvolve a síndrome de Cushing, caracterizada por acúmulo de líquido, aumento da pressão arterial, edemas generalizados, intolerância à glicose, osteoporose, pele mais fina e acúmulo de gordura na região abdominal e da nuca.

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Há ainda outras reações adversas, como: úlcera no estômago, dor de cabeça e alterações de humor.

O acompanhamento próximo e a dosagem adequada ajudam a minimizar esses efeitos colaterais. Nem pense em reaproveitar comprimidos de prednisona por conta própria.

Quais são as contraindicações

A prednisona em geral não é recomendada para gestantes, lactantes e crianças. Isso porque aumenta o risco de má formação no feto e, após o nascimento, interfere na produção do hormônio do crescimento da meninada.

“Mas, dependendo da situação, há necessidade de usar o medicamento nessas populações. Aí é preciso avaliar caso a caso e utilizá-lo com acompanhamento médico próximo”, ensina Gonçalves. Mais um motivo para não ingerir por conta própria.

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Precauções e advertências da prednisona

Além de ficar atento às contraindicações e aos efeitos colaterais, é preciso adotar precauções durante o tratamento, independentemente da sua duração.

Recomenda-se, antes de tudo, não consumir bebidas alcoólicas nesse período. “Algumas das repercussões do glicocorticóide também são provocadas pelo álcool, como desconforto gástrico, aumento da pressão e retenção de líquido. Ao tomar os dois juntos, os eventos adversos são intensificados”, alerta Gonçalves.

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A prednisona também interage com uma série de medicamentos, que acabam cortando o potencial anti-inflamatório. Não deixe de informar ao médico se você faz uso contínuo de algum remédio e cheque a lista na bula.

Outro ponto que reforça a necessidade de orientação médico é que não se deve parar de tomar esse fármaco de uma hora para a outra. No fim da terapia, é feita uma diminuição gradual da dose.

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Como a prednisona é semelhante a certos hormônios, o organismo para de produzi-los enquanto o paciente utiliza o remédio, por entender que há um “excesso” da substância. Caso você interrompa abruptamente a administração da prednisona, o corpo pode ficar sem esses hormônios por um tempo. “Eles são importantes para regular, funções vitais. Há até risco de morte”, adverte o farmacêutico.

Por fim, a pessoa fica imunodeprimida durante o tratamento. Ou seja, ela se torna mais vulnerável a infecções, principalmente as causadas por fungos.

“Nesses casos, uma simples micose é capaz de se espalhar pelo organismo, porque o medicamento diminui o poder de combate do sistema imunológico”, informa Gonçalves.

Devido a isso, a aplicação de certas vacinas (em especial as feitas com vírus enfraquecidos) deve ser discutida com o médico. E vale reforçar os cuidados de higiene para evitar o contato com agentes infecciosos.

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