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Ivermectina: o que é, para que serve e como funciona esse medicamento

Remédio é eficaz contra sarna, piolho e outros parasitas. Veja benefícios e efeitos colaterais, em especial quando mal utilizado, como foi com a Covid-19

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 8 Maio 2023, 18h35 - Publicado em 5 Maio 2022, 10h25

O que é a ivermectina e para que serve?

Embora tenha sido alardeada, sem evidências científicas confiáveis, como tratamento da Covid-19, a ivermectina na verdade age contra parasitas externos, como sarna e piolho, e internos, que é o caso dos vermes. A função do medicamento é matar ou paralisar esses organismos para que eles sejam naturalmente expelidos pelo corpo.

“É um antiparasitário de primeira linha contra escabiose e a pediculose – a sarna e piolho. Também é indicado contra algumas verminoses, como a ascaridíase, popularmente conhecida como lombriga”, reforça Alexandre Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.

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“A ivermectina também age contra uma doença menos conhecida, que é a estrongiloidíase”, relata o médico. Ela é causada pelo parasita Strongyloides stercoralis e provoca dor abdominal, diarreia e tosse, entre outras coisas.

Como todo medicamento, a ivermectina tem quadros e momentos certos para ser aplicada. Segundo a bula, por exemplo, ela também é eficaz contra a oncocercose, que afeta a pele e os olhos, mas apenas no início dos sintomas.

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Essa doença é provocada pelo Onchocerca volvulus, parasita que, quando adulto, esconde-se na pele ao ponto de só ser removido com cirurgia. Nessa etapa, a aplicação da ivermectina é menos benéfica.

A droga tem versões no mercado para uso veterinário, que mudam da formulação oral para injetável, dependendo do animal. Eles não podem ser utilizados por seres humanos, apesar dos relatos feitos durante a pandemia a Covid.

+ LEIA TAMBÉM: O que é o ciprofloxacino e para que ele serve 

Dosagem e tempo de tratamento

A quantidade e duração da terapia é diferente a cada tipo de problema. Ela depende ainda das características do indivíduo tratado.

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Em alguns casos, é preciso fazer exames de acompanhamento para saber se há a necessidade de prolongar o uso do medicamento.

De qualquer forma, o tempo de uso médio é de três dias.

Interação com outros remédios

De acordo com a bula, o medicamento demanda cautela especial dos pacientes que usam drogas que deprimem o sistema nervoso central, como os ansiolíticos (empregados contra a ansiedade).

Contraindicações e cuidados com idosos, crianças e gestantes

A ivermectina não deve ser consumida por pessoas com meningite e outras enfermidades que afetam o sistema nervoso central. Médicos também alertam que o uso por indivíduos com HIV ou problemas hepáticos e renais pode ser perigoso. 

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A droga não é indicada para crianças menores de 5 anos ou abaixo de 15 quilos. Há também risco para mulheres gestantes e param quem está amamentandoIdosos também despertam preocupação. Em todas essas situações, uma conversa com o médico é especialmente necessária antes de apostar na ivermectina.

Por que a ivermectina foi testada contra o coronavírus (e fracassou)

Como outros remédios parasitários, a ivermectina já foi avaliada contra vírus de diferentes tipos.  Dengue, chikungunya e o HIV estão na lista. Esses estudos se ancoram no fato de que, no laboratório, altas concentrações do medicamento tendem a inibir a multiplicação de agentes infecciosos.

Ocorre que há uma grande diferença entre funcionar em células isoladas e ser eficaz contra uma doença na vida real, dentro do organismo das pessoas.  Tanto que, infelizmente, não houve comprovação de eficácia da ivermectina contra nenhum desses vírus citados.

No caso da Covid, a situação é similar. “Em laboratório, grandes quantidades de ivermectina tendem a inibir a multiplicação dos vírus. Mas a concentração utilizada nesses testes é muito maior do que a segura para seres humanos”, esclarece Zavascki.

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Ou seja, a alegação de que a ivermectina funciona contra a Covid não tem lastro na ciência. “Surgiram estudos sérios, em seres humanos, mostrando que ela não é uma boa opção e reforçando a necessidade de interromper um consumo irracional”, relata o infectologista.

A pesquisa mais recente foi conduzida por cientistas brasileiros de diversas instituições e publicado na revista científica The New England Journal of Medicine. Os voluntários tinham Covid e risco maior de evolução para a forma grave. Parte tomou a medicação, outra recebeu placebo e um grupo maior recorreu a outras intervenções.

+ LEIA TAMBÉM: Ivermectina: o que sabemos sobre seu uso contra o coronavírus

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Conclusão: o tratamento com ivermectina não reduziu as internações por Covid, nem em pacientes com diagnóstico precoce.

Ao longo da pandemia, trabalhos que apontavam supostos benefícios da medicação contra o Sars-CoV-2 chegaram a ser denunciados e retirados de sites especializados. Muitos sequer foram revisados por outros colegas cientistas e não tinha a transparência necessária.

Como tomar ivermectina
Doses do medicamento utilizadas contra o coronavírus em pesquisas laboratoriais foram muito maiores do que as consideradas seguras ao corpo humano (Foto: Drew Hays/Unsplash/Divulgação)

Reações adversas e superdosagem

“A maioria dos efeitos colaterais se concentram no trato gastrointestinal, como náuseas e vômitos“, explica Zavascki.

Falta de apetite e taquicardia também podem dar as caras, bem como inchaço no rosto e mudanças na pressão. Mas essas são condições raras e manejáveis, até porque a ivermectina costuma ser administrada por um período curto – pelo menos nas doenças contra as quais de fato possui comprovação de eficácia e segurança.

As reações adversas podem ocorrer mesmo com o uso correto do medicamento. Mas é importante notar que a superdosagem, perigosa com qualquer droga, leva desde a complicações gastrointestinais graves até a morte.

Ao longo da pandemia, o remédio passou a ser consumido indiscriminadamente por pessoas que acreditam estar se prevenindo contra a Covid. E faltam informações sobre a segurança no organismo dessa ingestão prolongada. “Não faria sentido tentar doses maiores em seres humanos sabendo que elas não são seguras”, conclui Zavascki.

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