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Nitazoxanida: o que é, para que serve e quais são os efeitos colaterais

Medicamento é utilizado para infecções gastrointestinais, como antidiarreico, e também combate diversos tipos de bactérias e vermes

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 8 abr 2022, 12h31 - Publicado em 8 abr 2022, 12h30
remédio para verme
Já conhecido no combate a vermes e protozoários, já houve a tentativa de utilizar esse medicamento contra vírus respiratórios, mas não houve comprovação científica (Foto: GI/Getty Images)
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O que é a nitazoxanida e para que serve?

A nitazoxanida tiazolida (NTZ) é um medicamento antiparasitário, que inibe o desenvolvimento e a proliferação de uma variedade de protozoários, vermes, bactérias e vírus agressivos ao organismo.

No caso das infecções virais, o remédio combate as causadas pelos rotavírus e norovírus, que provocam as gastroenterites – inflamação que pode atingir o estômago e o intestino.

Age, ainda, contra parasitas como os nematódeos (a lombriga e o bicho-geográfico são dessa categoria), os cestoides (a solitária entra na lista) e os trematódeos, classe que afeta vasos sanguíneos, pulmões e fígado, além do trato gastrointestinal.

O fármaco é também eficaz contra os parasitas que provocam diarreia como Giardia lamblia, Entamoeba histolytica e Cryptosporidium Parvum.

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Como ela age no organismo?

A nitazoxanida destrói a ação dos protozoários ao inibir uma enzima indispensável à vida desses micróbios, chamada de piruvato-ferredoxina oxidorredutase, segundo Rosana Paiva, médica e professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

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É também agindo diretamente na estrutura de alguns vermes e vírus que o medicamento impede que esses inimigos continuem habitando o organismo.

Nitazoxanida funciona contra a Covid-19?

Essa substância não tem a mesma efetividade contra vírus que provocam doenças respiratórias, como o Sars-Cov 2 e o influenza. Foram realizados estudos, no passado, na tentativa de utilizar o medicamento contra a Covid, porém sua eficácia não ficou comprovada.

O máximo de efeito produzido foi uma discreta redução da carga viral em um estudo brasileiro, mas sem diferença na evolução da doença.

Ou seja, o remédio não acelerou a recuperação das pessoas ou foi capaz de evitar o agravamento do quadro. Mesmo assim, por causa dessas hipóteses, ele chegou a fazer parte do polêmico “kit Covid” contra a doença.

+ Leia também: “Medicamentos estão sendo usados irracionalmente”, alerta farmacêutico

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Além de não haver evidência de benefícios neste caso, o indivíduo corre riscos ao usar a substância de forma equivocada.

“No início da pandemia, houve uma tentativa de reduzir a mortalidade com alguns remédios, entre eles a nitazoxanida, mas não houve comprovação de seu benefício. E ela, como todas as medicações, tem risco de toxicidade porque é metabolizada no fígado e nos rins. Podem surgir complicações por seu uso contínuo, principalmente entre idosos“, alerta Dania Abdel Rahman, infectologista clínica do Hospital Albert Sabin de São Paulo (HAS).

+ LEIA TAMBÉM: Nitazoxanida contra o coronavírus: o que sabemos sobre esse tratamento

Quanto tempo dura o tratamento?

A maioria dos tratamentos duram três dias, segundo Rosana, mas tudo depende da indicação médica para cada doença e perfil do indivíduo. Os imunossuprimidos, por exemplo, podem precisar alterar duração e doses.

Qual o risco da automedicação?

Toda automedicação é perigosa. Primeiro, porque pode mascarar sintomas da doença em questão ou ainda de outras, o que atrapalha o diagnóstico adequado. Segundo, porque, como alertou a infectologista Dania, do Hospital Albert Sabin, o remédio pode ter efeito tóxico para algumas pessoas.

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Mesmo em quem é saudável, ainda é perigoso apostar em tomar sozinho. Afinal, dose e tempo de administração variam para cada tipo de doença combatida pela nitazoxanida. Quando se fala em medicamentos que tratam infecções, como é o caso, a atenção deve ser redobrada.

“Mal administrado, o risco é ele gerar resistência do organismo a outras bactérias e, se associado a mais substâncias, pode anular ou intensificar o efeito dos outros medicamentos. Não basta ter apenas eficácia contra uma doença, remédios também devem ser seguros e prescritos individualmente, conforme sintomas, peso e condições clínicas de cada pessoa”, reforça a médica e professora da PUC.

Em suma: só um médico pode avaliar o momento correto de fazer uso da nitazoxanida.

Formas de administração

Há duas maneiras de prescrever esse medicamento. “A suspensão oral é para uso pediátrico acima de um ano, e o comprimido revestido é indicado a adultos ou crianças com mais de 12 anos”, explica Rosana.

O médico também avaliará se é preciso ingerir o medicamento durante as refeições.

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“A administração com alimentos garante uma elevada absorção. Pesquisas apontam que a biodisponibilidade [fármaco que de fato é aproveitado pelo organismo] da nitazoxanida é quase duplicada nesses casos. O tempo médio de ação está estimado entre duas a quatro horas após a administração”, esclarece a médica e professora da PUC

Crianças, grávidas e idosos podem usar?

O medicamento é seguro e utilizado a partir do primeiro ano de vida e em idosos. “As contraindicações são as mesmas para todas as faixas populacionais: portadores de doenças hepáticas, renais ou indivíduos com hipersensibilidade a qualquer um dos componentes da fórmula“, reforça Rosana.

Ela explica que, no caso das grávidas, é preciso avaliar se os benefícios justificam o risco potencial para o feto – a mesma situação ocorre para as mães que estão amamentando.

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Quais são as contraindicações?

Doenças hepáticas, doenças renais ou hipersensibilidade a qualquer um dos componentes da fórmula.

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Não são esperadas interações medicamentosas com a nitazoxanida, mas há a recomendação de evitar o uso associado a certos anticoagulantes e o anticonvulsivantes.

Quais reações são comuns e quais são raras?

As reações mais comuns são um certo desconforto abdominal passageiro. Outros sintomas que constam na bula são: diarreia, náusea, vômito e dor de cabeça.

A nitazoxanida geralmente altera a cor da urina, que fica amarelo-esverdeada por causa da coloração natural de alguns dos componentes da fórmula.

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