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Quem tem cardiopatia congênita não deve se afastar das atividades físicas

25% dos adultos diagnosticados apresentam sobrepeso ou obesidade. Por isso, a recomendação é manter hábitos saudáveis desde cedo

Por Daniela Agostinho e Ieda Jatene*
12 jun 2024, 08h40
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Quem tem doenças cardíacas pode e deve manter-se ativo (Ilustração: Editoria de Arte/Veja Saúde)
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A cardiopatia congênita (CC), conjunto de malformações que afeta o funcionamento do coração, não é motivo para não praticar atividade física e muito menos desculpa para o sedentarismo. Só é preciso que a doença esteja controlada e haja orientação do médico e de um profissional de educação física.

Ela é, inclusive, necessária, como mostra o estudo brasileiro “Fatores Associados às Cardiopatias Congênitas no Estado mais Populoso do Brasil”, concluído em 2023.

A pesquisa verificou que 25% dos adultos com CC apresentavam sobrepeso e obesidade. Também constatou que hipertensão, dislipidemias e doença arteriosclerótica são condições encontradas entre eles nos mesmos níveis dos verificados na população de maneira geral.

O resultado leva a crer que esses pacientes – apesar de conviverem com a patologia desde o nascimento – não tomam os cuidados necessários pós-tratamento inicial. São eles: controle do peso, da pressão, do colesterol e do diabetes, por exemplo.

+ Leia tambémA importância do ecocardiograma fetal no diagnóstico de cardiopatias

O que são as cardiopatias congênitas

A CC é definida pelas deformidades de veias, artérias, válvulas e paredes do coração, que afetam sua estrutura e funcionamento.

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O tratamento requer uso de medicamentos e, se necessário, cateterismo e intervenção cirúrgica. Com o avanço tecnológico, descoberta de novas técnicas e acompanhamento ambulatorial especializado, a maioria dos portadores chega à vida adulta sem maiores sequelas.

A prevalência mundial de cardiopatias congênitas é de nove indivíduos para cada mil nascidos vivos. No Brasil, estima-se que ocorram cerca de 30 mil novos casos a cada ano, sendo que a região Sudeste tem a maior prevalência (1/3 do total). De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 6% dos portadores morrem antes de completar um ano de vida.

As cardiopatias mais frequentes observadas no estudo foram a síndrome do coração esquerdo hipoplásico – caracterizada pelo subdesenvolvimento das estruturas cardíacas esquerdas – e a tetralogia de Fallot – condição causada por uma combinação de quatro malformações, que promovem fluxo de sangue pobre em oxigênio.

Em ambos os casos, existe a possibilidade de cirurgia para correção.

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Vida normal (e ativa) para crianças e adultos

Para quem nasceu com um problema cardíaco, a primeira ideia é que exercícios físicos não devem fazer parte da rotina por receio de sobrecarregar o sistema cardiovascular.

Contudo, hoje sabemos como é importante que mesmo as crianças com essas condições cresçam fisicamente ativas para não se tornarem pessoas sedentárias e com todos as complicações que o sedentarismo acarreta: obesidade, pressão alta, dislipidemia etc.

A vida normal para os pequenos é possível porque, na maioria das situações, eles são submetidos, ainda bebês, a procedimentos de correção das malformações congênitas. E, quando não apresentam lesões residuais ou necessidade de novos reparos cirúrgicos, estão liberados para, praticamente, todos os esportes recreativos.

Já para o desporte, as crianças precisam de uma avaliação médica mais rígida. Antes do início da prática esportiva, é fundamental avaliar parâmetros como função dos ventrículos, presença/ausência de arritmias, saturação de oxigênio em repouso e no esforço físico, dilatação da aorta, pressão da artéria pulmonar e função das válvulas cardíacas.

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Certas modalidades podem ainda ser contraindicadas, dependendo da evolução da cardiopatia. Outra variável que influencia nessa escolha são os dispositivos implantáveis, como o marca-passo, e o uso de anticoagulantes. Nesses casos, pode ser recomendado evitar esportes com excesso de contato físico brusco.

Os adultos requerem avaliação médica para estratificação do risco, que inclua uma prova de esforço físico. Geralmente, eles são liberados para exercícios aeróbios de intensidade moderada e estão aptos a treinar, em média, de cinco a seis vezes por semana, com duração de 20 a 60 minutos por sessão, acompanhados de fortalecimento muscular de intensidade moderada.

Estratégias de promoção de saúde devem ser adotadas e voltadas a essa população. Além da prática planejada de atividades físicas, manter alimentação balanceada e controlar doenças psíquicas (ansiedade e depressão) são componentes importantíssimos para uma vida mais saudável aos portadores.

Agora em 12 de junho, a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) está engajada na campanha pelo Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita e ao longo de todo o mês promove ações para orientação da população.

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*Daniela Agostinho é coordenadora geral do Departamento de Educação Física da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo e colaboradora em projetos de pesquisa na área de Cardiopatia Congênita no InCor. Ieda Jatene é especialista em Cardiologia Pediátrica e Cardiopatias Congênitas e integrante do SOCESP Mulher

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