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Comer é muito mais do que ingerir nutrientes. Na receita de uma alimentação equilibrada, também há ingredientes comportamentais, emocionais, culturais e ambientais, como mostra a nutricionista Lara Natacci
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Hora de derrubar os mitos sobre os adoçantes

Eles causam câncer? Alteram a flora intestinal? Fazem a gente comer mais doce? Nossa colunista desmascara as fake news desse universo

Por Lara Natacci
14 out 2021, 18h35

Você já ouviu falar que adoçantes fazem mal, prejudicam a flora intestinal, dão vontade de comer doces ou até causam câncer? Essas histórias são espalhadas nos meios de comunicação, tradicionais e virtuais, com uma velocidade incalculável. E, às vezes, dizem até ser baseadas em estudos científicos.

Verdade que algumas citam estudos, mas estudos fracos, com amostra pequena, feitos com animais de laboratório e geralmente mal interpretados e generalizados. Fora de contexto e distorcidos, se transformam em fake news, as notícias falsas disseminadas especialmente pelas redes sociais e com potencial de causar impactos reais na vida de milhões de usuários.

A área da saúde é particularmente vulnerável a esse fenômeno. E, infelizmente, a internet é um prato cheio de desinformação. Há desde conteúdos propagados para promover serviços ou produtos até meros boatos e teorias da conspiração pelas plataformas. E um dos alvos recorrentes disso são os adoçantes.

Alarmada com esse movimento, resolvi estudar a percepção dos meus pacientes sobre o assunto. Avaliei 290 pessoas, e resumo aqui os resultados principais:

• 40% relataram usar adoçantes
• Mais de 50% acham que o adoçante pode fazer mal à saúde ou não têm certeza sobre seus efeitos
• 22% acham que adoçante causa câncer
• 15% acham que adoçante provoca prejuízos na nossa flora intestinal
• 14% acreditam que o adoçante pode aumentar a glicemia ou a vontade de comer doces
• 9% acreditam que adoçantes causam ganho de peso
• 72% das pessoas referem que crianças não devem usar adoçantes

+ LEIA TAMBÉM: Qual adoçante é melhor?

Esses resultados me fizeram ir às redes sociais para checar a percepção dos usuários por lá. E, ali, 82% das cerca de 800 pessoas que responderam à minha enquete acreditam que adoçantes podem fazer mal à saúde (a doença mais associada é o câncer).

Esse é um exemplo emblemático do poder das fake news no imaginário e no comportamento da população brasileira. De como elas se espalham como doenças infecciosas. E se amparam no efeito da repetição: de tanto ler e ouvir, se agarram como crenças. As notícias fajutas também se aproveitam do chamado víés de confirmação, a tendência de se lembrar principalmente das informações que confirmam nossas ideias iniciais, rejeitando tudo que as contradiz.

Complicado, né? Mas nosso papel como profissional de saúde, pesquisador e formador de opinião é avaliar as informações com cautela e levar para a população aquilo que é baseado em evidências científicas robustas. Então, a respeito dos adoçantes, vamos aos fatos!

A segurança dos adoçantes

Entidades e organizações científicas, tais como o World Cancer Research Fund (WCRF), afirmam, em cima dos estudos feitos com adoçantes sintéticos (como aspartame e sacarina), que não há indícios convincentes de uma relação com o câncer. Eles pontuam que esses produtos não causam a doença.

Sobre a acusação de que adoçantes bagunçam a microbiota inestinal, um documento técnico da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição refuta essa hipótese.

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Diversas revisões da literatura com estudos robustos e confiáveis concluem que adoçantes em geral proporcionam menor ingestão de calorias quando comparados ao açúcar, com reflexos positivos sobre o peso e o índice de massa corporal (IMC). A posição é reforçada pela Academia Americana de Nutrição. Pesquisas sérias mostram, ainda, que esses produtos promovem menor impacto sobre a glicemia e a insulina, algo bem-vindo na prevenção e controle do diabetes.

O FDA, Food and Drug Administration, agência federal que regula medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, considera seguros adoçantes como sacarina, aspartame, acessulfame de potássio, sucralose, neotame e advantame quando consumidos dentro da ingestão diária aceitável. Isso abrange a população toda, até mesmo gestantes e lactantes.

A posição é chancelada por um Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para Alimentação (FAO). A classe é regulada e inspecionada no Brasil pela Anvisa, que também considera adoçantes seguros dentro dos limites de ingestão preconizados.

Entenda que minha intenção não é convencer ninguém a usar adoçantes ou recorrer a eles o tempo todo. Mas, sim, tranquilizar as pessoas de que, ao utilizar o produto, elas não precisam se preocupar com risco de câncer ou qualquer outro prejuízo à saúde. Os mitos sobre os edulcorantes são inconsistentes e inconsequentes, até porque muita gente precisa deles como alternativa ao açúcar neste mundo marcado pela alta prevalência de diabetes e obesidade.

 

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