Protetor solar: 10 erros e mancadas mais comuns ao passar
Não reaplicar, usar produto vencido, ignorar algumas partes do corpo... Conheça os tropeços mais comuns ao usar o filtro contra os excessos do sol
O protetor solar é um item essencial para se proteger contra o câncer de pele. Porém, dependendo da forma com a qual lidamos com o produto, a pele não fica devidamente blindada. Veja abaixo os 10 erros e mancadas mais comuns na hora de passar o filtro.
1. Ignorar certas áreas do corpo
Parece óbvio onde devemos aplicar o protetor, não é mesmo? Mas sempre sobra um cantinho… Um estudo da Universidade de Liverpool, na Inglaterra, revelou que as pessoas se esquecem de passar o filtro solar em cerca de 10% do rosto, por exemplo.
Algumas das partes mais ignoradas: a ponta do nariz, o canto interno dos olhos e, nos homens com calvície, a própria careca. Também há os locais de difícil acesso, como as costas, que sofrem com as queimaduras. Ocorre que não dá para descuidar.
Os raios ultravioleta UVA, que penetram profundamente na pele e podem levar ao surgimento de câncer, e os UVB, que nos atingem superficialmente e geram as queimaduras, não dão trégua aos esquecidos.
As regiões mais críticas
Boca e lábios: para evitar as manchas ao redor dos lábios e do bigode, use também batons e hidratantes labiais com FPS.
Cantos e ponta do nariz: eles ficam expostos mesmo com chapéu e óculos. Use e abuse do protetor, inclusive nos contornos.
Nuca: por ficar atrás, passa despercebida. Só quem tem cabelo longo, guardião natural da nuca, pode deixá-la sem protetor.
Orelhas: estão entre as áreas mais afetadas pelo esquecimento. Além do filtro, um chapéu de abas largas ajuda a poupá-las do sol.
Mãos: embora apliquemos o protetor com elas, as coitadas não ganham a devida atenção. O sol tende a castigá-las com manchas e rugas.
Dorso dos pés: releve a areia grudando ali, pois a queimadura é pior. Se tiver dificuldade em alcançar a área, peça auxílio a alguém.
Tem que usar na cidade
Algumas partes que protegemos ao vestir biquíni ou sunga, como braços e pernas, passam batidas no dia a dia longe da praia ou da piscina. Mas camisas curtas ou decotadas, bermudas e saias também deixam os membros descobertos. “As mulheres costumam cuidar do rosto, mas deixam o colo exposto”, exemplifica o farmacêutico Lucas Portilho, diretor científico da Consulfarma.
2. Não cuidar da pele dos menorzinhos
Criança não deve ver o filtro solar só nas férias e feriados. Uma pesquisa recente da Universidade de Sydney, na Austrália, mostrou que o uso regular do produto desde a infância protege, lá na frente, contra o melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele. Afinal, a radiação é cumulativa ao longo da vida.
Fora que a pele de crianças e adolescentes é supersensível. “Eles correm mais perigo do que os adultos e têm maior dificuldade de se cuidar”, resume o oncologista Rodrigo Munhoz, diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
3. Achar que só precisa de filtro no verão
Embora a intensidade dos raios solares seja maior nos meses quentes, o sol não dá folga a quem mora perto dos trópicos. “Os níveis de radiação ultravioleta em São Paulo, no inverno, são quase tão altos quanto os de Paris no verão”, compara Munhoz.
E, em momentos de descuido, os raios UVA penetram no corpo, podendo causar de rugas a câncer de pele. Por isso, o conselho é passar protetor solar pelo menos três vezes por dia, da mesma forma que você escova os dentes.
4. Ficar bitolado com a falta de vitamina D
Os poucos minutos que você permanece na rua quando vai ao banco, sai para almoçar ou caminha até a padaria são suficientes para que os raios UVB estimulem as células da pele a produzirem a vitamina D, aliada contra a osteoporose e outras tantas doenças. Mas, embora o filtro tenha capacidade de bloquear a radiação solar, dificilmente alguém terá deficiência vitamínica por causa dele.
E, mesmo que a pessoa fique totalmente blindada do sol, ainda pode encontrar um pouco da vitamina em ovos, peixes e cogumelos — ou, como é mais comum, dentro de suplementos.
5. Economizar na quantidade protetor
Precisamos de 2 miligramas de protetor para cada centímetro quadrado de pele. No papel, a fórmula é simples, mas quem consegue fazer a conta? O jeito é calcular por colheres: uma de sopa para o tronco, outra para as costas, além de uma para cada perna e braço. Já no rosto e na nuca, basta uma colher de chá.
Sem se esquecer de reaplicar, viu? “Um tubo de 200 gramas deve durar cerca de seis aplicações no corpo todo”, calcula a dermatologista Valéria Marcondes, de São Paulo.
6. Apostar somente em hidratantes e maquiagem
Confira o rótulo dos cosméticos que dizem ter proteção solar. Eles possuem FPS, que barram os raios UVB? E PPD, indicado contra raios UVA? Se faltar algum dos dois, você ainda vai precisar do seu filtro regular.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem uma classificação para os produtos com FPS que não são considerados protetores solares de fato — são os multifuncionais. “É preciso tomar cuidado, pois eles não contam com uma blindagem para UVA adequada. A indústria é obrigada a advertir sobre isso na embalagem, mas o consumidor nem sempre lê”, alerta Portilho.
Em resumo, o filtro sempre tem FPS e PPD; já os multifuncionais contam só com FPS, deixando você exposto aos raios cancerígenos. Para usar os cosméticos com segurança, os médicos orientam não abrir mão do filtro clássico.
Respeite a ordem de passagem
Hidratante, maquiagem, repelente, protetor solar… Existe um monte de produto para passar na pele — e tem quem use todos. Aí, é natural ficar perdido quanto à ordem ideal de aplicação. Mas não há uma sequência fechada.
Os especialistas só são unânimes quanto a um detalhe: o protetor sempre deve ficar por último. Assim, evita-se que itens utilizados posteriormente exerçam atrito e acabem reduzindo sua eficácia.
No caso de quem não dispensa a maquiagem — e, portanto, não pode passar o bloqueador solar no final — a saída é recorrer a um filtro que já atue como base.
7. Não reaplicar após algum tempo
Quando finalmente encontrar seu lugar (seguro) ao sol, lembre-se de que a proteção não é eterna: o intervalo recomendado para reaplicar o filtro é de duas em duas horas, pois ele vai sendo absorvido pela pele e seu efeito se torna cada vez mais fraco.
Esse intervalo é ainda menor para quem entrar na água ou estiver transpirando bastante. Nesses casos, repasse o protetor assim que houver oportunidade. E atenção: um FPS maior ou menor não influencia no tempo de reaplicação — a regra é a mesma para todos os produtos.
8. Passar o filtro depois de sair de casa
O sol não espera você chegar à praia (ou a outro local) para queimar. Por isso, é bom já pisar na rua protegido. E, se o trajeto for longo ou você colocar uma camiseta que depois vai tirar, o ideal é reaplicar o produto assim que alcançar o destino.
“A transpiração ou o contato da pele com o tecido da roupa podem remover parte do protetor”, justifica Portilho.
E não precisa esperá-lo fazer efeito: “É lenda que o produto só funciona 15 minutos após a aplicação. As moléculas estão ativas dentro do tubo”, garante o farmacêutico.
Muito além do protetor
Temos que admitir: ele não resolve tudo sozinho. É aí que entram os chamados protetores físicos, ou seja, acessórios que ajudam a bloquear a passagem dos raios solares. Chapéus, óculos e guarda-sol são exemplos clássicos.
Quem costuma ficar muito tempo no sol deve ter cuidado redobrado e investir até em roupas com proteção ultravioleta. Camisetas e bermudas normais podem impedir o bronzeado, mas não barram toda a radiação que atinge a sua pele.
9. Usar o produto do verão passado
Protetor é caro, e, às vezes, fica aquela dúvida se não vale simplesmente recuperar o tubo largado no fundo do armário. Só que esse item também tem uma vida útil: após um tempo, as substâncias que garantem a proteção solar se degradam e perdem o poder de atuação. Portanto, olho na data de validade!
Outra coisa: dependendo de onde e como ele foi guardado, podem se formar colônias de fungos e bactérias no interior da embalagem, provocando irritações e outros problemas cutâneos.
10. Não levar em conta seu tipo de pele
Pele seca, oleosa ou mista? Não importa: no mercado não faltam produtos para cada um desses perfis. Converse com um especialista sobre a opção mais adequada para você, já que a versão errada pode prejudicar a aparência e a saúde da cútis.
O bate-papo também ajuda a realizar a melhor escolha em termos de FPS. “Para quem tem a pele mais clara, recomenda-se um FPS de 50 para cima. Peles morenas e negras também devem ser protegidas, mas o fator pode ser 30”, exemplifica Valéria.
Fontes: Jade Martins, dermatologista e coordenadora do Departamento de Oncologia Cutânea da Sociedade Brasileira de Dermatologia; Lucas Portilho, farmacêutico e diretor científico da Consulfarma; Rodrigo Munhoz, oncologista e diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica; Sergio Setsuo Maeda, endocrinologista da Universidade Federal de São Paulo; Valéria Marcondes, dermatologista de São Paulo