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As particularidades da acne na mulher adulta

Apesar de atingir principalmente os adolescentes, as espinhas podem surgir na vida adulta – e são mais comuns do que se imagina. Como evitar e tratar?

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 19 fev 2021, 11h05 - Publicado em 5 abr 2019, 17h46

Qual é a primeira imagem que vem na sua cabeça quando falamos de acne? Provavelmente será o rosto de um adolescente. Pois saiba que esse problema também afeta os mais velhos, principalmente o sexo feminino. É a chamada acne da mulher adulta, que atinge cerca de 16 milhões de brasileiras.

Diferentemente das espinhas na juventude, que brotam na testa, no nariz e na parte superior das bochechas – região conhecida como zona T –, nos adultos elas aparecem na zona U, composta pelo queixo, mandíbula e pescoço. Além disso, tendem a ser vermelhas e causar dor.

Todas essas informações foram compartilhadas no evento “Acne na Mulher Adulta: Uma Nova Doença Crônica”, da farmacêutica Bayer, que contou com a presença dos dermatologistas Marco Rocha e Edileia Bagatin, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Thaís Proença, da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo; e Maria Cecilia Machado-Rivitti, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

“A típica paciente que aparece no nosso consultório se queixa de marcas discretas, mas que nunca somem e que pioram no período menstrual”, conta Edileia Bagatin.

A especialista é uma das autoras da revisão de estudos “Acne na mulher adulta: um guia para a prática clínica”, publicada nos Anais Brasileiros de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Segundo Edileia, as pacientes acima dos 18 anos chegam a se incomodar mais com as espinhas do que as adolescentes.

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“Elas se tornam ansiosas e frustradas com a aparência. Ficam irritadas, com raiva da própria pele e com autoestima baixa”, relata a dermatologista.

SAÚDE compareceu ao evento e explica tudo sobre esse problema crônico para você:

O que é a doença e quais são as causas

Toda espinha resulta de uma inflamação nas glândulas sebáceas (pequenas fábricas de um óleo que lubrifica a pele). Se essas glândulas produzem muita gordura, bactérias da espécie Propionibacterium acnes são atraídas e passam se alimentar dela. Pois é do confronto entre esses micro-organismos e nossas células de defesa que surge a inflamação.

Anteriormente, acreditava-se que a superativação das glândulas sebáceas era provocada quase exclusivamente por oscilações hormonais. Porém, aquela revisão apontou que isso só acontece em 30% dos casos de acne da mulher adulta.

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Por isso, o dermatologista Marco Rocha foi investigar outros fatores por trás do quadro. Ele recrutou 38 adultas com espinhas e dez com a pele normal – todas entre 26 e 44 anos e com níveis hormonais equilibrados.

Pra começo de conversa, o especialista descobriu que a tal bactéria P. acnes está presente em igual quantidade na derme de todas as pessoas. O que muda entre as mulheres com espinhas e as livres delas é a quantidade de receptores na pele chamados de TLR-2. Eles fazem parte do sistema imunológico.

A pesquisa revelou que, nas vítimas da acne, a concentração desses receptores é maior, tanto nas áreas acometidas pelas espinhas como nas limpas. É como se a pele dessas azaradas estivesse mais predisposta a gerar um ataque exagerado contra a P. acnes.

“Ter ou não a bactéria não importa. O que interessa é como ela vai interagir com o sistema imune”, explica Rocha. Ou seja, trata-se de uma doença imune-infecciosa.

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A idade média das portadoras no Brasil é de 34 anos. A maioria dos casos são de pessoas que sofreram do problema na adolescência e permaneceram com ele quando cresceram. Metade tem algum parente de primeiro grau com acne, o que demonstra a influência do fator genético.

A revisão de estudos da SBD mostra também que dietas recheadas de laticínios e carboidratos, estresse, tabagismo, alguns suplementos alimentares, exposição ao sol e à poluição e oleosidade são outros fatores de risco.

Como é o tratamento e quais são os cuidados básicos

É importante entender que estamos falando de um problema crônico. Portanto, o tratamento, baseado em medicamentos que variam de paciente para paciente, tem de ser contínuo.

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“Antes, a gente receitava quilos de antibiótico. Hoje, sabemos que a chance de melhora com antibiótico oral é menor que 15%”, esclarece Rocha. “Não adianta só atacar a bactéria”, arremata o dermatologista.

Além dos antibióticos tópicos, os principais remédios utilizados são ácido azelaico, adapaleno, tretinoína e peróxido de benzoíla – todos têm potencial anti-inflamatório. “Eles devem ser aplicados em todo o rosto, e não só na região lesionada, porque aqueles receptores estão em toda a face”, lembra Thais Proença.

A professora da Santa Casa alerta que os contraceptivos são indicados com restrições e avaliação individualizada. E mais: determinados medicamentos não podem ser receitados durante a gravidez e amamentação.

“A mulher adulta tem a pele mais sensível. Em geral, copiar a receita de uma amiga não dá certo. Tudo que irrita, descama e deixa vermelhidão não é indicado”, orienta Edileia. Agora, o hidratante é bem-vindo – só use um que se adeque a sua pele.

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Aliado a isso, evite os fatores agravantes que citamos lá em cima para não piorar a inflamação.

Ficar mexendo no rosto ou espremer as espinhas não é uma boa, porque espalha a sujeira e aumenta a oleosidade. “As mulheres manipulam muito as lesões. Às vezes, fazem uma ferida maior que a original”, alega a professora da Unifesp.

“Acho que, no futuro, teremos novidades que possibilitarão a cura. Por enquanto, é possível controlar a doença”, conclui Marco Rocha.

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