Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Continua após publicidade

11 dicas para identificar quem faz conteúdo sério sobre saúde nas redes

Pode ser difícil separar o joio do trigo em meio a tantos perfis tratando de saúde nas redes sociais. Ensinamos a fugir das ciladas

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 18 jun 2019, 12h19 - Publicado em 10 jun 2019, 16h13

Nada mais natural do que a saúde ser uma das áreas mais atingidas pela onda de fake news. Quem não gostaria de uma pílula (ou melhor ainda, uma planta) capaz de vencer o câncer? Ou que um único alimento enxugasse os quilos a mais na barriga, o inhame curasse a dengue e por aí vai?

Boa parte desse conteúdo é transmitido pelos chamados influenciadores digitais (ou só influencers) em vídeos, stories, fotos e “textões”. Nem sempre é fácil entender o que é balela e o que tem comprovação científica. No meio da confusão, quem pode se dar mal é a sua saúde.

Para ajudar você a encontrar quem produz informações confiáveis nas redes, reunimos dicas de especialistas de três áreas que bombam nas redes – pediatria, educação física e nutrição.

1. Celebridade não é profissional de saúde

Essa é a mais básica de todas. Para palpitar sobre saúde, é preciso ter formação na área e mostrar referências robustas. Se o influencer em questão diz ser um especialista, você pode procurar o registro dele nos conselhos de nutrição, educação física e medicina, além de caçar informações sobre sua escolaridade no site de buscas Google.

“Mesmo assim, faça sempre uma análise crítica do perfil, porque há muitos nutricionistas e outras especialidades adotando práticas que colocam em risco a saúde das pessoas”, pondera Carolina Sartori, nutricionista de Brasília.

Continua após a publicidade

Em seu perfil no Instagram, ela muitas vezes fala justamente sobre a difusão de boatos online, e é uma das entusiastas do projeto Saúde Honesta, que visa desmentir alguns “fatos” que circulam online. Aqui, um momento para autopromoção: a revista SAÚDE também tem perfil no Instagram. Clique aqui para acompanhar.

2. É especialista. Mas especialista em quê?

Suspeite de profissionais aconselhando sobre áreas de atuação que não as suas. “Esses dias, por exemplo, vimos dentistas prescrevendo reposição hormonal, o que deveria ser feito por um médico”, exemplifica Marcelo Saldanha, educador físico e nutricionista, docente do curso de Educação Física e Saúde da Universidade de São Paulo. Ele também tem um perfil no Instagram em que divulga notícias sobre saúde.

3. Se o milagre for grande, desconfie do santo

A pessoa anuncia alimentos que curam doenças incuráveis, chás ou exercícios que secam gordura instantaneamente? Melhor dar unfollow.

“Dificilmente os resultados ocorrerão da maneira anunciada, e essas promessas têm aparecido vinculadas à compra de programas de exercício ou produtos”, comenta Saldanha. O mesmo vale para emagrecimento e ganho de massa muscular rápidos demais.

Continua após a publicidade

4. Falar difícil não quer dizer nada

É comum encontrar falácias disfarçadas de verdade com linguagens supercientíficas, citando estudos e nomes complicados de partes do corpo humano. “Diversas alegações soam de fato muito convincentes, mas não fazem o menor sentido fisiologicamente falando, muito menos possuem comprovação científica”, comenta Carolina.

Para tirar a dúvida, busque a mesma informação em outros locais, o que nos leva ao próximo ponto.

5. Cheque as referências

Se o influencer cita um estudo, procure pelo nome completo do trabalho, a instituição que o realizou e o tamanho do achado. Descobrir que um composto atua no cérebro de um rato no laboratório é diferente de extrapolar o feito para mentes humanas.

“Vale também verificar se a recomendação dada está em manuais de sociedades médicas e as referências bibliográficas”, recomenda Kelly Oliveira, pediatra autora da página Pediatria Descomplicada, um sucesso nas redes.

Continua após a publicidade

Investigue também se reportagens sobre o assunto já foram publicadas na imprensa nacional – de novo, com entrevistados de qualidade, como professores universitários, diretores de entidades e pesquisadores de instituições reconhecidas.

Se você dominar o inglês, pode dar uma pesquisada em plataformas como o PubMed, que reúnem a literatura médica sobre o assunto.

6. Se o “expert” indicou uma dieta ou treino específico, desconfie

Dizer que atividade X ou alimento Y são bons é uma coisa, agora indicar repetições, intensidade ou um cardápio fechado é um problema. “Todas as recomendações do tipo precisam ser individualizadas, levando em consideração histórico de saúde, experiência e idade de cada um”, destaca Saldanha.

Aproveitando: não tente repetir por conta própria treinos intensos de atletas profissionais ou ratos de academia, especialmente se tiver pouca experiência. A pessoa que passou a informação tem um condicionamento físico diferente, pratica a atividade há anos, e seu resultado pode ser outro – e até negativo.

Continua após a publicidade

7. O ativismo requer um segundo olhar

Redes sociais são um espaço de ativismo intenso. Quem nunca encontrou por aí pressão sobre o que deve ou não comer? Até pode haver benefícios em determinado estilo de vida, mas é sempre bom buscar o parecer de uma fonte mais neutra sobre um assunto que é defendido de forma apaixonada.

Já a demonização de alimentos, em geral, não merece nem segunda opinião: estamos falando dos anti-glúten, anti-lactose, anti-carboidratos e tantos outros. Nutrientes específicos devem ser retirados da dieta de alérgicos e intolerantes, só que fazem falta para o resto da população. Caso do glúten: eliminá-lo está relacionado a uma menor ingesta de fibras e, assim, aumento no risco de doenças como diabetes, só para citar um exemplo.

8. Relatos pessoais não são verdade absoluta

Influenciadores, principalmente os que não são profissionais de saúde, costumam dividir suas experiências nas redes sociais. Só que ele precisa deixar claro que se trata de um relato pessoal e só isso. “O problema é que esses depoimentos influenciam os seguidores e não são baseados em ciência”, aponta Carolina.

Continua após a publicidade

“Fora que alguns charlatões contratam pessoas para publicar relatos e convencer quem está desesperado por uma cura a pagar um absurdo por um tratamento que não é validado com estudos”, alerta a nutricionista.

10. Analise bem as propagandas

A propaganda em si não é o problema, mas sim qual tipo de produto que é anunciado. Fazer aquele “publi” de suplementos que prometem milagres pela saúde é um mau sinal, uma vez que eles nem sempre funcionam e ainda podem trazer riscos ao invés de benefícios

Remédios, fórmulas manipuladas e programas de treinamento com alegações fantásticas também são motivos para descrédito. “Influenciadores sérios vão tomar muito cuidado com o que estão anunciando e que mensagem isso passa. Por exemplo, se for fazer propaganda de fórmula láctea, pensarão antes na promoção do aleitamento”, explica Kelly.

11. Busque conhecimento

Infelizmente, é um trabalho que toma tempo. É preciso pesquisar os perfis que chegam até você, analisar a descrição e checar se as informações são confiáveis e os discursos equilibrados e sem modismos.

As redes sociais costumam indicar perfis semelhantes aos que você segue, o que pode ajudar. Para fazer isso no Instagram, clique na setinha que fica logo abaixo do número de seguidores da pessoa.

Quer saber mais? Escute o primeiro episódio do nosso podcast Detetives da SAÚDE, dedicado às fake news. É só clicar aqui.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.