Bebidas açucaradas pioram a esclerose múltipla?
Estudo associa maior consumo de itens como refrigerantes, néctares e chás adoçados com sintomas mais severos da doença
A pesquisadora Elisa Meier-Gerdingh, do St. Josef-Hospital, em Bochum, na Alemanha, decidiu avaliar o impacto da alimentação na severidade da esclerose múltipla, doença autoimune que atinge o sistema nervoso. Para isso, recrutou 135 pessoas com a condição e pediu para que todos respondessem a um questionário detalhado sobre os hábitos à mesa.
Como não existe um escore específico para medir a qualidade do cardápio de um paciente em relação ao risco ou progressão dessa doença, a expert usou como referência a dieta Dash, padrão saudável conhecido por ajudar no controle da pressão alta.
Na Dash, a ingestão de frutas, verduras, legumes, oleaginosas, grãos integrais e laticínios é considerada bem-vinda, enquanto o consumo de sódio, bebidas açucaradas, além de carne vermelha e processada pesa contra.
Em paralelo à avaliação da dieta, cada participante foi examinado para estabelecer o nível de incapacidade provocado pela doença.
Hora de cruzar os dados
Elisa e seu time não encontraram nenhuma relação entre seguir (ou não) a Dash no geral e a severidade dos sintomas. “Então, nós analisamos cada componente da dieta individualmente”, conta.
Foi aí que encontraram o seguinte: os maiores consumidores de bebidas açucaradas, como refrigerantes, sucos, chás e café adoçados, apresentavam sintomas mais severos. “Essas pessoas consumiam 290 calorias vindas dos líquidos, o equivalente a duas latinhas de refrigerante por dia”, conta a expert.
“Essas bebidas são classificadas como componentes de uma dieta pouco saudável, que facilita o desenvolvimento de doenças crônicas, como hipertensão”, analisa Elisa. “Ao mesmo tempo, pessoas com esclerose múltipla apresentam risco aumentado de doenças metabólicas”, completa. Por isso, a pesquisadora acha que uma relação entre as duas coisas de fato não é tão improvável.
Só que Elisa frisa que ainda não dá para concluir se as bebidas pioram a doença ou se os quadros mais graves dificultam a adesão a uma dieta saudável. De qualquer forma, diante dos resultados, ela acha que vale a pena a ciência ir atrás de mais dados sobre esse elo.