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Afinal de contas, dieta detox funciona?

Médico explica como o corpo se desintoxica e investiga até que ponto há base científica para as dietas e ingredientes detox

Por Dan Waitzberg, nutrólogo (Nutritotal)*
25 jan 2021, 09h33
foto de suco detox
Dietas e sucos detox viram moda em todo verão, mas tática não tem amparo científico. (Foto: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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Após as festas de fim de ano e o período de férias, as chamadas dietas detox costumam entrar em cena, prometendo limpar o organismo, eliminar os excessos previamente ingeridos e até ajudar a perder peso. Mas será que isso procede? Essa é uma questão que, a cada verão, as pessoas colocam para a equipe do Nutritotal.

De fato, alguns nutrientes podem participar desse processo, mas, antes de tudo, precisamos entender que a detoxificação (ou limpeza) do corpo é algo natural e fisiológico. Ou seja, o próprio organismo se encarrega dela e isso acontece a todo momento.

Sim, nosso corpo tem mecanismos altamente capacitados para fazer uma autofaxina. Fígado, rins, intestino, pele sistema respiratório e imunológico… Todos eles são preparados e recrutados para excretar substâncias indesejadas. Na realidade, esse processo acontece inclusive em nível celular através de moléculas produzidas pelo organismo como a glutationa, um antioxidante.

Pesquisas mostram que baixos níveis de glutationa no sangue estão relacionados ao aparecimento de doenças, sugerindo que essa substância está ligada ao processo natural de detoxificação. A tal glutationa é produzida a partir de aminoácidos, pedaços de proteínas, o que indica que a alimentação, pelo menos por vias indiretas, está associada ao processo de limpeza do organismo.

Além das proteínas (as fontes de aminoácidos), carboidratos e gorduras fornecem energia para o organismo realizar a detoxificação. Nesse processo, também exercem papel importante vitaminas, minerais (principalmente o selênio, o cobre, o zinco e o manganês) e os compostos bioativos.

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Cada vez mais estudados, os compostos bioativos aparecem em ervas e especiarias (como coentro e cúrcuma), nas frutas cítricas, nos frutos vermelhos (uva, mirtilo…), na maçã, no alho, na cebola, nos vegetais crucíferos (repolho, couve…) e no chá-verde, por exemplo.

Por falar em chá, não podemos esquecer que uma boa hidratação, com consumo abundante de água, é fundamental para a detoxificação do organismo.

Muito bem, agora ficou mais fácil entender por que esses ingredientes (e tantos outros ) tendem a aparecer nas recomendações de dieta detox. Muito atraentes, elas costumam ser intervenções de curto prazo e geram a expectativa de purgar o corpo e auxiliar na perda de peso. Mas atenção!

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Quando ultrapassam os limites plausíveis da ciência e do bom senso, essas dietas podem ser até prejudiciais à saúde. Dependendo da intensidade, geram um baita estresse para o corpo. A perda de peso resultante da restrição calórica por detox aumenta os níveis dos hormônios do estresse em mulheres, favorecendo o rápido reganho de peso, como demonstram pesquisas.

Isso ajuda a explicar por que muitas pessoas viram reféns da dieta detox, vivendo num ciclo de perda e ganho de peso capaz de afetar a saúde. Até porque a restrição energética e nutricional típica dessas intervenções pode resultar em deficiências de proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais.

Quando essa estratégia se soma ao uso de medicamentos como laxantes, visando à eliminação das toxinas e ao emagrecimento, não raro causa desidratação, desequilíbrio eletrolítico e problemas intestinais, gerando graves consequências.

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Podemos concluir, então, que, para um efetivo processo de desintoxicação, não precisamos nos ater a uma dieta específica, mas, sim, a um estilo de vida saudável, que inclua regularmente o consumo de todos os alimentos antes citados. Não há uma dieta de curta duração que limpe o organismo de vez.

Os processos fisiológicos de detoxificação se beneficiam de um conjunto de práticas saudáveis, como ingestão adequada de líquidos, alimentação balanceada, prática de atividade física, sono de qualidade e controle do estresse.

* Dan Waitzberg é nutrólogo, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do grupo Ganep

(Este texto foi produzido pelo Nutritotal em uma parceria exclusiva com VEJA SAÚDE)

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