Enriquecimento ambiental: 5 formas de estimular seus pets

Segundo dados do Instituto Quaest divulgados no início de julho, 72% dos brasileiros vivem com ao menos um pet em casa.

Com o acolhimento, chegam também as responsabilidades com a saúde e o bem-estar do mascote. “Cada espécie e raça tem suas próprias necessidades em relação à alimentação, brincadeiras e descanso, e essas particularidades precisam ser respeitadas”, ressalta Thiago Teixeira, diretor geral do centro veterinário Nouvet (SP).

Neste contexto, cresceu o interesse dos tutores pelo enriquecimento ambiental, conceito que compreende a adaptação da casa e da rotina para estimular adequadamente o animal e proporcionar uma vida saudável a ele.

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O que é enriquecimento ambiental para pets?

O ambiente e as condições nas quais os animais vivem têm uma grande influência sobre o comportamento e a saúde deles. Essa é uma questão que tem ganhado cada vez mais destaque conforme os pets passaram a dominar nossos lares — mas não é uma novidade para os especialistas da área.

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No século 19, os cientistas já se preocupavam em reproduzir características do habitat natural de animais selvagens nos zoológicos, o que provou ser essencial para a reabilitação e adaptação dos bichos à vida em cativeiro. Nas últimas décadas, biólogos têm mostrado que os animais domésticos também se beneficiam de brincadeiras, socialização, alimentação variada e outros estímulos.

“O enriquecimento ambiental pode ser definido como um conjunto de estratégias aplicáveis ao ambiente no qual o animal vive e que visam estimular suas habilidades naturais e curiosidade”, explica Luciano Miranda, fundador da Petiko, empresa que desenvolve brinquedos para pets e produz conteúdo sobre o assunto para tutores dedicados.

Muito mais do que uma tendência no mercado pet — que já fatura aproximadamente 70 bilhões de reais por ano no país— , o enriquecimento ambiental é fundamental para o desenvolvimento dos nossos amigos de quatro patas.

Benefícios do enriquecimento ambiental

São muitas as vantagens de implementar atividades mais dinâmicas ao cotidiano dos animais de estimação. Uma das principais é o combate ao sedentarismo, que, como entre nós, humanos, está associado a diversas condições de saúde nos pets.

“Um estilo de vida mais sedentário pode predispor à maior fragilidade articular e óssea, além de perda da massa muscular”, exemplifica Teixeira. Quando associada a uma dieta inadequada, a falta de atividade física também pode levar ao desenvolvimento de problemas metabólicos, como diabetes e obesidade em cães e gatos.

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Medidas de enriquecimento ambiental, por outro lado, estão ligadas a um menor risco dos animais virem a desenvolver tais condições e uma maior chance de melhorar a qualidade de vida do pet.

“Estudos demonstraram que o enriquecimento ambiental pode reduzir o comportamento repetitivo (estereotipado) relacionado ao estresse em animais de zoológico e de laboratório”, resume um documento produzido pelo Centro Médico Veterinário da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos. “Também tem efeito ansiolítico e terapêutico.”

Diferentes pesquisas também já associaram a oferta de atividades dinâmicas ao crescimento de diferentes regiões cerebrais. Em investigação recente, por exemplo, pesquisadores estadunidenses relacionaram o ensino de novos truques e a socialização de cães com um aumento do hipocampo canino, diminuindo o risco de declínio cognitivo e demência na espécie.

Na prática

A seguir, veja como você pode implementar estratégias de enriquecimento ambiental de diferentes formas para o seu pet.

1. Capriche na alimentação

Além de servir alimentos e rações próprias para a idade e a espécie do seu animal de estimação, que tal caprichar na apresentação? Há brinquedos que liberam petiscos a medida que os pets os giram ou apertam. É uma forma mais dinâmica e divertida de recompensá-los.

Variar o cardápio também ajuda a aguçar o paladar e complementar o consumo de nutrientes e de água pelo pet. Verifique com o seu veterinário quais frutas, vegetais e carnes podem fazer parte do menu do seu pet e qual é a periodicidade ideal para servi-las. Equilibrar o consumo de ração seca e úmida também é necessário.

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2.  Providencie uma vida social

A convivência com outros animais (da mesma espécie ou não, a depender do temperamento de cada pet) e o estreitamento do laço com o tutor ajuda a desenvolver a sociabilidade.

Para períodos em que os animais ficam mais sozinhos, na ausência dos tutores, “creches” e hotéis especializados se tornam uma opção para preencher o tempo do pet com brincadeiras e interação com seus semelhantes.

“São espaços cuja procura tem crescido cada vez mais e que oferecem programações diferenciadas a partir das características dos cachorros, que variam em porte e idade, e são mediadas por especialistas em comportamento animal“, explica Thiago Teixeira, que gere uma dessas “escolas” no centro veterinário Nouvet.

3. Crie estímulos sensoriais  

Estimule os sentidos do seu animal de estimação com brincadeiras que vão aguçar paladar, olfato, tato, visão e audição do pet — respeitando sempre os gostos e limites do bicho.

“Há aqueles que gostam de buzinas, outros de barulhos de plástico amassado. Texturas diferentes no brinquedos também dão outro tom às brincadeiras. Gatos podem se interessar mais por produtos com catnip [erva-de-gato]“, elenca Luciano Miranda.

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4. Promova uma vida ativa

Já levou seu cachorro para passear hoje? A atividade física dentro e fora de casa é essencial para manter a saúde dos pets. Mas tome cuidado para não exigir demais do seu companheiro: algumas raças tem menor resistência a corridas e passeios, e maior predisposição a lesões articulares.

Adeque o exercício ao porte e idade do seu animal de estimação, mantenha-o hidratado e aplique produtos que evitem a infestação de parasitas.

Aos tutores de gatos, vale investir em arranhadores, abrigos, caixas e tubos para movimentar a vida do felino.

5. Trabalhe o cérebro dos pets

Para estimular ainda mais o cérebro dos pets, proponha brincadeiras que envolvam memória e raciocínio, como encontrar um objeto perdido.

O processo de adestramento de cães e gatos também envolve muita atividade cognitiva e tem efeitos positivos a longo prazo na vida de animais e tutores.