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Saúde mental de crianças e adolescentes piorou na pandemia, alerta Unicef

Levantamento feito pela entidade aponta que pandemia aumentou casos de transtornos mentais entre mais jovens; é urgente criar um ambiente de acolhimento

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 22 mar 2023, 11h12 - Publicado em 12 out 2021, 14h00
transtornos mentais como TDAH e ansiedade; crianças e adolescentes
Além do isolamento provocado pelos períodos em quarentena, crianças e adolescentes viram a renda familiar ser diminuída, passaram pela insegurança alimentar e pelo luto de perder alguém próximo (Foto: Nicolò Canu/Unsplash/Divulgação)
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Uma pesquisa feita pelo Instituto Gallup e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) chama atenção para o efeito da pandemia de coronavírus e do isolamento social em crianças e adolescentes.

O Brasil foi um dos 21 países que participaram do levantamento. Os primeiros dados divulgados apontam que 22% dos adolescentes e jovens brasileiros de 15 a 24 anos se sentem deprimidos ou têm pouco interesse em fazer as coisas.

Além disso, a entidade afirma que subiram os casos de transtornos mentais nesse período, e as sequelas nesses grupos podem reverberar por muitos anos. Por isso, a entidade faz um apelo para que governos, educadores e familiares criem uma cultura de escutá-los com mais empatia. 

Os mais novos foram prejudicados pelo tempo que ficaram longe da escola e dos espaços de convivência, e, no Brasil, muitos não tiveram nem a tecnologia como aliada para manter os estudos e a troca social em dia.

“Crianças e adolescentes viram a renda familiar sendo diminuída, sentiram insegurança alimentar e o luto de perder alguém próximo. Passaram, então, a ter dificuldade de planejar o futuro”, avalia Gabriela Goulart Mora, oficial do Unicef do Brasil na área de desenvolvimento de adolescentes.

+ LEIA TAMBÉM: TDAH decodificado: por dentro do déficit de atenção

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“Temos uma estrutura de saúde consolidada no país, mas percebemos que ela não é suficiente para lidar com um trauma tão grande quanto o da pandemia. Os CAPS (Centros de Ação Psicossocial), que cuidam da saúde mental, não chegam a todos os municípios”, lembra Gabriela. Esses são pontos de apoio importantes para famílias que percebem problemas em casa, segundo a especialista.

Como acolher crianças e adolescentes

“Somos uma sociedade centrada no adulto, que dá pouco valor à fala da criança. Precisamos ouvi-las de forma mais empática e sem julgamentos. Os professores, que são preparados a perceber diferenças de comportamento ficaram longe dos alunos nessa fase, e isso também complicou a situação, principalmente de quem sofre violência em casa”, completa Gabriela.

Vale dizer que a saúde mental dos jovens já era um problema global antes da pandemia. O suicídio é uma das principais causas de morte na adolescência no mundo. “O isolamento só deixou essas questões mais explícitas”, avalia a representante da Unicef.

Independentemente das ações coletivas, dentro da família também é importante criar esse ambiente de escuta. Para isso, materiais foram desenvolvidos pela entidade para atender a algumas dessas demandas. Um site (em inglês) dá dicas de como se atentar a sinais de alerta em cada faixa etária.

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Para os adolescentes e jovens entre 13 e 24 anos foi criada a página Pode Falar, que faz atendimentos por um chat e serve de plataforma de vídeos e textos com depoimentos e manuais.

“Nessa idade, eles contam muito com seus pares, então é importante criar esses laços pela internet. Tudo é mediado, e, quando o atendente percebe que há sinais de gravidade, já toma providências”, explica Gabriela.

+ LEIA TAMBÉM: Birra ou doença: os transtornos psiquiátricos na infância

Com as crianças menores, familiares devem ficar atentos aos sinais de tristeza, desinteresse em fazer atividades de rotina ou gastar muito tempo nas telas. É preciso propor atividades ao ar livre e brincadeiras.

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Ansiedade e mudanças de comportamento

Entre os principais transtornos mentais, estudos apontam que a ansiedade tem sido mais recorrente entre crianças nesse período de pandemia, comenta o psicólogo Felipe Laccelva, fundador da Fepo, startup de apoio psicológico virtual.

“Houve um aumento nos índices gerais de ansiedade na população, e com crianças e adolescentes não seria diferente, principalmente devido às mudanças na rotina e restrições impostas durante o período”, avalia Laccelva.

Qualquer mudança de comportamento deve ser observada, mas algumas questões podem aparecer com mais frequência, como a dificuldade de interação com os colegas, desmotivação e menor rendimento escolar”, alerta o especialista.

Os principais sintomas das crianças ansiosas são, ainda, preocupações excessivas e expectativas descoladas da realidade, fixação em ideias negativas e dificuldade de memória e atenção.

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Se os sintomas são persistentes e atrapalham a qualidade de vida da criança, o ideal é procurar ajuda.

Transtornos mentais que acometem crianças e adolescentes

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