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Vacina contra o câncer do colo de útero pode eliminar tumores

Em testes pré-clínicos, pesquisadores concluíram que uso do imunizante associado à quimioterapia é capaz de atingir tumores em estágio avançado

Por Agência Fapesp*
Atualizado em 14 abr 2022, 12h18 - Publicado em 13 abr 2022, 13h03
vacina contra câncer no colo do útero
Os primeiros testes foram feitos em camundongos, e agora os pesquisadores estão validando os resutados em humanos (Ilustração: Lucas Kazakevicius/SAÚDE é Vital)
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Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) trabalham no desenvolvimento de uma vacina terapêutica que se mostrou, em camundongos, capaz de eliminar tumores associados ao papilomavírus humano (HPV), principal agente causador do câncer do colo do útero.

O estudo, divulgado no International Journal of Biological Sciences, mostrou que, quando associado à quimioterapia baseada em cisplatina, o imunizante induziu uma resposta capaz de eliminar tumores em estágio avançado de desenvolvimento, sem causar danos ao fígado, aos rins ou induzir perda de peso nos animais, ou seja, sem toxicidade.

Os pesquisadores fazem agora a prova de conceito clínica em humanos. A investigação é conduzida em dois laboratórios do ICB-USP, coordenados pelos professores José Alexandre Marzagão Barbuto e Luís Carlos de Souza Ferreira.

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Conta com a participação de pesquisadores da ImunoTera Soluções Terapêuticas e apoio da Divisão de Ginecologia do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP.

Prova de conceito

O trabalho foi desenvolvido ao longo dos últimos anos em um modelo experimental de roedores. Atualmente, uma prova de conceito clínica está sendo conduzida no HC, com pacientes diagnosticadas com neoplasia intraepitelial cervical (NIC) de alto grau, um estágio anterior ao câncer do colo do útero.

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“Conseguimos fazer a prova de conceito em camundongos e agora estamos validando os resultados em humanos, acompanhando um grupo pequeno de pacientes por um período de seis meses a um ano.

+ LEIA TAMBÉM: Radar da saúde: a vacina contra o câncer já está entre nós

A publicação dos novos resultados deverá ser feita em meados de 2023 e, então, partiremos para testes clínicos mais abrangentes, visando avaliar a segurança e a eficácia do imunizante. Os resultados iniciais são muito animadores”, conta Bruna Porchia, pós-doutoranda no ICB-USP e primeira autora do artigo.

A aplicação do imunizante em humanos é feita de forma indireta. Uma amostra de sangue é retirada da paciente e, em laboratório, as células dendríticas (que fazem parte do sistema imune) são isoladas e ativadas in vitro com o imunizante.

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Ao retornar à paciente por meio de uma injeção, as células dendríticas “ensinam” o sistema imune a reconhecer e eliminar as células tumorais ou neoplásicas (precursoras dos tumores) presentes no colo uterino.

Devido ao longo caminho regulatório que deve ser percorrido até o imunizante ser aplicado em larga escala nos pacientes, o método indireto possibilitou a realização da prova de conceito clínica e a validação dos resultados alcançados nas duas últimas décadas de pesquisa.

Tecnologia pioneira

O imunizante é feito com base em uma proteína recombinante que possibilita a ativação do sistema imune.

“Trata-se de uma vacina capaz de induzir uma resposta altamente específica a um alvo terapêutico e que, ao contrário de métodos como a quimioterapia e a radioterapia, não afeta células saudáveis do organismo. Com isso, é possível eliminar as neoplasias do colo uterino com baixa toxicidade”, afirma a pesquisadora.

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Os testes já realizados sugerem que a tecnologia pode ser aplicada para combater outras doenças crônicas ou infecciosas. “As possibilidades são muitas. Podemos desenvolver, por exemplo, vacinas para câncer de mama, câncer de próstata, tuberculose, hepatite, Covid-19, zika e HIV”, destaca a pesquisadora.

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Aplicado em duas doses, o imunizante poderá tratar tumores em estágios iniciais, pois é nesse momento que se consegue melhor resposta do organismo.

“Quando um câncer evolui, criam-se mecanismos de evasão que muitas vezes superam a capacidade do sistema imune de eliminá-lo. Nesse caso, a associação da vacina com outras terapias pode trazer bons resultados”, completa.

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Este texto foi originalmente publicado por Agência Fapesp. 

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