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Trombose: o que é, sintomas, causas e tratamento

Uma formação de coágulos nas veias ou artérias, a trombose costuma surgir na perna, mas pode levar a complicações no corpo todo. Veja como evitar e tratar

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 21 Maio 2021, 12h34 - Publicado em 23 dez 2020, 12h10

     O que é a trombose

A trombose é a formação de um coágulo no sangue (trombo) que obstrui ou dificulta a circulação de um vaso sanguíneo qualquer. A depender do local afetado e da extensão do quadro, os sintomas da trombose variam. Eles envolvem inchaço, vermelhidão, limitações de movimento, dor etc. Às vezes, um desses coágulos se desprende e viaja pelo corpo, podendo causar tromboembolismo pulmonar ou um AVC.

Há casos agudos em que o próprio organismo dissolve os coágulos, sem repercussões. O problema é quando o trombo se avoluma ou o bloqueio sanguíneo persiste, gerando, entre outras coisas, inflamações nas veias e artérias. As chamadas tromboses crônicas demandam tratamento justamente para evitar consequências mais graves.

Aliás, tromboses surgem no corpo todo — elas estão por trás de alguns casos de hemorroidas, por exemplo. Mas os vasos mais afetados são os das pernas.

     Tipos de trombose e sintomas

A trombose é classificada de acordo com o vaso sanguíneo no qual aparece. Os sintomas também variam, porque há artérias e veias espalhadas pelo corpo todo.

Quando o coágulo se forma em uma veia de calibre maior e gera um processo inflamatório, chamamos de trombose venosa profunda (TVP). Ela é a forma mais comum de trombose. Estima-se que afete 60 pessoas a cada 100 mil por ano no mundo.

“A TVP diminui o retorno do sangue para o coração. Com o tempo, a região fica inchada, endurecida e dolorida”, conta o angiologista Marcelo Calil Burihan, diretor da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV).

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A sensação de peso nas pernas, em especial no fim do dia, também está entre os sinais da trombose venosa profunda.

Aliás, as varizes podem ser um sinal dessa encrenca. Estamos falando de veias tortuosas, dilatadas e que perdem a capacidade de levar o sangue adequadamente de volta para o coração — e que geram manchas esverdeadas ou arroxeadas que às vezes incomodam do ponto de vista estético. As varizes comumente acusam uma circulação deficiente na região.

Agora, quando o trombo se forma nas artérias, estamos diante de uma trombose arterial (TA). “Nesse caso, ele reduz o fluxo do sangue do coração para uma determinada região do organismo. Há a possibilidade de ocorrer falta de oxigenação do tecido, podendo evoluir para uma gangrena”, relata Burihan. O membro fica pálido e gelado.

Em ambas as situações, a trombose pode gerar dificuldade de locomoção ou para realizar certos movimentos.

     Diferença entre trombose e tromboflebite

O termo flebite caracteriza qualquer inflamação na parede das veias. Logo, tromboflebite á uma inflamação nessas estruturas com a formação de um coágulo. Mas tem um detalhe: esse termo é usado para definir processos inflamatórios com formação de trombos em veias superficiais (ao contrário da trombose venosa profunda).

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Por afetar as veias mais próximas da pele, a tromboflebite pode deixar um cordão avermelhado e inchado na região comprometida. O paciente também sente dores e maior sensibilidade.

     Causas da trombose e fatores de risco

Existem três principais razões biológicas para a TVP: alteração nos fatores de coagulação, estase e danos nas paredes da veia. Calma que a gente explica cada uma.

Fatores de coagulação: são as proteínas do sangue que geram coágulos para cicatrizar tecidos, entre outras coisas. Há pessoas que, por motivos genéticos, tendem a apresentar uma concentração alta dessas moléculas. Certos remédios também interferem aqui.

Estase: é quando a circulação sanguínea fica estagnada. Ela acontece ao permanecermos sentados ou deitados por muito tempo, com as pernas na mesma posição, como em internações hospitalares ou voos de longa duração.

Alteração da parede das veias: traumas ou manipulações cirúrgicas podem mexer com o estado desses vasos, tornando-os mais propensos a alojar um trombo. O cigarro, por danificar os vasos sanguíneos em geral, também favorece o quadro.

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Já na TA, a maioria dos casos aparece em decorrência da aterosclerose. Ou seja, da formação de placas de gordura e outras substâncias nas artérias. Essa condição está atrelada a diversas questões: colesterol alto, diabetes, hipertensão, obesidade, cigarro etc.

A trombose é mais comum a partir dos 60 anos e tem uma grande influência dos genes. Os principais fatores de risco modificáveis para a população masculina é o tabagismo, consumo de álcool e sedentarismo.

Nas mulheres, hábitos desequilibrados também importam. Entretanto, a gravidez e o uso de pílulas anticoncepcionais (em especial sem acompanhamento médico) são as principais ameaças.

“Esses dois itens podem alterar os fatores de coagulação e deixar sequelas nas paredes das veias. Na gestação, o perigo é maior, entre outras coisas porque o aumento do peso e a diminuição da mobilidade levam à estase”, alerta Burihan.

Mas atenção: há contraceptivos orais com menor risco de trombose. Isso depende inclusive do histórico familiar e de hábitos da paciente. O importante é conversar abertamente com o doutor sobre os riscos e benefícios de tomar esses medicamentos.

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Até porque uma gestação indesejada afeta tremendamente a vida de uma mulher. E, como dissemos, toda gravidez eleva consideravelmente o risco de trombose.

     Diagnóstico de trombose e exames

“Além do exame físico, a gente utiliza exames como o ecodoppler vascular ou o duplex de scan, que é um ultrassom dos vasos sanguíneos”, afirma Burihan.

Se há suspeita de um entupimento dos vasos na cabeça ou no tórax, também se usa a tomografia ou ressonância.

Ah, e recomenda-se que indivíduos com histórico familiar de trombose — principalmente grávidas — realizem o teste de fator de coagulação (um exame de sangue). Se ele apontar uma tendência genética para a formação de coágulos, certas medidas podem ser adotadas para evitar ou amenizar tromboses crônicas.

     Trombose tem cura? Conheça o tratamento

O trombo em si pode ser dissolvido ou retirado com remédios, cirurgias e outras tecnologias. Ou o próprio vaso afetado é eliminado de uma forma ou de outra. Isso alivia ou mesmo resolve os sintomas — então, sob essa perspectiva, daria para pensar em cura.

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No entanto, a pessoa precisará manter cuidados a vida toda para não voltar a sofrer com a trombose, ou para minimizar suas consequências.

O tratamento depende do tipo de trombose e da gravidade do quadro. Se for a venosa, podem ser usados medicamentos anticoagulantes, meias elásticas para compressão das pernas e remédios que facilitam o retorno do sangue para o coração.

“Para a arterial, receitamos aspirina a fim de dificultar a formação de trombos, medicações que baixam o colesterol e vasodilatadores”, informa Burihan.

A maior parte das drogas está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), com exceção dos anticoagulantes orais mais recentes.

Ah, o exercício físico supervisionado é encarado como parte importante do tratamento das tromboses em geral.

     Possíveis complicações

A complicação mais grave da TVP é a embolia pulmonar, ou tromboembolismo pulmonar. Isso ocorre quando o coágulo se desprende da veia de origem, passa pelo coração e, então, chega aos pulmões, interrompendo a circulação por ali.

O problema pode disparar falta de ar, tosse, dores — e levar ao óbito. De acordo com o Ministério da Saúde, em aproximadamente 5% a 15% das TVPs não tratadas, há risco de morte por embolia pulmonar. Burihan afirma que esse problema é responsável por 120 mil falecimentos ao ano no Brasil.

Já na TA, há o perigo de amputação dos membros atingidos. O paciente pode ainda sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) ou um infarto.

     Prevenção da trombose

Para reduzir a probabilidade de sofrer com tromboses, é necessário praticar exercícios físicos, manter uma alimentação adequada, não fumar, maneirar no álcool e controlar o peso e as doenças crônicas (diabetes e hipertensão).

As pessoas já diagnosticadas precisam se esforçar ainda mais para aderir a esses hábitos e, assim, evitar o aparecimento de novos trombos. Além disso, os portadores de transtornos de alteração da coagulação irão tomar anticoagulante por toda a vida.

Trombose no avião

“Em voos longos, deve-se andar um pouco no corredor, fazer movimentos com os pés e usar meia elástica”, diz Burihan. Tudo para manter o sangue em movimento.

O mesmo vale para viagens de carro ou de ônibus. Se possível, faça paradas breves a cada hora.

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