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Qual é a verdadeira idade dos seus dentes? Resposta pode surpreender

Influenciada pelo estilo de vida, a síndrome do envelhecimento precoce bucal deixa a dentição de gente jovem com cara de boca mais velha

Por Texto: Maurício Brum, Clarice Sena e Thiago Müller | Design: Estúdio Coral | Foto: Adobe Firefly | Ilustração: Estúdio Tigre
8 dez 2025, 08h20 •
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Conheça a síndrome do envelhecimento precoce bucal, que pode ser causada por uma série de maus hábitos e comorbidades (Laura Luduvig/Estúdio Tigre | Foto: Adobre Firefly/Veja Saúde)
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  • Você está na cadeira do dentista todo tranquilo. Afinal, mantém seu ritual de limpeza religiosamente, com fio dental e escova sempre à mão, nem sente nenhum incômodo. E eis que o profissional lhe diz que há um problema ali. Seus dentes estão com trincas e uma coloração típicas da arcada de um idoso. Só que você nem passou dos 40 anos! Que mistério é esse?

    A condição tem nome e sobrenome, mas só começou a ganhar a atenção, inclusive dos dentistas, nos últimos anos. É a síndrome do envelhecimento precoce bucal, um diagnóstico que está sendo cada vez mais feito nos consultórios e causa espanto por não ter necessariamente a ver com a falta de higiene diária — a exemplo da cárie.

    “É um problema que está literalmente na boca do povo, mas ainda não é tão falado como deveria”, diz o cirurgião-dentista Luiz Rodolfo May dos Santos, que atua no Sesc de São Paulo e mantém um trabalho de divulgador científico no blog Dicas Odonto e no podcast PodSondar.

    Nesta matéria, você lerá sobre:

    • O que é a síndrome do envelhecimento precoce bucal?
    • Como a saúde mental afeta a saúde da sua boca?
    • Como é feito o diagnóstico?
    • Refluxo e má alimentação envelhecem os dentes
    • Cuidado na hora de treinar!
    • Os principais inimigos dos seus dentes
    • Como tratar a síndrome do envelhecimento precoce bucal?
    • Complicações do envelhecimento precoce
    • Como prevenir o problema?
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    + Leia também: Qual a relação entre a cor do dente e a saúde bucal?

    O que é a síndrome do envelhecimento precoce bucal?

    A tal síndrome está enquadrada em um grupo de lesões dentais chamadas não cariosas e é muito mais influenciada pelos hábitos, inclusive alimentares, do que pela limpeza bucal.

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    O desafio é que essa situação pode dar as caras mesmo entre pessoas que mantêm uma rotina considerada impecável, comendo direito e frequentando a academia. Na verdade, como se fosse uma pegadinha, algumas atividades físicas (e suplementos tomados entre as sessões) podem aumentar a propensão a essa dor de cabeça — ou melhor, de dente!

    A síndrome é também um sinal dos tempos. “Nossos avós são de uma época em que a maioria tinha de usar dentaduras, nossos pais conviviam com as obturações e talvez a nossa geração e a de nossos filhos sejam as primeiras a não sofrer com a cárie”, repara Santos.

    Não é que ela tenha deixado de existir, mas, com a maior conscientização sobre a importância da escovação, a fluoretação da água e o acesso aos dentistas, a prevalência da chateação felizmente caiu.

    Acontece que, se isso parecia um caminho aberto para chegar ao final da vida com a dentição intacta, nos últimos anos o cenário tem se modificado — especialmente desde a pandemia, quando situações como o estresse, a ansiedade e problemas do sono dispararam.

    E uma mente atribulada significa uma boca atribulada. Mas o que uma coisa tem a ver com a outra?

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    Sinais da síndrome do envelhecimento bucal precoce (Ilustração: Laura Luduvig/Estúdio Tigre | Foto: Adobre Firefly/Veja Saúde)

    Como a saúde mental afeta a saúde da sua boca?

    Tanto a tensão diária como o uso de medicamentos para transtornos mentais como ansiolíticos alteram a produção e a qualidade da saliva que banha e protege os dentes.

    “O estresse, por si só, favorece inflamações pelo corpo, inclusive na boca, e ainda contribui para o bruxismo e o costume de apertar os dentes”, explica a cirurgiã-dentista Sheila Cortelli, da Sociedade Brasileira de Periodontia e Implantodontia (Sobrapi).

    Ou seja, há uma série de fatores que abalam a integridade bucal. “Eu não sei se esses jovens vão chegar a uma velhice com a dentição preservada”, preocupa-se a pesquisadora, que também é editora da revista científica Brazilian Journal of Periodontology.

    + Leia também: Saúde bucal é prejudicada por abalos emocionais

    Como é feito o diagnóstico?

    O problema, que não está associado só ao estado emocional, ganhou ares tão urgentes que, pela primeira vez, o Ministério da Saúde elaborou um manual dedicado a detalhar aos profissionais da área as características da síndrome do envelhecimento precoce bucal e a esclarecer o conceito aos pacientes, que, crentes de que estão fazendo tudo do jeito certo, ficam com inúmeras dúvidas sobre a condição.

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    Para fechar o diagnóstico, aliás, o dentista tem de montar um quebra-cabeça do estilo de vida de quem está sentado na cadeira com a boca aberta.

    “Temos de aplicar um questionário completo: entender se a pessoa faz academia, os tipos de exercício, os hábitos alimentares, a ingestão de líquidos ao longo do dia…”, enumera a cirurgiã-dentista Claudia Gobor, diretora da Associação Brasileira de Odontologia no Paraná (ABO-PR). 

    O envelhecimento precoce da boca está diretamente associado a situações que desgastam e fragilizam os dentes muito mais rapidamente do que isso deveria acontecer. E não são apenas os distúrbios psíquicos que estão mais prevalentes hoje e metendo o bedelho nessa história.

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    O Ministério da Saúde elaborou um manual para profissionais da saúde sobre as características da síndrome do envelhecimento precoce bucal (Ilustração: Laura Luduvig/Estúdio TIgre | Foto: Adobre Firefly/Veja Saúde)

    Refluxo e má alimentação envelhecem os dentes

    “O refluxo gastroesofágico é também um fator importante, ligado ao estresse e às vezes subdiagnosticado”, ilustra Rodrigo Beltrão, professor do curso de especialização em implantodontia da Sociedade Brasileira dos Cirurgiões-Dentistas (Sobracid).

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    Nesse caso, os ácidos do estômago que podem chegar até a boca tendem a acelerar o desgaste dental. Na realidade, fora o refluxo, outras situações podem deixar o pH bucal mais ácido e acelerar o envelhecimento dos dentes.

    O consumo de alimentos e bebidas com essas características é uma delas. Além de refrigerantes e sucos artificiais, até mesmo produtos que fazem parte de uma rotina supostamente saudável podem conspirar contra os dentes.

    É o caso de whey protein, isotônicos e os famosos shots de imunidade à base de frutas cítricas.

    Soa um tanto paradoxal mesmo: algumas atitudes recomendadas em prol do bem-estar podem, inadvertidamente, respingar negativamente nos dentes. E isso só reforça a necessidade de tomar certos cuidados e manter as idas ao dentista.

    + Leia também: O jeito que você usa creatina pode acabar prejudicando seus dentes

    Cuidado na hora de treinar!

    Um dos hábitos sempre defendidos que chegam a ter efeitos colaterais na boca é a atividade física. “Pessoas que fazem exercícios intensos ou com muito peso tendem a travar muito a mandíbula durante o esforço, o que acarreta trincas dentais às vezes invisíveis a olho nu”, expõe Gobor.

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    E isso para não falar dos esportes de contato, que levam a fraturas dentais bem mais óbvias. Essa tensão física sobre os dentes, aliás, aparece como um dos aspectos mais críticos da síndrome do envelhecimento bucal — inclusive fora das quadras e das academias.

    O “apertamento” dental é uma das principais causas de desgaste crônico da arcada. E ele pode ocorrer durante o sono, como no bruxismo, mas também durante as aulas e o trabalho.

    É o chamado bruxismo de vigília, que se manifesta quando estamos acordados e traz tantos danos como o tipo noturno — em ambas as situações, placas protetoras podem resguardar os dentes.

    Os principais inimigos dos seus dentes

    Só não se engane: embora a síndrome também acometa quem mantém hábitos saudáveis, ela não poupa aqueles que já se entregam a costumes contraindicados.

    Pelo contrário, o álcool e o cigarro, incluindo os vapes que se popularizaram entre os jovens, só acrescentam um novo mal à sua extensa lista de problemas. 

    A lista dos fatores de risco para a síndrome do envelhecimento precoce bucal pode soar um tanto desanimadora, especialmente se você já se engaja em uma vida mais equilibrada.

    Mas a ótima notícia é que, sim, existem medidas para frear ou ao menos mitigar esse fenômeno que, digamos, altera a idade biológica dos dentes. E esse é um trabalho que depende inclusive de uma parceria entre o paciente e seu dentista.

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    Os principais fatores que influenciam a idade dos seus dentes (Ilustrações: Laura Luduvig/Estúdio TIgre/Veja Saúde)

    + Leia também: Cigarros eletrônicos são um perigo para a saúde bucal

    Como tratar a síndrome do envelhecimento precoce bucal?

    “É importante reconhecer a existência da síndrome, saber os sinais dela e atacá-la mais cedo”, afirma Santos. Trata-se, principalmente, de adequar os cuidados que você toma hoje a esse novo conceito. Como é algo que vai além da limpeza, é fundamental que se investiguem, em primeiro lugar, os motivos do desgaste dental.

    Às vezes, o erro reside na própria escovação: ela é indispensável, mas tem de ser feita sem mão pesada e com uma escova de cerdas macias, que agridem menos a dentição. De preferência, vale também esperar de 20 a 30 minutos após uma refeição para fazer essa faxina. Assim você evita a dispersão do conteúdo ácido da alimentação e dá tempo de a própria saliva começar a neutralizar o pH da boca.

    Algumas pistas indicam que o envelhecimento bucal está dando as caras antes do esperado. “Sob o esmalte claro dos dentes, fica a dentina, que é mais amarelada.

    Quem desgasta os dentes, inclusive na escovação, pode deixar a dentina mais exposta, com a cor de um dente envelhecido”, descreve a cirurgiã-dentista Denise Tibério, presidente da Câmara Técnica de Odontogeriatria do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp).

    Também não é o caso de deixar de fazer exercícios em nome dos dentes. Pelo contrário.

    “O exercício ajuda a aliviar o estresse, que é um dos fatores por trás dessas lesões dentais”, ressalta Tibério. “Para prevenir o desgaste relacionado à atividade física, é possível usar uma placa ou um mordedor, que protegem a dentição do apertamento”, recomenda a especialista.

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    Escovação adequada previne o problema (Ilustração: Laura Luduvig/Estúdio Tigre | Foto: Adobre Firefly/Veja Saúde)

    Complicações do envelhecimento precoce

    Aliás, os danos cumulativos à arcada dentária que culminam na tal da síndrome também podem abrir brechas para problemas mais conhecidos — e não apenas as cáries. “Toda essa alteração na cavidade bucal aumenta o risco das doenças periodontais”, avisa Cortelli.

    Ao deixarem os dentes e seus arredores mais frágeis e expostos à placa bacteriana, os micro-organismos podem despertar um processo inflamatório que ataca a gengiva e, depois, os tecidos da vizinhança, uma encrenca chamada periodontite e que pode levar a uma boca desfalcada.

    + Leia também: Já parou para pensar que seus dentes também envelhecem?

    Como prevenir o problema?

    Para garantir que os dentes tenham vida longa, portanto, não dá para abrir mão da higiene rigorosa, assim como das consultas regulares ao dentista — no mínimo, uma vez ao ano.

    “Até porque, sozinho em casa, sem procurar ajuda profissional, é muito difícil reverter esse quadro de envelhecimento precoce bucal”, afirma Cortelli.

    Contar com uma orientação especializada faz toda a diferença inclusive porque a abordagem precisa ser individualizada, levando em consideração a rotina de cada paciente.

    “Se a pessoa faz uso de um remédio para ansiedade que altera a salivação, por exemplo, pode ser necessário conversar com o psiquiatra se não há uma medicação alternativa sem esse efeito colateral”, exemplifica Santos.

    Se as trincas têm relação com o exercício, talvez seja o caso de discutir com seu personal uma mudança no regime de treinos, que não deixem a mandíbula tão travada. Ou, em outros casos, procurar um médico para tratar o refluxo.

    Como a síndrome tem origens variadas, preveni-la ou minimizar seus impactos também costuma exigir um plano de ação que vai além da cadeira do dentista. Por isso, não há tempo a perder.

    Para ostentar um sorriso longevo, é preciso revisar a rotina e checar, com o apoio dos entendidos, o que pode ser mudado ou ajustado — do remédio ao treino! Afinal, ninguém quer ficar velho antes da hora. Muito menos os dentes. 

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