Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Continua após publicidade

O que é obstrução intestinal? Entenda o quadro que acomete Bolsonaro

O presidente está internado para tratar o problema, que pode ser uma complicação de cirurgias no intestino, como as que ele precisou fazer nos últimos anos

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 16 jul 2021, 12h53 - Publicado em 15 jul 2021, 15h51

Depois de ser internado com dores abdominais e uma crise de soluço persistente, o presidente Jair Bolsonaro recebeu o diagnóstico de suboclusão intestinal, no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo/SP. A informação foi confirmada pela Rede D’Or, administradora da instituição.

O quadro acontece quando há uma barreira dificultando a passagem de fezes e gases pelo interior do órgão. Já a obstrução intestinal, antes noticiada, é uma interrupção total do fluxo.

Ambas as situações são relativamente frequentes em pessoas que passaram por cirurgias abdominais, como é o caso do presidente, que já foi submetido a quatro operações relacionadas ao atentado sofrido em 2018.

Além disso, problemas como câncer de intestino, sangramentos, doenças inflamatórias intestinais e diverticulite aguda podem travar o trânsito local.

A obstrução ocorre em diversas regiões do órgão. “Ela se dá no intestino delgado, o mais fino, onde acontece a absorção dos alimentos, ou no grosso, onde são formadas as fezes”, explica o gastrocirurgião Eduardo Grecco, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).

Queixas mais brandas, como infecções intestinais, também podem evoluir desse modo, comenta Fábio Guilherme Campos, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O mais comum, contudo, é que o entupimento surja como complicação pós-operatória, mesmo que meses ou anos após o procedimento.

“Há uma chance média de 10% de desenvolver esse quadro ao longo da vida depois de cirurgias de laparotomia [intervenção que exige a abertura do abdômen]. Quanto mais invasivo for o procedimento, maior a probabilidade de aparecerem aderências no intestino, causando a obstrução”, explica Campos.

Continua após a publicidade

A aderência é a formação de um tecido fibroso durante o processo de cicatrização que pode conectar duas partes do intestino ou criar um ângulo muito fechado no interior do órgão. Cortes da cirurgia ainda podem criar hérnias, que também provocam a obstrução. “É como dobrar uma mangueira de tal forma que o fluxo da água seja interrompido”, ilustra o professor da USP.

Leia também: Alimentos que favorecem o funcionamento do intestino

Soluços e outros sintomas da obstrução

Quando o intestino está bloqueado, o paciente não consegue evacuar nem liberar gases. Isso provoca vômitos, enjoo, estufamento da barriga, dores abdominais e também um soluço mais persistente – o de Bolsonaro, segundo ele próprio, durava ao menos dez dias.

Trata-se de um sintoma mais tardio. “Ele aparece quando o estômago já está cheio de líquidos e a pessoa chega a ter dificuldades para conseguir engolir a saliva. Nessa situação, o estômago fica distendido e há refluxo, que gera o soluço”, esclarece Campos.

O soluço é uma contração involuntária do diafragma, músculo que fica entre os pulmões e o estômago. “Por isso, ele também ocorre após comer muito rápido ou consumir alimentos pesados e gasosos à noite, o que irrita esse músculo e aumenta o volume do abdômen”, explica Grecco.

Como ocorreu com o presidente, nessa situação é preciso colocar uma sonda nasogástrica (no nariz) para reduzir a pressão nos órgãos e eliminar líquidos e secreções.

Continua após a publicidade

Tratamento conservador e cirurgia

Não é raro ter que fazer uma cirurgia para liberar o trânsito intestinal. Antes disso, contudo, o médico toma providências como submeter o indivíduo a tomografiaraio-x, que auxiliam na decisão sobre a intervenção, e iniciar outras medidas terapêuticas. “A pessoa fica em jejum, é hidratada, recebe glicose na veia, coloca sonda nasal para aliviar a pressão e usa medicações anti-inflamatórias”, explica Grecco.

O principal sinal de melhora é o paciente conseguir voltar a evacuar. “Esse é um momento de decisão importante, onde o profissional avalia se irá ou não operar e a hora certa para isso, para não complicar ainda mais o problema”, avalia Campos.

Na cirurgia, os médicos vão primeiro analisar a real causa da obstrução. “Pode ser preciso desgrudar as alças do intestino ou, se houver alguma complicação, até tirar parte do órgão onde está o problema. A partir daí, é comum ficar internado entre cinco e dez dias para reintegrar a dieta aos poucos”, esclarece Grecco.

Depois da intervenção, a pessoa deve seguir uma alimentação rigorosa e ter acompanhamento médico, pois a encrenca pode voltar. Ainda não se sabe, contudo, se Bolsonaro será operado.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.