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O que é escoliose? Conheça causas, sintomas e tratamentos

A maioria dos casos é de origem desconhecida, mas há influência genética e condições associadas. E nem sempre é preciso operar para resolver

Por Larissa Beani
Atualizado em 26 jun 2023, 15h40 - Publicado em 26 jun 2023, 13h55
escoliose-coluna
Ilustração médica em 3D de uma coluna que aparesenta escoliose (Scientific Animations/Wikimedia Commons/Divulgação)
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Postura mais inclinada para um dos lados, ombros e pelve desalinhados, assimetria. Estes são alguns sinais da escoliose, um dos mais comuns desvios da coluna vertebral.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 4% da população mundial pode ter escoliose. A condição costuma aparecer a partir dos 10 anos, é mais comum em adolescentes do sexo feminino e a maioria dos quadros não têm causa conhecida.

A escoliose é diagnosticada quando a coluna tem uma inclinação superior a 10º no eixo frontal do corpo. Pessoas com esse desvio podem ter a espinha dorsal em formato de S ou C.

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Muitas vezes, essa alteração na postura faz com que o problema seja facilmente notado. Felizmente, pode ser facilmente corrigido também.

“Casos cirúrgicos são a minoria. A maioria deles são simples de tratar e não necessariamente trarão consequências no futuro”, afirma Rafael Sugino, ortopedista e cirurgião de coluna do Instituto Vita (SP).

O que determinará a qualidade de vida no futuro é o diagnóstico e manejo corretos. Por isso, foi criado o Dia Internacional da Conscientização sobre a Escoliose, sempre comemorado no último sábado de junho. No Brasil, a campanha Junho Verde tem o mesmo objetivo.

A seguir, conheça mais detalhes sobre as causas, sinais e tratamentos desse desvio de coluna.

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Causas da escoliose

Nos últimos anos, problemas de coluna nos jovens têm sido associados aos maus hábitos da vida moderna, como a falta de atividade física e o excesso de tempo diante das telas. 

De fato, comportamentos sedentários podem contribuir para a progressão da escoliose e devem ser evitados por pacientes com a condição. No entanto, eles não figuram na lista de principais causas deste desvio.

Na verdade, estima-se que 80% dos casos de escoliose não tenham causa conhecida. É a chamada escoliose idiopática.

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“Sabe-se que a genética e o histórico familiar são relevantes para seu desenvolvimento, mas mais estudos são necessários para determinar as causas exatas”, afirma Christina Brito, fisiatra e coordenadora médica do Serviço d​e Reabilitação​ do Hospital Sírio-Libanês​ (SP).

Sobre a hipótese genética, ao que a ciência indica, a escoliose não seria desencadeada por alterações em um único gene, mas em um conjunto deles.

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Analisando a literatura médica sobre o assunto, uma equipe internacional de pesquisadores identificou 908 genes associados à condição. A conclusão foi publicada em julho de 2021, no periódico Genes.

Já entre os casos que possuem causa conhecida, há os congênitos, sindrômicos e neuromusculares.

A escoliose congênita resulta de malformação vertebral durante o período embrionário e pode ser detectada logo no nascimento. Nos casos sindrômicos, a escoliose está associada a uma síndrome rara, como a de Marfan ou a de Rett.

Por último, a escoliose neuromuscular pode ser adquirida devido a doenças neurológicas e musculares, congênitas ou adquiridas ao longo da vida, como paralisia cerebral, traumas na medula espinhal, distrofia muscular e atrofia muscular espinhal (AME).

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Tipos de escoliose

Além de classificar pela causa, a escoliose também pode ser nomeada pela parte da coluna onde há inclinação. Sendo assim, há escoliose lombar, toracolombar, torácica, cervical e combinada (quando mais de uma região da espinha dorsal é afetada).

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Também são feitas classificações por idade. A escoliose infantil surge antes dos 3 anos. A juvenil pode ser diagnosticada entre 3 e 9 anos. A escoliose do adolescente é a mais comum. Geralmente idiopática, ela dá as caras entre 10 e 18 anos de idade. 

Quadros desenvolvidos em maiores de idade correspondem à escoliose adulta.

Nesses casos, os pacientes costumam ser aqueles que passaram por cirurgia de correção na adolescência, os que não foram tratados na juventude ou ainda portadores de condições degenerativas.

Segundo a Associação Americana de Cirurgiões Neurológicos (AANS), a escoliose degenerativa costuma afetar idosos a partir dos 65 anos e ocorre com maior frequência na lombar. Ela se dá pelo desgaste de juntas e discos da coluna vertebral.

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Sinais e sintomas

Na maioria dos casos, pacientes com escoliose chegam aos consultórios médicos porque seus pais ou responsáveis notam uma mudança na postura da criança ou do adolescente.

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Outros sinais visíveis são o desalinhamento de ombros, omoplatas, mamas e quadril. Em pessoas com escoliose, uma dessas partes pode estar mais alta do que a outra.

“Geralmente, os pacientes não chegam com relatos de dor”, aponta a fisiatra Christina Brito. “A dor, aliás, é sempre um sinal de alerta, pois pode ser causada por outras condições.”

Também em casos graves, a deformação na coluna pode comprometer o funcionamento dos órgãos da caixa torácica, levando a problemas cardiorrespiratórios.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito com exame físico, radiografias e levantamento do histórico familiar do paciente.

Os exames de raio-X são usados para medir o ângulo de Cobb, que determina o grau da inclinação na coluna, e também ajudam a determinar o grau de maturidade óssea da pessoa. 

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“Pacientes em fase de crescimento estão em um momento crítico de maior progressão dessa curva. É nesse período que a intervenção terapêutica fará diferença”, explica Brito.

Tratamentos para escoliose

O tratamento é indicado de acordo com a inclinação de cada paciente. Ângulos de 10º a 20º graus requerem monitoramento, exercícios físicos para fortalecimento muscular e reeducação postural.

Os exercícios, aliás, são recomendados a todos os pacientes com escoliose — bem como à toda a população. A OMS indica que jovens de 5 a 17 anos façam uma hora de atividade física por dia.

“Práticas que trabalhem a dupla lateralidade [os dois lados do corpo], como o pilates, são as ideais”, cita Brito. “É muito importante investir no fortalecimento do tronco e dos músculos extensores dorsais e estabilizadores lombares [que ficam na região das costas]”.

Outras modalidades não são condenadas, mas é preciso acompanhar cada caso para avaliar como os treinos estão contribuindo para o quadro. Os especialistas, inclusive, lembram que pessoas com escoliose podem ter performances muito boas nos esportes.

Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo, é um exemplo de quem conseguiu superar limites da condição com o tratamento adequado”, cita Sugino, que também é ortopedista da Confederação Brasileira de Judô e pós-graduado em medicina do esporte e educação médica.

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Já para inclinações de 20º a 40º, é recomendado também o uso de colete, um acessório que é muito eficaz, mas causa grande impacto na rotina dos pacientes, já que não é muito confortável e deve ser usado por longos períodos.

Um estudo do Instituto Nacional da Saúde dos Estados Unidos (NIH), publicado em 2013 no New England Journal of Medicine, mostrou que usar o colete diariamente por mais de 13 horas pode melhorar de 90% a 93% dos quadros de escoliose.

Para curvas a partir de 40º ou 45º, a depender do quadro clínico, a intervenção cirúrgica pode ser recomendada.

Cirurgia para escoliose

A abordagem cirúrgica mais tradicional é a artrodese da coluna vertebral. O procedimento consiste em fundir,com a ajuda de parafusos e hastes, vértebras e articulações para diminuir a mobilidade da curva da escoliose e tornar a coluna reta. É uma cirurgia de grande porte e a recuperação do paciente leva cerca de um mês.

Novas técnicas, porém, estão sendo desenvolvidas nos Estados Unidos e na Europa sem se basear na fusão de vértebras. “Elas tentam preservar os movimentos das articulações e torná-los mais funcionais. Isso pode diminuir, no futuro, a sobrecarga em diferentes níveis da coluna, como ocorre a longo prazo na artrodese”, explica Sugino.

+ Leia também: Novas abordagens cirúrgicas para a dor na coluna

Além disso, a recuperação dos pacientes pode se dar na metade do tempo e a quantidade de sangue perdido durante a cirurgia chega a ser 90% menor.

No Brasil, essas abordagens ainda não estão disponíveis, pois precisam ser avaliadas pela Anvisa. Ainda assim, os resultados observados no exterior são promissores e podem, no futuro, ser novas alternativas de tratamento para pacientes brasileiros.

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