De onde vem o herpes-zóster?
Veja as causas e como é feito o tratamento dessa infecção comum na terceira idade, cuja incidência aumentou na pandemia
Estima-se que até um terço da população acima dos 75 anos possa apresentar o herpes-zóster, também conhecido como cobreiro, que faz pipocarem lesões na pele e provoca dores intensas, mesmo depois que vai embora. Veja como o problema aparece e como lidar com ele:
Quem é o culpado?
Na infância, quase todos temos contato com o vírus varicela-zóster, causador da catapora, mesmo que a doença em si e suas típicas manchas vermelhas não apareçam. Depois desse primeiro encontro, o invasor se esconde no sistema nervoso, mais especificamente nos gânglios dorsais — uma espécie de raiz dos nervos localizada na medula espinhal. Ali, o patógeno fica adormecido, controlado pelo nosso sistema imune.
O (re)despertar
Quando acontece uma queda expressiva na imunidade, seja pela idade, seja por uma doença ou por estresse, o vírus encontra um terreno fértil para voltar a se replicar. As cópias caminham dos gânglios dorsais para os nervos sensoriais, que se conectam com a pele. O processo afeta a circulação sanguínea dos arredores e dá início a uma inflamação. Daí vêm as dores típicas — nas costas, no rosto etc.
O arrastão viral
Logo, o vírus chega ao dermátomo, a zona da pele logo acima do nervo. Na derme, a inflamação faz surgirem vesículas que se assemelham a bolhas com pus, além de trazer mais dor e vermelhidão. Geralmente, essa lesão tem formato de faixa mesmo — daí seu nome popular, cobreiro — e ocorre em um só lado do corpo (direito ou esquerdo). A região da coluna, os membros superiores e a face são os locais mais atingidos.
Dias antes da lesão, podem surgir dor e sensibilidade no local. Se a pessoa for idosa, fique de olho e procure o médico assim que as bolhas pintarem. O tratamento é feito com antivirais orais. O uso de pomadas não é recomendado.
Aumento na pandemia
Tem vacina!
- Para quem?
Pessoas a partir dos 50 anos, exceto imunodeprimidos graves ou alérgicos a compostos da fórmula.
- E se eu já tive?
Deve tomar mesmo assim. A recorrência é rara, mas acontece. Só é preciso esperar cerca de três anos.
- Onde encontrar?
A dose está disponível somente em clínicas da rede particular de saúde, a um preço médio de 500 reais.
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- Como é feita?
Composta do vírus vivo atenuado, a vacina desperta a imunidade previamente adquirida na infância.
- Precisa reaplicar?
Não. O imunizante é dose única. Mas se estuda a possibilidade de uma dose de reforço nos mais velhos.
Fatores de risco
O que eleva a probabilidade de as lesões aparecerem:
- Coluna: Passar por cirurgias ou ter sofrido traumas na coluna vertebral também eleva o risco.
- Doenças: Diabetes, condições autoimunes e outros males abrem caminho para o zóster.
- Estresse: O estado emocional é ligado ao sistema imune. Períodos tensos podem levar a ataques do vírus.
- Idade: A partir dos 50 anos de idade, o crescimento do risco é exponencial. Aos 75, é mais alto.
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A dor que fica, mas poderia nem chegar
Além de causar cegueira e sequelas cerebrais, a depender do nervo acometido, uma das principais preocupações dos médicos em relação ao herpes-zóster é a neuropatia pós-herpética. “O nervo fica com uma espécie de cicatriz, o que causa dores intensas na região”, conta a médica Maísa Kairalla, da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
O quadro compromete a qualidade de vida e é atenuado com o uso de medicamentos específicos. Pode durar meses para se resolver ou até se tornar crônico. Quanto mais cedo o tratamento começa, melhor. Aliás, a prevenção da dor é mais um motivo para tomar a vacina. “Um dos principais objetivos dela é reduzir o risco dessa complicação”, aponta Maísa.
Fontes: Moacyr Silva, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein (SP); Egon Luiz Rodrigues Daxbacher, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)