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Como calcular o IMC? Entenda para que serve esse índice

O índice de massa corporal dá uma dica de como está a saúde, mas não responde todas as dúvidas. Conheça suas limitações e outras possíveis ferramentas

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 19 dez 2022, 17h13 - Publicado em 14 dez 2022, 18h08
como calcular o IMC
O IMC não deve ser entendido como meta a ser alcançada, mas serve de apoio para avaliação do estado de saúde.  (Foto: Kenny Eliason/Unsplash/Divulgação)
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O cálculo do índice de massa corporal (conhecido pela famosa sigla IMC) é feito a partir do peso dividido pela altura ao quadrado. A ideia é que o resultado indique se uma pessoa está muito magra, com peso adequado ou acima do peso.

A mesma continha vale para homens e mulheres, então não tem esse papo de IMC feminino ou masculino. Também não há um cálculo infantil. É que a fórmula não é indicada antes dos 18 anos, já que é preciso considerar outras variáveis, como o ritmo de crescimento.

Profissionais de saúde apontam, porém, que o resultado do IMC deve ser encarado com cautela.

Saiba mais detalhes sobre esse índice, como ele surgiu e outras formas de investigar a relação entre as medidas do corpo e a saúde.

Como calcular o IMC?

A fórmula pede para dividir o peso, em quilos, pelo valor da altura, em metros, ao quadrado.

Por exemplo: se sua altura é 1,63 m e o peso, 80 quilos, a conta é assim…

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1,63 m x 1,63 m = 2,65
80 kg / 2,65 = 30

O resultado é avaliado com base na seguinte tabela:

  • Até 18: Abaixo do peso
  • 18 a 24: Normal
  • 25 a 29: Sobrepeso
  • 30 e 34: Obesidade
  • 35 e 40: Obesidade grau 2
  • Acima de 40: Obesidade Mórbida

Como surgiu o IMC? Ainda devemos confiar nele?

Esse cálculo foi inventado há quase dois séculos pelo matemático belga Adolphe Quetelet (1796-1874). Por isso, na época, a fórmula foi chamada de Índice de Quetelet e era mais utilizada para investigar populações, e não para avaliações individuais.

“Se eu pegar um grupo e aplicar a fórmula, teremos 80% de chance de ter um dado confiável sobre essa população”, explica Adriano Segal, médico responsável pela Psiquiatria do Ambulatório de Obesidade e Síndrome Metabólica do Serviço de Endocrinologia do Hospital das Clínicas da USP, em São Paulo, e diretor de Psiquiatria e Transtornos Alimentares da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso).

Cabe destacar que o inventor belga não era médico nem tinha a pretensão de criar uma fórmula para avaliar a saúde de uma pessoa. Até porque a obesidade não era vista como uma doença no século XVIII. “Ao contrário: era até desejada. Não havia a preocupação com IMCs mais elevados”, observa Segal.

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Só nos anos 1970 a fórmula ganhou o nome de “índice de massa corporal”, o IMC. Referendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ele se mantém importante, mas é preciso colocar algumas questões em perspectiva.

Segundo médicos, o IMC não deve ser encarado como definidor do estado de saúde de uma pessoa ou servir de meta a ser alcançada. Afinal, ele é só um número – como o nosso próprio peso.

“Quando subimos na balança, não sabemos se estamos pesando massa magra, gordura ou se o número ali é reflexo de alguns copos de água que acabamos de tomar”, justifica Segal.

+ Leia também: Será o fim do IMC?

Assim como a balança, o IMC não diferencia a massa magra da massa gorda. Assim, uma pessoa musculosa pode acabar erroneamente enquadrada como obesa.

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E, mesmo que o indivíduo não seja fortão, o IMC não é capaz de identificar se o tipo de gordura é visceral, aquela que se acumula nas camadas mais profundas do abdômen e é considerada mais danosa à saúde.

“O IMC não é adequado a todos os quadros”, resume a endocrinologista Maria Edna de Melo, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia de São Paulo (Sbem-SP).

A interpretação do IMC muda conforme a etnia?

Sim, por causa de características metabólicas, da influência do meio ambiente e de estilo de vida. Um estudo avaliou a relação do IMC com o risco de doenças cardiovasculares em 54 418 habitantes do Havaí de diferentes origens.

Foi observado, então, que o risco de desenvolver hipertensão e hiperlipidemia [altos níveis de gordura no sangue] era diferente entre asiáticos, brancos e nativos havaianos, ainda que os indivíduos tivessem um IMC semelhante.

Outros estudos já levantaram essa questão. “Afrodescendentes podem estar bem com IMC maiores, por exemplo, enquanto asiáticos podem estar com excesso de gordura, mesmo com IMCs menores. Por isso, há tabelas para otimização das faixas de normalidade de acordo com as etnias”, esclarece Segal.

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O que fazer com o resultado do IMC?

Entenda esse dado como um primeiro sinal. “Aproveite para refletir se a alimentação está adequada, contando com boas porções de frutas, verduras e legumes e uma quantidade reduzida de produtos ultraprocessados. Além disso, observe se a prática de atividade física está regular”, aconselha Maria Edna.

Quando tudo parece estar correto, e o peso continua a decolar, é hora de buscar ajuda.

Que outros cálculos podem ser feitos para avaliar a composição corporal?

Estudiosos americanos criaram, em 2011, o índice de adiposidade corporal (IAC), que usa a circunferência do quadril e a altura da pessoa.

Para Maria Edna, essa fórmula é pouco utilizada pelo público comum porque é complexa. É chatinho mesmo, veja:

IAC
(Divulgação/SAÚDE é Vital)

O resultado será uma porcentagem que deve ser avaliada em uma tabela que também tem a idade como referência. Há alguns sites que ajudam a fazer esse cálculo no automático, todos em inglês.

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“Ele é útil, mas também tem pontos críticos. Pessoas de baixa estatura, por exemplo, podem ter um índice maior sem que isso represente necessariamente um excesso de adiposidade. A exemplo do IMC, o IAC deve ser usado como um recurso, e não como um marcador definitivo”, defende Segal.

Há ainda as fórmulas que consideram a circunferência do pescoço ou cervical, do abdômen e do quadril.

No caso do pescoço, o ideal é que a medida máxima para homens seja de até 37 cm e, para mulheres, até 34 cm. No entanto, se os números ficarem em até 39,5 cm e 36,5 cm, respectivamente, o risco à saúde ainda é considerado baixo.

A circunferência do pescoço aumentada pode estar associada a algumas doenças, como síndrome da apneia obstrutiva do sono e obesidade, mas, a exemplo do IMC, não serve de diagnóstico sem outros exames.

Há também a RCQ: relação cintura-quadril. Aqui, é preciso dividir a circunferência da cintura pela do quadril. Uma cintura de 65 cm e um quadril de 90 cm daria, por exemplo, um índice de 0,72.

Quando a RCQ dá um número maior que 1 para homens, e maior que 0,85 para mulheres, aí se considera que o indivíduo apresenta um alto risco para doenças associadas à obesidade.

Os médicos reforçam, de novo, que essa é só mais uma forma de avaliar o estado de saúde. Isto é: sozinhos, esses números costumam representar pouco.

Há métodos mais modernos de análise?

Sim. O exame de bioimpedância, por exemplo, vale-se de uma balança especial que escaneia o corpo e dá detalhes sobre aspectos como massa óssea, gordura, músculos e água. É possível realizá-lo em academias, clínicas de saúde e laboratórios.

“Essas máquinas custam dezenas de milhares de reais”, lembra Segal. Por isso, trata-se de uma ferramenta pouco acessível à população em geral.

A verdade é que todos esses números (obtidos por meio de calculadoras ou testes modernos) devem ser analisados juntamente com outros vários fatores para dar um panorama certeiro da composição corporal. E essa interpretação depende de um profissional de saúde.

Mas, claro, ninguém precisa esperar para melhorar a alimentação e dar início à prática de exercícios, hábitos decisivos para a manutenção da saúde.

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