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4 destaques sobre diabetes do Endodebate

VEJA SAÚDE pinçou grandes discussões desse evento prestigiado, de uma possível cura para o diabetes tipo 1 até remédios que evitariam a doença

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 29 ago 2022, 14h25 - Publicado em 18 jul 2022, 16h00
diabetes
Estudos que buscam aperfeiçoar o tratamentos dos dois tipos de diabetes e até, quem sabe, buscar a cura, são temas de discussão no encontro chamado endodebate (Foto: Towfiqu barbhuiya/Unsplash/Divulgação)
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Endocrinologistas e outros profissionais de saúde se reuniram recentemente em um evento científico anual para discutir as principais novidades sobretudo nas áreas de obesidade e diabetes. Trata-se do Endodebate.

VEJA SAÚDE acompanhou o evento e trouxe os principais destaques, que vão de novos medicamentos para melhorar a qualidade de vida de quem sofre dessas doenças até promessas de cura para o diabetes tipo 1, passando por métodos preventivos. Confira:

1) Transplante de ilhotas é a cura para o diabetes tipo 1?

Essa técnica, que já vem sendo testada há anos, voltou a ganhar destaque por causa de uma reportagem do jornal americano The New York Times, publicada no fim de 2021. Nela, relata-se o caso de um homem “curado” do diabetes tipo 1 com esse método. Mas muita calma antes de cantarmos vitória!

Começando pelo o que é o diabetes tipo 1: trata-se de uma doença autoimune, na qual o próprio sistema imunológico ataca células do pâncreas, o órgão que produz insulina. Sem esse hormônio, o corpo não consegue aproveitar a glicose como fonte de energia, e começa a definhar.

+ Leia também: O que é diabetes tipo 1: sintomas, tratamento, exames e complicações

O diabetes tipo 1, assim como o tipo 2 (mais ligado a um estilo de vida não saudável), não tem cura. Os pacientes costumam aplicar doses de insulina e outros medicamentos, além de acompanharem a glicemia com exames.

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Mas tempos atrás pesquisadores tiveram a ideia de produzir as  chamadas Ilhotas de Langherans a partir de células-tronco. O nome é complexo, mas essas são células do pâncreas que produzem a insulina. E começaram a tentar infundir essas ilhotas nos indivíduos com diabetes tipo 1 – daí o nome “transplante de ilhotas”.

O problema é que, em geral, não adianta só repor essas células. Ora, o organismo da pessoa com diabetes tipo 1 está programado para atacá-las, lembra?

“O ideal seria, então, encapsular essas ilhotas de alguma forma para que sejam preservadas”, esclarece Carlos Eduardo Barra Couri, endocrinologista e pesquisador da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).

A isso se dá o nome de transplante de ilhotas encapsuladas. Esse pulo do gato, no entanto, ainda está em estudos.

O homem que serviu de exemplo na reportagem americana, aliás, recebeu apenas as ilhotas produzidas a partir de células-tronco, sem esse encapsulamento. “Para preservar os benefícios, ele deverá tomar remédios imunossupressores para o resto da vida. A ideia das ilhotas encapsuladas é não depender mais de tratamento”, diferencia Couri.

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Mesmo com essa medicação em curso, o americano Brian Shelton diz com felicidade que está experimentando uma vida nova. Ele deu seu depoimento seis meses depois do procedimento, mas ainda está sendo observado por médicos e pesquisadores.

Os testes clínicos com as ilhotas já encapsuladas ainda não começaram.

2) Pesquisadores brasileiros iniciam estudo de prevenção a diabetes do tipo 1

Um estudo 100% brasileiro será iniciado em breve na Universidade Federal do Ceará. Durante dois anos, o uso da molécula alogliptina será testado como forma de evitar o diabetes tipo 1 em voluntários com predisposição a desenvolvê-lo.

“Hoje, há evidências modestas de que essa substância é benéfica a quem já está com a glicemia alterada”, afirma Renan Montenegro, endocrinologista, professor e pesquisador da Faculdade de Medicina e do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (EBSERH).

+ Leia também: Novo medicamento marca uma nova era no tratamento da obesidade

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A alogliptina é comercializada há 15 anos contra a diabetes tipo 2 e serve para manter a glicemia em equilíbrio. O medicamento é um inibidor da enzima DPP-4, que age nos hormônios GLP e GIP, que controlam o açúcar no sangue.

Mas ela não faz só isso. Foi se percebendo, ao longo dos anos, que o medicamento também interfere no sistema imunológico, que ataca o pâncres no caso do diabetes tipo 1, como mencionamos antes.

“Esperamos que a molécula, no mínimo, atrase o surgimento do diabetes 1 nesse grupo com predisposição”, explica Montenegro. O estudo é conduzido por Montenegro com Jaquellyne Penaforte-Saboia, também endocrinologista e pesquisadora da Faculdade de Medicina e do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará.

3) A caminho da aprovação: remédio que previne insuficiências renal e cardíaca em diabéticos

Pessoas com diabetes tipo 2 correm mais risco de enfrentar mazelas cardíacas e renais. Mas um novo medicamento promete dar uma mão na prevenção dessas doenças. “A finerenona deve ser aprovada e lançada até o início do ano que vem no Brasil”, estima Couri.

O remédio bloqueia o receptor mineralocorticoide, que, em parceria ao hormônio aldosterona, tem influência contra inflamações, principalmente no músculo cardíaco e nos rins. “Há dois estudos que comprovam menos eventos cardiovasculares após o uso do remédio, e até um controle na evolução de pessoas com insuficiência renal”, explica Couri.

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Já existem outros fármacos que agem dessa forma, segundo Couri. No entanto, as últimas novidades nessa seara aconteceram no início dos anos 2000. “A finerenona pode ampliar o arsenal que temos no trabalho de prevenção”, defende o médico.

4) Anticoncepcionais no contexto do diabetes

O Endodebate também discutiu os demais papeis que a pílula anticoncepcional pode ter na saúde da mulher, além de prevenir a gravidez. Há quem use alguns tipos de anticoncepcional para tentar melhorar a oleosidade da pele e dos cabelos, reduzir a acne e os pelos mais incômodos – aqueles que surgem no rosto, por exemplo.

+ Leia também: Anticoagulantes, diabetes e doenças cardíacas: uma questão de dose

Além desses pontos, estudos relacionam métodos contraceptivos ao diabetes. Veja: temos um leque grande de anticoncepcionais, que agem em hormônios diferentes, com efeitos distintos no organismo. Nesse sentido, há opções que podem aumentar a glicemia, e com isso complicar o diabetes, enquanto outras têm efeito contrário.

“Não podemos afirmar que há uma pílula anticoncepcional que previne o diabetes, mas ela pode colaborar com algumas mulheres”, afirma Cristiano Barcellos, endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).

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Segundo o médico, a prescrição de um anticoncepcional em mulheres com diabetes pede uma avaliação pormenorizada. É necessário investigar doenças anteriores, fatores genéticos, estilo de vida e por aí vai para então verificar qual o melhor caminho. A glicemia e o diabetes são um ponto nessa equação, mas não o único.

Nesse quesito, cabe destacar a síndrome dos ovários policísticos, tratada frequentemente com anticoncepcionais. “Há um estudo dos anos 1990 apontando que meninas diagnosticadas com ovário policísticos terão o um risco 700% maior de diabetes no futuro“, afirma Barcellos.

Ou seja, ao conter essa doença, por consequência a mulher se afasta do diabetes. E não só. “Fazendo esse controle, também conseguimos agir na pressão alta, no colesterol e reduzir o risco de infarto”, complementa o médico.

Para saber mais, o indicado é levar essa conversa para o consultório e avaliar riscos e benefícios do tratamento. Até porque anticoncepcionais, claro, impedem a gravidez.

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