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Pé (e suor) na areia – a moda dos esportes de praia

Os esportes praticados na areia se popularizam junto às arenas que se multiplicam pelo país. Saiba as vantagens e os cuidados ao praticá-los

Por Maurício Brum, Fernanda Simoneto e Valentina Bressa (reportagem e texto) | Yann Valber (ilustração) | Siamo Studio (design)
27 jun 2023, 13h51
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  • Short, camiseta, protetor solar, óculos escuros e pé na areia… Só falta o barulho das ondas. Não é preciso mais morar na praia para praticar vôlei, futevôlei, beach tennis ou simplesmente treinar em um terreno à la beira-mar.

    A praia vai até você nas arenas esportivas que se espalham em cidades brasileiras, perto ou longe da costa. Só na capital paulista já são pelo menos 250 espaços de beach tennis em funcionamento, segundo a confederação brasileira da modalidade.

    No estado inteiro, são mais de 700. E o movimento se repete pelo país, com uma explosão de praticantes não só dessa atividade em alta como de outras em ascensão, além dos circuitos de exercícios ao ar livre — com direito a água de coco no final.

    Um dos atrativos é a facilidade de começar a praticar esses esportes, que misturam diversão com queima calórica e ganhos à saúde, sem exigir tantos equipamentos.

    “São modalidades que podem ser adotadas por todo mundo, em qualquer faixa etária”, diz a educadora física Edineia Ribeiro, da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde (SBAFS).

    “E o benefício maior talvez esteja relacionado ao próprio aspecto mental, ao prazer de estar realizando um esporte em ambiente aberto”, continua a também professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

    +Leia Também: O mundo dos estúdios fitness

    Os deslocamentos na areia ainda envolvem particularidades que não deixam de ser um chamariz. A superfície irregular exige mais esforço para correr e fazer movimentos básicos. Isso se traduz em mais empenho dos músculos e maior gasto de energia.

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    Por tantos atributos, as atividades com cara praiana já vinham em escalada nos últimos anos. Porém, foi com a pandemia que o interesse decolou.

    O período de isolamento, a busca por espaços ao ar livre e o aspecto lúdico criaram um combo perfeito para quem não podia frequentar mais academias e quadras fechadas.

    Quem surfou essa onda foi o beach tennis: entre 2021 e 2022, o número estimado de praticantes no país aumentou 175%, saltando de 400 mil para 1,1 milhão, segundo a Confederação Brasileira de Tênis (CBT).

    “Os iniciantes se motivam muito porque conseguem aprender e jogar logo nas primeiras tentativas, mesmo que depois possam se aprofundar e se qualificar mais para as partidas”, avalia o educador físico Rafael Pombo Menezes, professor da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto.

    Eis outro trunfo das arenas: se a rotina numa academia muitas vezes afasta quem quer sair do sedentarismo, os desafios e a socialização de um esporte coletivo podem ser um convite para aderir a uma rotina mais ativa.

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    É claro que pisar na areia não dispensa certos cuidados. Convém checar se o condicionamento e as articulações estão prontos para o esforço e se acostumar às características de um piso irregular, bem como reforçar a atenção com a proteção dos raios solares e com a higiene após os jogos — recado que vale sobretudo para praias de verdade.

    Nas próximas páginas, você vai desbravar as principais modalidades que, pertinho do mar ou em meio a um oásis urbano, atraem praticantes em busca de entretenimento e suor na camisa.

    +Leia Também: Exercícios na praia são bem-vindos, mas é preciso se preparar 

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    Dúvidas antes de entrar na areia! (Ilustração: Yann Valber/SAÚDE é Vital)

    Beach tennis

    Nascido na Itália na década de 1970, ele chegou ao Brasil em 2008 e estourou após a pandemia. Mistura princípios do tênis tradicional, do vôlei de praia e do badminton.

    O que exige e recruta

    Para cobrir toda a extensão da quadra, com 8 metros de largura por 8 de extensão, o praticante se mantém em constante movimento, o que faz com que os membros inferiores sejam bastante mobilizados.

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    O joelho é acionado para garantir o equilíbrio na areia. Já ombros e punhos são trabalhados com o uso da raquete. Em geral, o braço com que o jogador segura o equipamento é o mais exercitado.

    Pontos de atenção

    Olho vivo na instabilidade da areia. Diferentemente de pisos duros, esse tipo de terreno depende de maior força muscular para manter o equilíbrio e evitar lesões.

    Se conseguir, vale também tentar trocar o braço da raquete para não exercitar um lado só. E cuidado com a frequência: por ser uma atividade recreativa, é comum ultrapassar os limites sem se dar conta, o que leva a dores depois.

    Equipamentos

    Raquete
    Com a crescente popularização do esporte, muitos modelos foram desenvolvidos para os fãs da prática. Na hora de comprar a sua, é preciso levar em conta dois fatores principais: o peso e o encaixe na mão.

    Bola
    Apesar de parecidas, as bolinhas usadas no tênis e na versão de areia são diferentes. A pressurização é 50% menor do que na modalidade tradicional, deixando-a mais “murcha” para render o bate-bola na areia.

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    Óculos de sol e viseira
    Seja para resguardar os olhos dos raios ultravioleta, seja para evitar que a areia entre neles, o uso de viseira e óculos escuros é bastante recomendado. Invista em modelos leves, com hastes flexíveis e boa cobertura da visão.

    +Leia Também: Novo protetor solar aumenta proteção contra raios UVA

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    Proteção solar é essencial (Ilustração: Yann Valber/SAÚDE é Vital)

    Vôlei de praia

    A modalidade adaptada para as areias começou a ganhar fãs nas praias do Rio de Janeiro nos anos 1930 e arrecadou novos adeptos recentemente.

    O que exige e recruta

    Assim como ocorre no beach tennis, o vôlei de praia costuma ser disputado em duplas. Por isso, o esforço para defender seu lado da quadra é maior do que no vôlei tradicional, algo também influenciado pela resistência da areia.

    O corpo todo é trabalhado: com os movimentos dos braços, com a força para estabilizar o tronco e com os saltos e impulsionamentos para alcançar a bola.

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    Cuidados

    Além de ficar de olho na irregularidade da areia, que vale para todos os esportes nessa superfície, existem particularidades por esporte.

    Vôlei de praia e futevôlei exigem movimentos mais “acrobáticos” do que o beach tennis, por exemplo, e cobram atenção extra na hora de firmar a pisada após um salto ou chute.

    A repetição de movimentos com a perna ou braço dominante também pode causar desgastes.

    +Leia Também: Bronzeamento saudável não existe, dizem médicos

    Futevôlei

    União de duas paixões nacionais, nasceu como adaptação da pelada com a bola no alto cultivada nas praias e foi popularizada com ex-jogadores profissionais.

    O que exige e recruta

    Embora as protagonistas das partidas sejam as pernas, fundamentais para a maior parte do jogo, o futevôlei demanda agilidade, velocidade e atenção constante, estimulando os músculos de forma integral.

    Como nem sempre a bola vem à feição para jogar com o pé, os lances podem ser rebatidos ou recebidos com a cabeça e o peito. Por isso, fortalecer o tronco faz parte da busca por um melhor desempenho.

    Condicionamento

    Para equilibrar o lado dominante sobrecarregado após os jogos, a recomendação é complementar as partidas com outros exercícios que trabalhem ambos os membros.

    É preciso fortalecer não só as articulações das pernas e dos braços, mas toda a musculatura, sobretudo a abdominal, decisiva para a estabilidade nas partidas.

    Pela exigência física, vale inserir na rotina atividades aeróbicas, como ciclismo e corrida.

    +Leia Também: Os esportes campeões em lesões do joelho 

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    Cuidados com a água! (Ilustração: Yann Valber/SAÚDE é Vital)

    Circuito Funcional

    Treinos na areia viraram hit nas arenas, como alternativa aos exercícios feitos nas academias tradicionais. Mexem com o corpo todo, exigindo pulos, corridas e agachamentos.

    Agachamento

    Movido pelo próprio peso do corpo ou incrementado com halteres, ele ajuda a manter uma boa postura e a estimular os membros inferiores, fortalecendo pernas e glúteos.

    A areia pode representar um desafio para o equilíbrio, mas é possível se acostumar à instabilidade.

    Corrida

    Deslocar-se com rapidez na areia é a receita para criar resistência e fortalecer as pernas: praticantes dizem que correr no asfalto se torna até mais fácil depois de se habituar à superfície irregular.

    Exercícios de coordenação, como corridas em zigue-zague e com obstáculos, podem ser incorporados.

    Prancha e flexão

    Com foco na melhora da postura e na força no tronco e nos membros superiores, ambos os exercícios podem ser feitos com auxílio de colchonetes ou toalhas para que o solo não machuque ou suje tanto as mãos e cotovelos.

    Difícil ter um circuito completo sem prancha e flexão.

    Cuidados

    O recomendado é fazer os exercícios de pés descalços se a areia estiver fofa — exceto se for fazer uma corrida de longa distância.

    Com o esforço extra causado pela areia, é preciso ficar atento para não exagerar. Em caso de lesões, movimentos podem ser feitos de forma adaptada para auxiliar a recuperação.

    Condicionamento

    Embora os exercícios sejam similares aos da academia, os circuitos podem ser mais curtos se feitos na areia, já que o solo é uma exigência à parte.

    O ideal é intercalar dias de descanso com os dias de treino para que o organismo se recupere.

    E buscar trabalhar o corpo todo ao longo da semana.

    Benefícios

    Sair de ambientes fechados para malhar a céu aberto tem vantagens em termos de engajamento e bem-estar mental.

    O contato com outros terrenos e vistas e a socialização tendem a servir de motivação contra o sedentarismo e a melhorar a saúde emocional.

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