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Adolescentes dormiram mais e melhor durante a pandemia, aponta estudo

Dados abrem espaço para discussão sobre adaptação do horário escolar para jovens, que nessa fase tendem a ir para cama mais tarde

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 12 nov 2021, 19h03 - Publicado em 12 nov 2021, 19h01
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  • A flexibilidade das aulas online melhorou a qualidade do sono dos adolescentes durante a pandemia do coronavírus, segundo estudo conduzido na Universidade Federal do Paraná.

    A investigação começou antes do isolamento social. Em 2019, os pesquisadores Fernando Mazzilli Louzada e Jefferson Souza Santos avaliaram os padrões de sono de 1 554 adolescentes entre 14 e 19 anos. Eles tinham aulas a partir das 7h30.

    Os experts perceberam que o cochilo da tarde era uma prática comum para 58% dos entrevistados. Como essa soneca se mostrava muito prolongada na maioria das vezes, acabava atrapalhando o sono da noite. Com isso, reduzia o descanso dos jovens para uma média de sete horas, quando o mínimo ideal é de oito horas.

    Na pandemia, Louzada e Santos buscaram parte desses estudantes para fazer uma nova análise e traçar uma comparação. Eles notaram que, com a mudança na rotina, a média de sono dos adolescentes aumentou em duas horas. Já a soneca deixou de ser tão essencial: foi relatada por pouco mais de 20% deles.

    Sem a pressão de acordar cedo para se deslocar para a escola e conseguindo administrar melhor o tempo, os adolescentes puderam alinhar suas necessidades vitais com os estudos.

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    Apesar de os hábitos de sono variarem entre as pessoas – algumas são mais diurnas e outras, mais noturnas – o adolescente tem a tendência de madrugar.

    “A puberdade, os costumes mais noturnos, como o de sair com amigos, além do uso de telas à noite fazem com que a maioria dos jovens vá mais tarde para a cama”, relata Santos, que é biólogo e integra o Laboratório de Cronobiologia Humana da UFPR.

    + LEIA TAMBÉM: Sinais de depressão e ansiedade dobraram em jovens na pandemia, diz estudo

    Esse comportamento madrugador e a obrigação de despertar cedo para estudar prejudicam o desempenho escolar e contribuem para deficiências emocionais e até comportamentos de risco. “Os adolescentes passam a adotar diferentes estratégias para driblar a sonolência, como consumir cafeína, tomar bebidas energéticas e tirar cochilos inadequados”, exemplifica Santos.

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    “Essa descoberta reforça que o horário de começo das aulas desempenha papel essencial para desencadear a restrição crônica do sono em adolescentes”, completa Louzada, que é psicólogo.

    Cabe ressaltar que problema do cochilo identificado na análise é que ele passa do limite considerado saudável. Um breve descanso de até 60 minutos logo após o almoço pode, sim, ser benéfico para a concentração e a memória. No entanto, quando vai além desse intervalo e acontece próximo do período noturno, aí o hábito tende a ser prejudicial.

    Como combinar a escola com o sono adequado?

    A Fundação Nacional do Sono recomenda de oito a dez horas de descanso por dia para adolescentes, considerando aspectos cognitivos, emocionais e de saúde física.

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    Para adaptar os estudantes a essa realidade, é preciso discutir a possibilidade de um horário de início escolar mais tardio com educadores, pais e formuladores de políticas públicas.

    Com base em estudos já finalizados em outros países, a sugestão seria atrasar em uma hora, no mínimo, o começo das aulas, o que aconteceria por volta das 8h30.

    Santos entende que esse movimento está apenas iniciando. “Essas mudanças mexem com a logística das famílias, gerando transtornos. Mas novas ideias podem surgir, como a de inverter os turnos do ensino médio com o do fundamental. Afinal, as crianças mais novas dormem mais cedo e têm mais facilidade de pular da cama”, explica.

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    Louzada reconhece que o estudo tem algumas limitações, como a falta da avaliação da saúde mental desses adolescentes durante a pandemia de Covid-19. Entretanto, para ele, a função principal da pesquisa foi coletar dados que permitiram identificar mudanças nos hábitos de sono dos entrevistados nesse período.

    “Os resultados ajudaram a entender o quanto os comportamentos mudaram nesse momento atípico, e as melhorias observadas revelam a inadequação do horário tradicional de início das aulas”, afirma.

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